POESIA DE ÁLVARO DE CAMPOS.
Ler Álvaro de Campos é ler qualquer coisa de extraordinário Parece que até acreditamos na existência de Deus, porque o artista/poeta nos transporta para zonas desconhecidas que a gente parece conhecer bem ou que já lá esteve.
Umas serão assim; outras nem por isso ...
Sim, ser vadio e pedinte, como eu sou
Não é ser vadio e pedinte, o que é corrente
E ser isolado na alma, e isso é que é ser vadio
É ter de pedir aos dias que passem, e nos deixem, e isso é que é ser pedinte
Tudo mais é estúpido como um Dostoiewsky ou um Gorky.
Este Álvaro de Campos terá necessariamente de ser um homem diferente de todos os outros por escrever assim diferente dos outros e pensar assim diferente de todos...
Feliz o homem marçano
Que tem a sua tarefa quotidiana normal, tão leve ainda que pesada
.........................
Se em certa altura
Tivesse voltado para a esquerda em vez de para a direita
Se em certo momento
Tivesse dito sim em vez de não, ou não em vez de sim;
Se em certa conversa
Tivesse tido as frases que só agora, no meio-sono, elaboro
Se tudo isso tivesse sido assim,
Seria outro hoje, e talvez o universo inteiro
Seria insensivelmente levado a ser outro também.
.........................
Sempre, sempre, sempre,
Est angústia excessiva do espírito por coisa nenhuma,
Na estrada de Sintra, ou na estrada do sonho, ou na estrada da vida...
Ler Álvaro de Campos é ler qualquer coisa de extraordinário Parece que até acreditamos na existência de Deus, porque o artista/poeta nos transporta para zonas desconhecidas que a gente parece conhecer bem ou que já lá esteve.
Umas serão assim; outras nem por isso ...
Sim, ser vadio e pedinte, como eu sou
Não é ser vadio e pedinte, o que é corrente
E ser isolado na alma, e isso é que é ser vadio
É ter de pedir aos dias que passem, e nos deixem, e isso é que é ser pedinte
Tudo mais é estúpido como um Dostoiewsky ou um Gorky.
Este Álvaro de Campos terá necessariamente de ser um homem diferente de todos os outros por escrever assim diferente dos outros e pensar assim diferente de todos...
Feliz o homem marçano
Que tem a sua tarefa quotidiana normal, tão leve ainda que pesada
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Se em certa altura
Tivesse voltado para a esquerda em vez de para a direita
Se em certo momento
Tivesse dito sim em vez de não, ou não em vez de sim;
Se em certa conversa
Tivesse tido as frases que só agora, no meio-sono, elaboro
Se tudo isso tivesse sido assim,
Seria outro hoje, e talvez o universo inteiro
Seria insensivelmente levado a ser outro também.
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Sempre, sempre, sempre,
Est angústia excessiva do espírito por coisa nenhuma,
Na estrada de Sintra, ou na estrada do sonho, ou na estrada da vida...
Recolha de
João Brito Sousa
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