sexta-feira, 14 de setembro de 2007

POESIA DE ÁLVARO DE CAMPOS


POESIA DE ÁLVARO DE CAMPOS.


Ler Álvaro de Campos é ler qualquer coisa de extraordinário Parece que até acreditamos na existência de Deus, porque o artista/poeta nos transporta para zonas desconhecidas que a gente parece conhecer bem ou que já lá esteve.

Umas serão assim; outras nem por isso ...

Sim, ser vadio e pedinte, como eu sou
Não é ser vadio e pedinte, o que é corrente
E ser isolado na alma, e isso é que é ser vadio
É ter de pedir aos dias que passem, e nos deixem, e isso é que é ser pedinte

Tudo mais é estúpido como um Dostoiewsky ou um Gorky.

Este Álvaro de Campos terá necessariamente de ser um homem diferente de todos os outros por escrever assim diferente dos outros e pensar assim diferente de todos...

Feliz o homem marçano
Que tem a sua tarefa quotidiana normal, tão leve ainda que pesada

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Se em certa altura
Tivesse voltado para a esquerda em vez de para a direita
Se em certo momento
Tivesse dito sim em vez de não, ou não em vez de sim;
Se em certa conversa
Tivesse tido as frases que só agora, no meio-sono, elaboro
Se tudo isso tivesse sido assim,
Seria outro hoje, e talvez o universo inteiro
Seria insensivelmente levado a ser outro também.

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Sempre, sempre, sempre,
Est angústia excessiva do espírito por coisa nenhuma,
Na estrada de Sintra, ou na estrada do sonho, ou na estrada da vida...


Recolha de


João Brito Sousa

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