quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

HISTÓRIA; REGICÍDIO



Defesa proíbe Exército na evocação a D.Carlos

O Exército cancelou a sua participação nas cerimónias de homenagem ao rei D. Carlos que se realizam amanhã, data do centenário do seu assassinato. Uma decisão tomada depois de o ministro da Defesa, Nuno Severiano Teixeira, ter deixado claro que aquela participação não se enquadra no quadro de actividades a que as Forças Armadas podem associar-se. Num despacho datado de 17 de Janeiro, Nuno Severiano Teixeira não faz referência concreta à homenagem ao rei D. Carlos. Mas a mensagem é clara - até porque, em data anterior, o ministro tinha já pedido ao Exército informação sobre a natureza da iniciativa a que a instituição se estava a associar. Na agenda da evocação do centenário do regicídio constava a participação da banda do Exército, do Regimento de Lanceiros, do Regimento da Artilharia Anti-aérea nº1 e do Colégio Militar.

Na sequência da resposta do Exército, Severiano Teixeira emitiu então um despacho a lembrar a necessidade de as Forças Armadas adoptarem um critério rigoroso no tipo de eventos em que participam. Para o ministro, a instituição militar tem de saber distinguir muito claramente o que sejam iniciativas de carácter histórico, científico ou cultural - nas quais a participação das Forças Armadas não levanta qualquer objecção. Caso diferente, adverte o titular da Defesa, são iniciativas que possam revestir natureza política. Neste caso qualquer associação está constitucionalmente vedada. Figura ligada ao Exército

Na sequência do despacho do ministro, o Exército acabou por cancelar a sua participação na homenagem, no final da semana passada.Inicialmente, o entendimento foi diferente: a iniciativa foi vista como mais uma das muitas a que o Exército se associa, não lhe sendo atribuído um carácter de natureza política. Uma interpretação que se fundará na figura do próprio rei. Dom Carlos foi, ao contrário de outros monarcas, uma figura muito ligada ao Exército. Comandante de batalhão honorário do Real Colégio Militar, a sua memória continua a ser evocada anualmente: a cerimónia de abertura solene do ano lectivo do Colégio Militar é marcada pela entrega da espada do Rei D. Carlos ao novo Comandante de Batalhão.
Polémica no Parlamento
O caso assumiria outra dimensão com um requerimento do Bloco de Esquerda a questionar a participação do Exército numa cerimónia política de carácter particular. O caso chegou a ser discutido na comissão parlamentar de Defesa, na última terça-feira, com todos os partidos a pronunciarem-se de forma unânime contra esta situação, por se tratar de uma homenagem de natureza particular. Fernando Rosas, o autor do requerimento do BE, confirmou ontem à Lusa o desfecho do caso: "O ministro [da Defesa] teve a gentileza de me telefonar comunicando que já emitiu um despacho no sentido de não autorizar a participação de bandas do exército nas comemorações do centenário do regicídio".
A favor da participação

Voz dissonante é a do deputado Quartin Graça, do Movimento do Partido da Terra (MPT). Eleito pelas listas do PSD nas últimas legislativas, o parlamentar afirmou ao DN que esta contestação "esquece que D. Carlos, além de rei, foi um chefe de Estado português". Para Quartin Graça "a tentativa de interferência do Bloco de Esquerda nos preparativos da evocação do Regicídio é indigna de um representante do povo português, revelando uma visão sectária daquela que foi o papel desempenhado por um antigo Chefe de Estado, o Rei D. Carlos". A quem "todo o País, Forças Armadas incluídas", diz o deputado, "deve o merecido respeito pelos serviços prestados a Portugal em determinado momento da nossa história". Quartin Graça solicitou mesmo à bancada parlamentar social-democrata - que integra como independente - uma intervenção em plenário, para hoje, no sentido de abordar este tema. Com E.C.

Recolha de
João Brito Sousa

2 comentários:

  1. Quando os politicos ignoram a História, ou mais grave a desconhecem, não é triste, é deplorável!

    Quem tem medo do D.Carlos morto Há um século? Que Cultura a deste "país"?

    Ou será que os politicos fogitivos, através destas negações, se estarão a escudar, não apareçam por aí os Veteranos de Guerra a exigirem o seu estatuto, cumprindo obrigatóriamente o que a Pátria Regispública lhe exigiu?
    Vivem assustados, traumatizados e a pensarem só no seu bolso os pseudo homens do meu País. Fui ver a exposição, do espólio encaixotado do Ermitage. Numa das salas em que os buracos no chão eram visíveis, nas paredes, a Russia, orgulhava-se de Pedro o Grande e de Catarina. A nossa maior pobreza já não é material, é de facto Cultural.

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  2. O Mundo de Hoje

    Ando muito baralhado com os eventos dos dias de hoje. Muito provavelmente por culpa dos meus sessenta e quase cinco anos, que me têm trazido através das mais críticas mudanças e alterações, sejam elas do foro tecnológico ou social.

    Como vão longe os anos de uma muito maior ignorância das coisas da vida! Ignorância imposta pela política do "orgulhosamente sós" que, parece, estará hoje ultrapassada. Todavia, se ignorância em demasia causticava e amargurava as nossas vidas, este vastíssimo leque de informações que agora chega ao nosso conhecimento, não causticará, mas deixar-nos-á, certamente, muito confusos.

    E eu estou muito confundido com certos comportamentos da hodierna sociedade, como sejam o de não celebrar publicamente a morte de um Chefe de Estado, de querer condenar um governo porque passaram pelo espaço aéreo do seu país uns aviões que transportavam uns alegados facínoras de guerra, ou não deixar clonar um animal para se lhe extrair um órgão que é imprescindível para a continuidade da vida do animal clonável.

    O Regicídio foi um marco na nossa História. Comemoremo-lo com pompa e circunstância. Com a presença do Exército. Porque não?!
    Manifestação de carácter político, diz o ministro. Hum...! A Revolução dos Cravos, levada a cabo exclusivamente por militares, não teve propósitos marcadamente políticos?! Os "malandros" dos militares que a fizeram, estão tramados! "Estão feitos!", dirá um jovem de hoje. Violaram os Regulamentos!!!

    Os Açores devem grande parte do seu actual desenvolvimento aos dollars que recebem dos EEUU pela cedência dos seus terrenos, alugados para a manutenção de uma base militar americana. O controlo e vigilância de como é acondicionada ou tratada a carga transportada pelos aviões que por lá passam não é certamente da competência dos governos Regional ou Nacional. Bombas com capacidade para fazer desaparecer qualquer uma das maravilhosas ilhas podem passar por ali, sem que a estupidamente dispendiosa Assembleia Nacional desbarate os parcos rendimentos deste empobrecido país discutindo se o podem fazer ou não.
    Mas desbaratar tantas horas de discussão parlamentar para saber se o governo deve ser condenado porque foram passados pelo seu espaço aéreo uns caras que cometeram sabe-se lá que atrocidades contra outros seres humanos, ah!, isso merece todo o arrazoado chimfrim que se está fazendo!!!
    Não sou defensor das leis de Talião. Mas receio muito que a desenfreada correria à defesa dos Direitos Humanos a que hoje se assiste venha a sofrer o efeito lacrau, quero dizer, se mate a si própria, por excessiva.
    Portugal tem problemas graves de subsistência! Tratem deles e dos portugueses! Deixem os efeitos e consequências da guerra para quem a pratica!

    E a clonagem de ... Não pode ser feita! Que morra o que tem que morrer!!

    E... Desisto! Como dizem os "piquenos" do meu bairro, " é muita areia para a minha camioneta" !

    Arnaldo silva
    Felizmente reformado

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