sábado, 8 de setembro de 2007

POESIA DA GUERRA NA GUINÉ

(guerra na Guiné)

(poema para um amigo...)

CAROS AMIGOS...


E camaradas!..

Amigos...

Só podemos ser isto
Amigo e camarada...

Não podemos ser mais nada...

Porque dizer amigo
Não pode ser uma palavra dita à toa..
Essa palavra dita por nós
Tem de querer dizer uma coisa boa

Por exemplo
amizade.. solidariedade...

È que nós andámos lá na batalha...
Não podemos ser amigos
Só por dá cá aquela palha....

Nós somos os amigos de verdade
E não deixámos entrar a falsidade...

Fomos solidários
E coesos
E dentro de nós ainda temos bem acesos

Os cagaços que apanhámos
E nos cagámos ....

Não direi de medo,
Porque era outro o enredo....

Mas da validade da guerra...

Esta é que era a verdade

A guerra não resolve nada
E a humanidade não está preparada...

Para a evitar...
Afinal.. o que é sabe o homem?
Porventura saberá ele ao menos amar?

É que nós . fomos além do normal...
Ainda sofremos um tormento maior...

È que fizemos a guerra com amor

Aliás... fizemos tudo por amor

Combatemos no plano e na serra
Para ganhar a guerra...

Não foi assim ó Dias Sequeira.?..

Ó rei dos algarvios
Tu que passaste serras e rios..
Sempre em defesa
Da honradez

Ó Dias Sequeira....
Lembras-te daquela vez
Em que fixaste atascado na lama?

E depois passaste oito dias na cama?

Aquilo é que foi ó Sequeira!....

Heim!
Como ele se lembra bem...

Rapaziada ...
Só temos motivos para sorrir
Demos-lhe tudo
E não fomos nós que quisemos ir...

E tu ó Costa Campo?...
Leão de Cufar..

Vocês foram todos uns heróis...
Melhor do que em Aljubarrota
Quando vencemos os espanhóis.

Companhia 763
Lembro-me bem de vocês ..

Todas as horas .. todos os dias

E lembro-me de tudo aquilo que tu ó soldado português ...
Fazias....

Aos pretos e `a preta
Em particular

Quando ela ia buscar a roupa para lavar.

E fiquemos por aqui...

Mais coisas não quero recordar.


João Brito Sousa.
.

7 comentários:

  1. JOÃO,
    Num comentário a uma crónica minha sobre a Guerra Colonial dizias em 15.05.07 no Braçadas: "Heróis vivos nunca poderão ser um produto da guerra, porque na guerra só temos feridos e mortos em combate e mais nada"
    Constato agora,que afinal na Comp.ª763,destacada na guerra da Guiné,todos foram heróis:-"Todos Vocês foram heróis"- dizes neste poema.
    O acto heróico é uma luta emocional contra quem nos fere ou mete medo no momento, independente da situação ser de guerra,de acidente ou catástrofe.Enfrentar o perigo de morte durante dois anos, não cometer actos indignos e voltar salvo de corpo e alma, já contém muito heroísmo em si.Penso que são a estes heróis que prestas homenagem no teu poema.

    Um abraço do Adolfo.

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  2. PORTO, 207.09.09

    MEU CARO AMIGO,

    A propósito de .... heroís.

    DO DICIONÁRIO- indivíduo que se notabiliza pelos seus feitos guerreiros, pela sua coragem, tenacidade, abnegação...

    Foi isto que eu quis dizer em referência á Companhia 763...

    No desempenho das tarefas que lhe foram atribuidas, é meu entendimento que todos eles foram heróis, porqe todos eles se notablizaram.

    Por outo lado, quando eu disse em 15.05.07 no Bracadas que " Heróis vivos nunca poderão ser um produto da guerra, porque na guerra só temos feridos e mortos.. ." foi como que um passar a mão pelo dorso da palavra heróis, porque eu sou contraa guerra...

    Mas infelizmente a guerra existe e por inerência.. os heróis tambem.

    Gostei do teu comentário.

    Aí vai um abraço do

    João Brito Sousa

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  3. JOÃO,
    Exactamente pelos motivos que agora evocas também eu considerei(está preto no branco no meu livro de 2003,"O Esquadrão 149, A Guerra e os Dias)os meus camaradas de guerra como heróis.
    Foi contra esse ponto de vista que opinaste e de tal modo que pensei que tinhas um pensamento estruturado contra a guerra tal como um pacifista ou religioso fundamentalista(quero dizer com fundamento filosófico).Era respeitável.
    Mas no teu comentário de Maio tudo o menos que fizeste foi passar a mão pelo pelo da palavra herói, pelo contrário cortáste-lhe a cabeça, braços e pernas duma penada.
    Os teus heróis,tal como os meus,provém duma actitude de guerra, contudo ns altura tanbém disseste:-"O orgulho perante uma situação de guerra não é muito normal,porquanto a actitude guerreira não colhe no sentido humano da vida."
    Por fim rematas com:-"A guerra não é um produto da minha paixão.Sou contra.Sou mais pela solidariedade."-
    Todos somos contra a guerra e pela solidariedade o problema é que também somos todos mais solidários com uns do que com outros.
    Um abraço do Adolfo

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  4. PORTO, 2007.09.10

    Ao Amigo Adolfo,

    ( o camisa 10 daquela famosa linha atacante do Nexense, formada por Coimbra, Pató, Raul, Adolfo e Bolias).

    Muito bom o teu comentário. Vou estudá-lo e depois digo qualquer coisa.

    É com vaidade que te vejo passar por aqui.

    Aceita um abraço do

    João Brito Sousa

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  5. Porto, 200709.10

    Ora VIVA.

    Para responder cabalmente ao teu comentário sobre o meu post “A POESIA DA GUERRA NA GUINÉ”, dividi-o em sete pontos.

    O que se passa aqui, no fundo, é saber se “UM HOMEM MOBILIZADO PARA A GUERRA E MATA ... PODERÁ SER TIDO COMO UM HERÓI?....

    Teremos que começar por dizer que, este militar, no cenário em discussão, se não matar pode morrer. . Portanto o militar em questão tem de matar para sobreviver. No fundo ele não vai à guerra para matar... vai para vencer uma guerra e isso só se consegue matando.

    Assim sendo, o acto de matar não é deliberado nem cruel. É uma atitude de defesa o que a torna como normal.

    O herói vem de seguida se as em que aluta se desenrolou são abissalmente diferenciadas. Condições. Isso acontece na guerrilha, uma guerra surpresa com muitos qui pró quos...

    Passemos à análise, ponto por ponto.


    1) Exactamente pelos motivos que agora evocas também eu considerei(está preto no branco no meu livro de 2003,"O Esquadrão 149, A Guerra e os Dias)os meus camaradas de guerra como heróis.

    Resposta - Concordo.

    2) Foi contra esse ponto de vista que opinaste e de tal modo que pensei que tinhas um pensamento estruturado contra a guerra tal como um pacifista ou religioso fundamentalista(quero dizer com fundamento filosófico).Era respeitável.

    Resposta: Se opinei contra, foi no sentido pacifista do termo, como dizes, porque entendo que a guerra não deveria ter lugar e, consequentemente os heróis também não. Mas a guerra existe; logo há a possibilidade de haver heróis.

    3) Mas no teu comentário de Maio tudo o menos que fizeste foi passar a mão pelo pelo da palavra herói, pelo contrário cortáste-lhe a cabeça, braços e pernas duma penada.

    Resposta: Aceito mas peço-te e aceites isso na óptica de que o óptimo era não haver guerras ...


    4) Os teus heróis, tal como os meus, provém duma atitude de guerra..

    Resposta: Sim

    5) contudo na altura também disseste:- "O orgulho perante uma situação de guerra não é muito normal, porquanto a atitude guerreira não colhe no sentido humano da vida."

    Resposta: Eu quis dizer que tenho dificuldade em considerar-me orgulhoso por vencer uma guerra, se bem que a malta de La Lys se tivesse sentido orgulhosa disso. Eu penso que teria dificuldades... mas aceito...


    6) Por fim rematas com:-"A guerra não é um produto da minha paixão.Sou contra.Sou mais pela solidariedade."-

    Resposta: MANTENHO

    7) Todos somos contra a guerra e pela solidariedade o problema é que também somos todos mais solidários com uns do que com outros.

    Resposta: Correctíssimo.


    Gostei dos teus argumentos. Aceita um abraço do

    João Brito Sousa

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  6. JOÃO,
    Aceito as explicações, aceito o abraço e aceito a tua amizade.
    Um abraço também para ti do
    Adolfo

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  7. Porto, 2007.09.11

    Viva.
    Muito bem por tudo.
    E mais uma vez um abraço do

    João Brito SOusa

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