segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

CONTOS DO NORTE

(monte alentejano)
NO RERESSO A CASA

Boa tarde Ti Quirina, dizia o Carrelhas no regresso a casa, quando se cruzou com a mulher mais velha da aldeia, fazendo-se acompanhar do Santiago, bom amigo mas um rapazote aí dos seus quarenta e poucos. Moravam pelos mesmos lados da aldeia e falavam a mesma linguagem. Estávamos em Dezembro e a nortada raspava nas orelhas, pelo que quer o Carrelhas quer o Santiago, usavam boinas que haviam comprado na feira anual em Outubro.

Os dois subiam a rampa e contemplavam o arvoredo e as sementeiras, coisa pouca, mas importante para a alimentação quer dos residentes quer de animais. Nesta altura do ano os agricultores limitavam-se à cultura de nabos, pencas e coisas assim e, como homens da lavoura, percebiam de courelas e lameiros.

Os dois estavam mortos por chegar a casa mas ainda trocaram dois dedos de conversa com o Ti Xico Cruz, que ia por uma peça de pão na venda do Ti Lira. Ò Xico, quando é que vendes a courela, pá?.. tu já não podes tratar daquilo e eu preciso de comprar isso para os meus moços, o meu Arménio está a precisar dos terrenos, vê lá isso homem. O Xico encolheu os ombros... olha o meu filho Manel Joaquim está lá em cima , fala com ele...

Não Xico, eu só falo contigo. Bem sabes que eu nos negócios sou pela honra e os terrenos que eu saiba ainda são teus...

E de seguida cada um foi para sua casa.

(Fim das cenas do campesinato)
João Brito Sousa

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