quinta-feira, 6 de setembro de 2007

A MANEIRA DE PENSAR DO PORTO


PORTO, 2007.09.05


O Dr. Manuel Serrão escreve este naco de prosa no JN de hoje:

“Não vale a pena dar ouvidos aos "velhos do Restelo" (já devíamos ter arranjado uma expressão regionalizada que substituísse o Restelo por uma coisa mais nossa...) que nestas ocasiões gostam de vir dizer que ainda há casas degradadas e outros focos de miséria. Não desconhecendo toda essa verdade, não é menos verdade que uma cidade, e uma região, que só for capaz de olhar para esse triste umbigo, cada vez mais se afundará na sua mediocridade.”


O MEU COMENTÁRIO

MANUEL SERRÃO, é uma pessoa que interfere e participa de algum modo, nas melhorias requeridas para esta cidade do PORTO. Critica... pelo menos. Não o tenho visto na televisão.

Penso tratar-se de uma pessoa que não é muito considerado por estas bandas. Ao que me parece, tem escritório e actividade profissional em Lisboa. Mas escreve no jornal daqui a desafiar o poder central. Ou o poder de Lisboa. Não sei bem qual é o destinatário dos queixumes.

O Porto é, na minha opinião uma cidade de queixumes. Não queria dizer isto, já o evitei dizer por várias e muitas vezes, mas é o que realmente penso. Apesar de há muito pouco tempo parece que disse ao contrário.

Aqui há dias, folheando na Biblioteca local um livro sobre a construção do Palácio de Cristal, vim a constatar que esse ódio ou desconfiança de Lisboa vem, pelo menos de 1865. E as coisas continuam a mesma. O Porto continua a mandar recados inofensivos para os jornais. Como o Manuel Serrão fez hoje. Creio que o modelo de reivindicação terá de ser outro. Se não for outro... não será eficaz.

Diz Manuel Serrão na sua crónica de hoje, acerca da clássica expressão “velhos do Restelo", que, “já devíamos ter arranjado, no Porto, uma expressão regionalizada que substituísse o Restelo por uma coisa mais nossa”... Ora o que será que isto quer dizer?...

Na minha leitura, a antiquíssima expressão “Velho do Restelo”, que tem o significado de travar a veleidade de alguns, seria transferida para uma expressão que tivesse precisamente o mesmo significado mas utilizando palavras ou expressões ou outra coisa qualquer que tivesse o som do Norte e fosse de uso aqui.

Portanto o problema do meu ponto de vista não é do significado da expressão que se pretende manter mas sim da utilização das palavras por serem de origem lisboeta.

Do mesmo modo se estranha a crítica ao olhar da cidade para o seu próprio umbigo. Claro que não deve olhar “apenas” para o seu próprio umbigo.... mas também não deverá deixar de olhar, porque a cidade está, em primeiro lugar, disponível para os seus habitantes e utilizadores..

E não é nenhuma mediocridade uma cidade atender aos seus utilizadores.

È o que em parece.

João Brito Sousa

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