terça-feira, 22 de janeiro de 2008

POLÍTICA MAIS UMA VEZ

(manuel alegre)

MAIS UMA VEZ A POLITICA.


PESSIMISMO


(Artigo de Áurea Sampaio, publicado na VISÃO.)


PS é hoje um partido manso e triste, onde não há debate e quase ninguém tem opinião.

O PS é hoje um partido manso e triste, onde não há debate e quase ninguém tem opinião. Publicamente, apenas os louva-a-deus do costume se encarniçam nos encómios ao chefe enquanto o eterno Manuel Alegre solta, de tempos a tempos, um daqueles seus suspiros a favor dos pobres e da liberdade. Tudo o resto – e era muito – , o inconformismo, o gosto pelo debate e o combate à injustiça, está soterrado sob a capa opressora da maioria absoluta, em nome da qual tudo se justifica e todos se calam. E mesmo se um «exilado» vem lá de Paris clamar suavemente por menos arrogância quando se pedem sacrifícios, como fez Ferro Rodrigues na entrevista que deu à VISÃO, na edição passada, eis que surge logo o vigilante-mor do reino, o ubíquo Vitalino Canas, a dizer que a opinião do ex-líder do seu partido «é distante e não totalmente informada».

Este PS dominado pelos apparatchiki, sempre dispostos a defender o indefensável e a atacar, por vezes com grosseira sobranceria, quem se lhe atravesse no caminho, não consegue entender que vive num mundo de ilusão. Na sua alucinada imaginação, vê os portugueses felizes e agradecidos a um governo que aplica «medidas e reformas que têm de ser tomadas, que parecem [repare-se neste verbo parecer] duras e têm impacto na vida dos cidadãos (…)», segundo o arguto Vitalino.


Só que a realidade é outra e não há propaganda capaz de a escamotear. Esse exercício de distorção do real teve, aliás, há dias, um efeito de tiro de pólvora seca, aquando da realização do conselho de ministros informal. A convocatória para um domingo, o primeiro do ano, sugeria que dali poderia sair algo surpreendente e inesperado. Qual quê?!, saiu propaganda, a mesmíssima propaganda dos últimos meses. Sem nada de novo para dizer aos cidadãos – uma ideia, um projecto mobilizador, uma meta –, o Governo reuniu-se para ganhar a abertura dos telejornais e fazer o seu auto-elogio. A mesma enjoativa conversa sobre o défice, a mesma alegria pueril face aos «resultados» e a vaguíssima promessa de não estarem previstos «sacrifícios adicionais» aos portugueses.


Enquanto isso, cá fora iam sendo conhecidos os aumentos de bens essenciais como pão, leite, gás, portagens, transportes, manuais escolares, taxas moderadoras, electricidade… a contrastarem com uma previsão de inflação de 2,1%, em que cada vez menos gente acredita. De resto, e demonstrando uma suprema indiferença face ao optimismo militante do Governo, as estatísticas indicam que as expectativas dos portugueses estão nos níveis mais baixos dos últimos anos e que a confiança dos investidores vai pelo mesmo caminho. A realidade é que os pobres se sentem cada vez mais pobres e a classe média se confronta com o maior ataque de que foi alvo, desde há muitos e longos anos – sustenta o Estado e não é compensada pela qualidade dos serviços públicos, nem pela garantia de uma reforma digna. Nem no tempo da dupla Durão Barroso/Manuela Ferreira Leite se foi tão longe.

Incapazes de percepcionar isto, o Governo e o PS preferem atirar cães de fila para morderem as canelas de quem lhes dá conselhos avisados. Em circunstâncias difíceis, não há nada pior do que a arrogância. Ferro Rodrigues tem toda a razão. Talvez devessem ouvi-lo mais vezes.

MEU COMENTÁRIO.

Há uma frase no texto que me preocupa. É a informação de que os portugueses em geral e os investidores, ou seja os detentores do capital, em particular, situam-se num nível bastante baixo de expectativas.

O 25 de Abril foi há trinta e tal anos e as coisas vão de mal a pior conforme se pode observar no interior do próprio artigo. Ora para se fazer pior não era necessário fazer uma revolução.
Vejamos o problema da saúde em Portugal e como vem sendo resolvido. Mais interessante ainda é ver as habilitações académicas e profissionais do respectivo Ministro. Pois fiquem a saber que é das melhores do mundo.. Mas o Ministro falha!... Porquê?... Não se sabe mas era bom que alguém percebesse.
O governo vem falar das reformas que é preciso fazer, nos problemas da educação que é preciso resolver mas entretanto esquece-se do problema do desemprego que alastra cada vez mais.

E sem emprego não há Governo que se aguente.
João Brito Sousa

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