sexta-feira, 21 de setembro de 2007

FIGURAS DA CULTURA PORTUGUESA


GRANDES FIGURAS DA CULTURA PORTUGUESA

JOSÉ ALMADA NEGREIROS


O PROFETA DO MODERNO


«Isto de ser moderno é como ser elegante; não é uma maneira de sentir mas é uma maneira de ser”...

Depoimento para o catálogo o Salão dos Independentes, SNBA, 1930


Pintor, desenhador, poeta, romancista, dramaturgo, caricaturista, humorista, actor conferencista, panfletário, polemista, bailarino, coreógrafo, cenógrafo, figurinista, vitralista, ilustrador, gráfico, ensaísta, filósofo foi a intervenção de Zé Almada Negreiros no domínio das artes, das letras, e de forma genérica, da vida cultural portuguesa no século XX desdobrou-se de forma prodigiosa pelos mais variados ramos de actividade.

O caso de ALMADA é tanto mais extraordinário quanto foi um autodidacta, nunca tendo frequentado qualquer curso superior de Belas Artes ou a universidade. Foi pois um combate pioneiro e solitário aquele que Almada desenvolveu ao longo de quase toda a sua vida, num meio adverso onde só mais tarde ele terá a possibilidade de assistir à congregação da massa critica necessária ao triunfo e à imposição do modernismo.

Em estadas que Almada fez em Paris e em Madrid, foi reconhecido o seu talento de artista plástico e uma promissora carreira internacional abriu-se à sua frente. Na sua obra, em grande parte autobiográfica, Almada procurou aliás reelaborar a experiência e os conhecimentos recolhidos no contacto directo com a vida, inserindo os líricos e por vezes uma dimensão mítica ou cósmica.

Renascer, reencontrar-se, «desaprender» reaver a ignorância, reaver a ingenuidade, recuperar a inocência, aprender outra vez, foram ideias recorrentes nos textos de Almada, denunciando a eterna candura de um incendiário inconsciente de o ser. Ao contrário da maioria dos criadores do século XX Almada foge às classificações. Exibiu o primeiro sinal de uma tendência modernista ainda antes dos 20 anos, ao figurar entre os humoristas portugueses que em 1912 realizaram em LISBOA uma exposição de desenhos onde se manifestava uma difusa vontade de romper com a tradição.

O País acabava de conhecer ma revolução política, que havia instalado um frágil edifício republicano, mas a revolução estética, demorava mais tempo a chegar...

Recolha de

João Brito Sousa

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