domingo, 13 de janeiro de 2008

O SEGUNDO SEXO


ESTUDO SOBRE Simone de Beauvoir
Simone de Beauvoir (9 de janeiro de 1908 - 14 de abril de 1986), filósofa, ensaísta e escritora francesa

UMA MULHER LIVRE.

Nasceu fez agora cem anos.

SIMONE e Jean Paul SARTRE foram colegas na Faculdade de Filosofia e foram os dois melhores alunos do curso. Foi talvez por isso que se aproximaram. Apaixonaram-se, viveram juntos mas nunca se casaram. Todavia, subscreveram um pacto, andariam por aí, sem limites, mas acabariam por manter a fidelidade conjugal

Era novidade para a época... e ainda o será hoje. Mas está aqui um modelo de vida. E será que este modelo está ao alcance de qualquer um?. È o que vamos tentar dissecar..

É importante situarmo-nos na época em que viveu Simone Aí vai uma frase sua, que talvez possa espelhar os comportamentos da época. Ei-la,

“É pelo trabalho que a mulher vem diminuindo a distância que a separava do homem, somente o trabalho poderá garantir-lhe uma independência concreta.”

Vive-se numa época em que algumas mulheres procuram a sua emancipação.

Em 1976, numa entrevista, Beauvoir dizia que as mudanças pelas quais lutara não se realizariam durante a sua vida. "Talvez daqui a quatro gerações." Que importância tem hoje O Segundo Sexo? Cem anos depois do seu nascimento, a França ainda se comove com ela.

Aí vai o nosso raciocínio sobre tal matéria..

Para muitos Simone foi a força da evidência. Foi ela que, com o seu comportamento de feminista descontruíu para sempre a natureza feminina.

A sua obra, O Segundo Sexo, Simone de Beauvoir examina a condição feminina em todas as suas dimensões: a sexual, a psicologica, a social e a politica. E propõe os caminhos que podem levar à libertação não só das mulheres como, sobretudo dos homens. E é a própria autora que afirma: "

O certo é que até aqui as possibilidades da mulher foram sufocadas e perdidas para a humanidade: já é tempo, em que seu interesse e no de todos, de deixá-la enfim correr todos os riscos, tentar a sorte".

Diz Simone: “Não se nasce mulher, se é transformado nisso.' (On ne nat pas femme: on le devient). Esta frase, pode considerar-se uma revolução no mundo feminino. Eu entendo que a mulher deve nascer mulher. Mas a mulher que quer ser mulher deverá ser ela própria a escolher o tipo de mulher que mais lhe agrada ser. Só assim será livre. Deste ponto de vista, acho que sim , não se nasce mulher. A mulher molda-se ao caminho

À pergunta, “o que é uma mulher?..”, a tendência é surgirem respostas em todas as direcções, sempre a evoluir, porque há conceitos e preconceitos que limitam o comportamento da mulher, constituindo a si própria um enorme desafio. Normalmente, esse desafio resulta em perda, por não execução, simplesmente derivado da própria mentalidade da mulher e sobretudo do ambiente familiar que desfruta e ainda do ambiente que a rodeia.

A mulher não está preparada para grandes desafios e tem ainda um mundo enorme e
desconhecido à sua frente..

Simone, e cito este parágrafo retirado do texto de Leda Tenório da Motta, “sabe que o amor é extraconjugal e, no fundo, descortês. Afinal, toda a cortesia, cujas canções estão na origem de todas as figurações românticas da paixão, nada mais é que um imenso flarte com o adultério, a julgar pelo facto de que as impossíveis senhoras em volta das quais giravam os trovadores medievais, estavam todas encasteladas e eram todas casadas! A psicanálise ensina que era justamente por isso que eram desejadas. Em suas brilhantes Contribuições à Psicologia do Amor - existem três delas -, Freud assinalou a existência de duas correntes inconciliáveis, que fazem com que o objecto a que se dirigem os sujeitos apaixonados não esteja nunca lá. A corrente terna, dos homens que amam mulheres que não desejam tanto assim carnalmente, e a corrente dos homens que desejam carnalmente mulheres a que não dedicam um amor verdadeiramente gentil.

O não casamento heróico de Beauvoir enfrenta essa tensão. Talvez por isso, como nas melhores histórias de amor, ela esteja hoje enterrada ao lado de Sartre, no cemitério de Montparnasse.”

João Brito Sousa

1 comentário:

  1. Ser Mulher

    No entendimento de Simone de Beauvoir, a mulher não nasce mulher; é convertida nisso.
    Pela mesma ordem de razão, eu direi que o homem não nasce homem; é canalizado para o ser.

    Não quero entrar na discussão de avaliar se a mulher está bem ou mal na sua actual situação social. Isso é tema para ser debatido pela mulher. Ela, melhor do que ninguém, saberá dizer como se sente, se se sente mal ou bem integrada nesta sociedade.

    Quero, isso sim, chamar a atenção para o facto de os humanos de hoje não serem livres, entenda-se senhores e donos de si próprios, não obstante o pregão político-democrático que a todo o momento se faz ouvir por tudo quanto é regime político dito democrático.

    Os condicionalismos sociais estão permanentemente mordendo os calcanhares de cada um, não permitindo leviandades, descaminhos, inversões de rumos ou prevaricações.

    Os movimentos para a chamada "emancipação da mulher" que fizeram furor no século passado visavam apenas, em meu entender, romper um "status quo" que comportava o seu relacionamento para com o homem e vice-versa. Desbravavam caminho para se chegar à igualdade entre os dois sexos.

    Hoje as mentalidades estão mudadas. Aqueles movimentos foram perdendo acutilância e o furor das suas vozes esvaneceu-se, quase não se ouvindo, de momento. E eu pergunto-me se tudo o que havia a conquistar terá sido conseguido. Terá?!

    A mulher de hoje é a mulher pelo qual Simone lutou?
    Ser mulher, hoje, é ser a mulher que ela deseja ser?

    Arnaldo silva
    Felizmente reformado

    ResponderEliminar