sexta-feira, 7 de setembro de 2007

REFLEXÃO FILOSÓFICA

(marguerit YOURCENAR)

REFLEXÃO FILOSÓFICA


O texto que se segue é de Marguerite Yourcenar, in 'Memórias de Adriano' e etm como título ,

AS VIRTUDES DE CADA UM..


O TEXTO AÍ VAI:

“Não desprezo os homens. Se o fizesse, não teria direito algum nem razão alguma para tentar governá-los. Sei que são vãos, ignorantes, ávidos, inquietos, capazes de quase tudo para triunfar, para se fazer valer, mesmo aos seus próprios olhos, ou simplesmente para evitar o sofrimento.

Sei muito bem: sou como eles, pelo menos momentaneamente, ou poderia tê-lo sido. Entre outrem e eu, as diferenças que distingo são demasiado insignificantes para que a minha atitude se afaste tanto da fria superioridade do filósofo como da arrogância de César.

Os mais opacos dos homens também têm os seus clarões: este assassino toca correctamente flauta; este contramestre que dilacera o dorso dos escravos com chicotadas é talvez um bom filho; este idiota partilharia comigo o seu último bocado de pão. Há poucos a quem não possa ensinar-se convenientemente alguma coisa.

O nosso grande erro é querer encontrar em cada um, em especial, as virtudes que ele não tem e desinteressarmo-nos de cultivar as que ele possui.




QUEM É MARGUERITE YOURCENAR?...

Marguerite Yourcenar, pseudônimo de Marguerite Cleenewerck de Crayencour (anagrama de Yourcenar) (8 de junho de 1903, Bruxelas, - 17 de dezembro de 1987, Mount Desert Island, Maine, EUA) foi uma escritora belga de língua francesa. Foi a primeira mulher eleita à Academia francesa em 1980, após uma campanha e apoio ativos de Jean d'Ormesson, que escreveu o discurso de sua admissão.


Ela foi educada de forma privada e de maneira excepcional: lia Jean Racine com oito anos de idade, e seu pai ensinou-lhe o latim aos oito anos e grego aos doze.
Em 1939 mudou-se para os Estados Unidos, onde passou o resto de sua vida, obtendo a cidadania estado-unidense em 1947 e ensinando literatura francesa até 1949.
As suas Mémoires d´Hadrien (Memórias de Adriano), de 1951, tornaram-na internacionalmente conhecida. Este sucesso seria confirmado com L'Œuvre au Noir (A Obra em Negro, 1968), uma biografia de um herói do século XVI, chamado Zénon, atraído pelo hermetismo e a ciência. Publicou ainda poemas, ensaios (Sous bénéfice d'inventaire, 1978) e memórias (Archives du Nord, 1977), manifestando uma atracção pela Grécia e pelo misticismo oriental patente em trabalhos como Mishima ou La vision du vide (1981) e Comme l´eau qui coule (1982).



O MEU COMENTÀRIO.


O texto vale sobretudo pelo seu último parágrafo quando diz: - “O nosso grande erro é querer encontrar em cada um, em especial, as virtudes que ele não tem e desinteressarmo-nos de cultivar as que ele possui. “

Parece estar aqui um dos grandes males da Humanidade. Toda a gente faz isto; exige o desenvolvimento das capacidades que cada um não tem e ignorando as capacidades que cada um tem.

Em casa de um amigo, talvez consigamos arranjar um exemplo que caiba aqui.A esposa “exige” que ele coma devagar, que parta as quantidades de peixe ou carne em pequenos bocados, que, diz ela, tora tudo mais fácil.

Ele responde : mas este é o meu modelo. Sou tal e qual o António Lobo Antunes que diz que também não sabe comer.

È preciso harmonizar os interesses e não exigir do outro que tenha uma actuação eficiente num terreno em que ele tem lacunas e falhas de adaptação.

É` importante conhecermo-nos bem, seja, conhecer os nossos erros e virtudes e procurar actuar dentro daquele ambiente que nos é favorável.


João Brito Sousa

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