sábado, 15 de setembro de 2007

APRESENTE-VOS

(Escola Comercial e Industrial de Faro; 1º Ano 4ª Turma de 52)
O “COSTELETA” COELHO PROENÇA

Apresento-vos hoje o Mário Coelho Proença Leonardo, nascido em Faro em 1941 e que foi meu contemporâneo na Escola Comercial e Industrial aí na cidade. Eu entrei em 52 e o Coelho Proença não sabe bem, diz que foi em 52 ou 53. Mas, mais coisa menos coisa, andámos por lá na mesma altura.

Apesar de andarmos na Escola na mesma época, viemos travar o nosso ainda precário relacionamento fora dela. È que o Coelho Proença é visitante do meu blog, apreciador e conhecedor de futebol, e apareceu-me aqui há dias a fazer um comentário acerca do desporto rei num post meu. E disse-me que era costeleta dos anos 50.

Não o conheci na altura nem o conheço ainda hoje. Dele sei que fez uma brilhante carreira na Banca Comercial ao lado do Ludgero Gema, que conheço muito bem, apesar de já não o ver há muitos anos. Mas ainda ontem o Carlos Barriga de Boliqueime me dizia .que o Coelho Proença é boa praça.

Das nossas conversas resultou que pedi ao Coelho Proença uma história. E ele já mandou e vou publicá-la hoje. E esta história do Proença vou dedicá-la aos nossos colegas e amigos da turma o Proença de 52, o célebre 1º ano 4ª turma.

Aí vão os nomes dos recordados de hoje, citados de cór:: Ludgero Gema, Zé Maganão, Bartolo, Carlos Gomes, Jacinto Bassora e Ventura de Olhão.... a quem peço igualmente me enviem uma história, para publicar aqui, dos tempos de costeleta em Faro.


Aí vai a história.

Texto do Coelho Proença..


“Foi na Escola Comercial e Industrial de Faro, que por volta de 1952 ou 1953 iniciei a 2ª fase da minha vida de estudante. A 1ª foi na escola oficial do Largo da Feira em Olhão.

Em Faro para onde me deslocava diáriamente no comboio das 7,45 h.lá passava o dia regressando a casa no comboio da 18,40 h. As aulas acabavam por volta das 17,00 horas pelo que aproveitávamos o tempo até ao comboio para jogar renhidos desafios no Largo de S. Francisco.

Também no recreio da escola que, naquela altura,era povoado de pequenos calhaus colocados por cima do pavimento de alcatrão jogavamos bons desfios. Foi, num dessas jogatanas que aconteceu o que lhes vou contar.Jogava eu a guarda-redes, quando me aperta a fome e, lesto, vou à pasta de cabedal branco buscar um papo-seco com manteida que todos os dias trazia de casa para lanchar.

Descuidado estava guardando a baliza, pois o jogo desenrolava-se na baliza adversária, quando, num repente, a outra equipa lança um contra.ataque rápido e vejo na minha frente o Carlos Gomes que à queima-roupa dispara forte remate que vem de encontro ao papo-seco carregado de manteiga.

Na aflição e sem saber o fazer, naquele momento, respiro fundo e entra-me pelo nariz toda a gordura comportada pelo pão. Fiquei sufocado e quase sem poder respirar. Jogo interrompido para assistir o guarda-redes comilão, que se recompõe com facilidade.

Com facilidade é uma força de expressão pois durante anos, nem pude cheirar manteiga a quilometros



Fico a aguardar história s como esta para publicação como esta.
Podem enviar para jbritosousa@sapo.pt.

Aí vai um abraço para todos do

João Brito Sousa

5 comentários:

  1. 'Costoletas'

    Vocês são uns 'costoletas' do caraças!
    Não sei bem se o 'caraças' tem boa memória e se foi contemporâneo dos nossos tempos da Escola de Faro. Também não sei se o 'caraças' foi protagomista de muitas e boas histórias, como vocês foram.
    Mas que vocês são uns 'costoletas' do caraças, não tenho dúvidas!
    Eu não fui propriamente um 'costoleta' genuíno dado que, não obstante ser natural de Tavira, fiz os três primeiros anos na Escola da Póvoa do Varzim, tendo aterrado em Faro já no 2º ano do Geral do Comércio. Acabei ali o curso e ali completei também as Secções Preparatórias. Não sou, por isso, um 'costoleta' do caraças. Mas fiz ali bons amigos...

    No leque desses amigos se encontra o Brito de Sousa, 'costoleta' dos sete costados, homem íntegro e, como poucos, amigo dos seus amigos. Poeta de nascimento, com méritos evidenciados no campo das coisas da História e das Escritas (incluindo as da Contabilidade, por opção profissional), o amigo Brito, em boa hora, teve a iniciativa de criar este espaço.

    Espaço meritório, válido pela diversidade dos temas aqui trazidos, engrandecido pelo trabalho de pesquisa e análise do amigo Brito. Como todas as coisas boas, tem um pequeno senão... (não há bela sem senão..., diria o meu avô!). Às vezes aborda-se aqui o enaltecimento de um certo clube de football que não me é de fácil digestão... Lol . Por vezes as 'costoletas' mal marinadas perdem o seu real sabor...

    Mas o meu avô também me ensinou que "se deve perdoar o mal que faz, considerando o bem que sabe". É isso aí! Sabe bem vir diariamente a este sítio e deparar com a poesia do amigo Brito e saborear, com interesse, os restantes pratos com que ele nos vai presenteando.

    Saúde, amigo!
    Continua!
    Os 'costoletas', bem marinados ou não, cada vez mais virão aqui à procura de condimentos.

    Aquele abraço do
    arnaldo silva
    felizmente reeformado

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  2. PORTO, 2007.09.16

    Ao velho SILVA, amigo e homem vertical.

    Viva.

    Conheceste o Coelho Proença?...

    Amigo,sem qualquer reserva reconheço que Carlos Lopes, Fernando Mamede, Joaquim Agostinho, Manuel Faria, Azevedo,J.Correia, Vasques, Peyroteo, Travassos e Albano foram grandes atletas que pertenceram a um grande clube. Quando se é grande não há nada a fazer.

    VIVA O SPORTING CLUBE DE PORTUGAL...

    E obrigado pelo texto/comentário enviado. Lindo..

    Aí vai um abraço do

    João Brito Sousa

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  3. Hoje estive a dar uma "olhada" ao que se passou no teu blog durante a semana passada.
    Despertou-me curiosidade o diálogo estabalecido com o nosso antigo colega de escola Coelho Proença Leonardo, não só por dele também não me lembrar mas também outros alunos e coisas me trazer à memória, e boa foi essa história do 'paposseco' com manteiga, realmente é para sempre recordar.

    Tu dizes que entrasta na Escola Comercial em 52 e que portanto devias conhecê-lo. Realmente nós conhecíamos todos os alunos das 4 turmas. Do 1º. 4ª. era o António José Leonardo, o 'Toino' de S.Brás e o seu primo, o Cavaco de Faro, irmão da Avelina, mulher do Poeira.

    Eu penso que nós entrámos para a escola em Outubro de 1953, segundo as minhas contas. Portanto ele entrou em 52 e como não perdeu nenhum ano concerteza só o conheceremos de vista. Lembro-me que a dada altura, em S.Brás no Banco do Algarve, havia um funcionário que conhecia de vista por ter andado na escola, mas também já não me lembro dele. O gerente era o Delfim, e o caixa o Eusébio.

    Agora conto esta história da escola:

    Durante quatro anos vim de S.Brás para Faro numa camioneta alugada ao Santos, em S.Brás chamavam-lhe a camioneta dos estudantes, poupava-se metade do preço em relação à da carreira. Uma viagem na carreira custava 5$00, o que era bastante caro, pois um café custava 80 centavos.

    Entretanto, a dada altura, não me lembro porquê, acabou o aluguer. Um problema, dez escudos diários não era suportável, então em alternativa tive de fazer a deslocação de bicicleta. No trajecto para Faro, meio caminho era a descer e o outro meio era recta pelas campinas, pouco custava. Pior era para S.Brás, pois a partir do Coiro da Burra era só subir. O meu pai dava-me diariamente 25 tostões para fazer a subida na carreira.

    Todos os dias guardava a bicicleta na garagem do Santos, porque se a deixasse na escola não parava no sítio, havia malta que não tendo aulas aproveitava para dar umas voltas pela cidade. Um deles era o Manuel Nobre Guerreiro, de alcunha o'Padre', alentejano 'porreiro' de Saboia, que foi meu parceiro e estava hospedado em Faro.

    No 5º. ano tinha uma aula semanal de contabilidade, que terminava às 7 horas. A última carreira para S.Brás era às 7 e 15, já noite. Nesses dias trazia a bicicleta para perto da escola, deixando-a encostada num passeio, numa das ruas circundantes, para que ninguém soubesse onde estava, especialmente o nosso amigo 'Padre' que nessa altura não era do meu ano, e sabendo que eu tinha aquela aula e trazia a bicicleta, corria as redondezas à sua procura, e por vária vezes a encontrava e de andar se fartava. Mas quando da aula saía a bicicleta lá estava, e normalmante por nada de anormal dava.

    Naqueles dias saía da aula e, ou ía rapidamente apanhar a camioneta no Largo de S.Pedro, que no tejadilho as bicicletas dos passageiros transportava, ou ia de bicicleta até S.Brás, o que era uma grande estafa.

    Um dia tinha mal gasto o dinheiro da camioneta, pego na bicicleta para ir para S.Brás e mal dou a primeira pedalada a corrente salta. Desmonto para pôr a corrente e muito frouxa verifico que ela estava. O 'Padre', com tanto andar tinha-a alargado. Novamente colocava a corrente, dava uma pedalada e ela saltava. Por várias vezes isso aconteceu. Pois bem, a bicicleta estava partida, a camioneta tinha partido, o dinheiro do bilhete também tinha partido, as casas de bicicletas estavam fechads, não tinha outro remédio - com a máquina a reboque lá vou a pé 17 Kilómetros! Cheguei às onze e tal a S.Brás, com a família desesperada à minha procura, e lá arranjei uma boa desculpa para não culpar o amigo 'Padre'.

    O Nobre Guerreiro empregou-se na Caixa Geral de Depósitos, na Rua do Ouro, no Serviço de Contencioso, eu no BNU, no quarteirão a seguir. Várias vezes nos cruzávamos e logo ele perguntava com o seu sorriso peculiar: "Em que rua deixaste a bicicleta hoje?" "O assunto está em Contencioso" dizia eu - e era sempre esta brincadeira!

    Aproveito para desejar uma grande vitória ao Benfica, na próxima Terça-feira - que nisto dos jogos internacionais não tem que haver clubites!

    Força Benfica, força Brito!

    Salvador

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  4. PORTO, 2007.09.16

    Meu caro amigo Salvador.

    Muito bom texto onde nos trouxeste à nossa presença boas recordações da nossajuventude.

    Eu que te acompanhei sempre, não dei por essa do Manel e a tua bicicleta.

    Nem dessa de ires para S. Braz de Alportel com a máquina às costas. 17 Kms?... chiça..

    Eu não me lembro do Coelho Proença mas ele disse-me que começou a trabalhar em S. BRAZ DE ALPORTEL.

    Tenho dito que entrei para Escola em 52 mas se calhar foi como dizes, em 53.

    Força SPORTING para o Manchester.

    Vou agora fazer uma crónica sobre as bicicltas lá da Escola.

    Obrigado pela tua crónica.

    Cumprimentos à tua mulher e um abraço para ti do

    João Brito Sousa

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  5. Caro Salvador;
    Eu também não me lembro de si. Como já disse entrei no ex-Banco do Algarve em S.Brás. Estava lé eu,
    o Delfino e o Eusébio. O Banco estava instalado em frente ao Cinema e desse tempo lembro-me muito bem de diversas passoas de S. Brás, nomeadamente o Sr. Alcaria, o Sr. Francisco Correia.
    O seu escrito está muito bom.

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