terça-feira, 18 de setembro de 2007

CERTEZAS

( a bucha é dura... mais dura é a razão que a sustem..)


Texto que reproduzo do espaço spiritwolf-spiritwolf.blogspot.com/

“Depois passaram as dúvidas e veio o pesadelo.

Mas agora o pesadelo acabou, já nem me lembro de nada, porque não há nada para lembrar, foi tudo um engano.Não tenho medo, não me escondo da verdade, não mascaro a realidade. Não quero dar uma imagem que não corresponde ao que sou. Não gosto de enganar. Não sei enganar!

Não quero ser criticado pelo que não sou, mas não me importo de o ser pelo que sou, com lealdade e frontalidade.


A minha memória ficou apagada e não tem nada de bom para recordar, para além do amor dos e pelos filhos e da amizade dos e pelos verdadeiros amigos.O resto foi apenas uma pedra insignificante em que eu tropecei.


Uma pequena pedra dura que se acha uma montanha. Ferido de amor também fiquei com a ilusão de que a pedra era de facto uma montanha.


Enganei-me, mas custou a perceber.Já dizia Churchill: pode-se enganar muita gente durante muito tempo, mas ninguém consegue enganar toda a gente todo o tempo.Agora que acordei do pesadelo, as dúvidas transformaram-se em certezas. Há sempre um dia em que as pessoas acordam.


Não é verdade?Não ouvirão mais lamentações ou queixas, nem acusações, da minha parte. Já não me interessa nada. Varri da minha memória o que não interessa, pois de outra forma corria o risco da loucura.Eu não quero enlouquecer, quer ser a pessoa que sou e que não estava a ser.


Quero ser boa pessoa, quero reconquistar a capacidade de amar e de viver. Pois aqui estou eu.


Nunca ameacei ninguém a não ser a mim próprio. Sou uma pessoa de paz. Sou tolerante, mas exijo que também o sejam comigo. Sou frontal, mas dos outros espero frontalidade. Quando amo quero ser amado.Só quem não ama, ou não tem capacidade de amar, não comete loucuras.Tenho muito, tenho tudo.


Amo e sou amado pelos meus filhos. Amo e sou amado pelos amigos. Que mais posso querer?


Todos me aceitam como sou, com os meus defeitos e com as minhas qualidades. Todos me ajudam a mudar naquilo que devo mudar, sem deixar de ser quem sou. Sem acusações.Não posso ser frio e calculista, porque sou sensível e emotivo. Não posso ser egoísta, porque sou solidário.


Nisto não posso nem quero mudar, mas posso estar mais atento e estarei. Mas posso ser mais interveniente e serei.Fui à beira do mar, peguei na pedra e, com todas as minhas forças, atirei-a para bem longe.


Seguiu aos saltos e a chapinhar tudo que estava perto de si . Adeus pedra, vai para bem longe e fundo onde poderás estar rodeada de outras pedras como tu e sentires-te aconchegada e confortável.

Todas as outras pedras são iguais, não tens mais nada com que te preocupar.Já não sinto amor, já não sinto mágoa, nem raiva, nem rancor, nem dor. Já não sinto nada, apenas alívio e indiferença.


Sei que um dia tropeçarei numa "coisa" fôfa, meiga, sensível, emotiva, amiga, solidária e autêntica que será do tamanho que quiser ser e que saberá aceitar-me tal como sou e então ambos poderemos construir de facto uma relação em que 1 e 1 seja sempre 1 + 1 e não 2.Ponto final, parágrafo.

Dá-se início ao novo capítulo.”

O MEU COMENTÁRIO


O texto tem muitas “agarras” e se houver fé há salvação. E um bocado de força também e preciso. Mas isso há....

Peço aí um comentário à malta da minha geração sobre o texto.

Entretanto aí vai um abraço do

João Brito Sousa


PS – Vou publicar o texto com toda a consideração e respeito pelo autor.

5 comentários:

  1. Certezas...

    O texto apresentado vem certamente - esta é a minha opinião - de uma personalidade difícil e complexa, de alguém demasiado convencido das suas superiores qualidades e capacidades.

    Passar por dúvidas, pelo pesadelo e reencontrar a paz de espírito é um ciclo natural na vida de qualquer ser humano. Mas nem todas as personalidades completam tal ciclo. E não me parece que seja deitando a pedra ao mar que a paz de espírito se reencontre. Será mais fácil encontrá-la na reconciliação e contornando as agressividades da pedra.

    Ninguém consegue borrar da memória, em definitivo, as causas e as consequências de um pesadelo vivido, porque esse não é um acto dependente apenas do querer. Infelizmente, para quem o viveu, esquece-lo não é tão simples como jogar a pedra ao mar...Podem-se atenuar ou amenizar os efeitos ou provocar o espaçamento da sua evocação. Pode-se! Nunca apagá-lo da memória!
    Naturalmente, conseguir tomar a decisão de pretender esquecer é, em si mesmo, uma grande ajuda para esse amenizar.

    Repare-se que o autor se espraiou em lamentações, queixas e acusações. Atitude que, diz, está agora decidido a mudar.
    A auto descrição da personalidade apresentada, parece-me mais como procurando colocar as culpas todas da causa do pesadelo exclusivamente na pedra.
    Um ser de paz, tolerante e boa pessoa é dada naturalmente a cedências na procura da harmonia nas suas relações. Paz e tolerância são predicados que conduzem à desculpa, ao perdão e que contribuiem para suavizar os inconvenientes que a pedra representa no nosso caminho.

    Ser frontal significa ter a capacidade suficiente para enfrentar o esclarecimento das dúvidas, de imediato, não deixando que elas se avolumem e venham a provocar a inevitável e colérica explosão. A explosão que só pode levar a que se tenha que deitar a pedra ao mar. A explosão que impede que , frontalmente, se tenha burilado as arestas da pedra, por mais contundentes que elas sejam.

    Anote-se a incongruência desta personalidade: não é egoista porque é solidário. Tudo bem! Mas, "quando ama quer ser amado"!! Como?! Não percebo...
    Amar é dar-se, desinteressadamente!
    Amar é projectar-se no amado, sem retorno!
    Amar é ceder permanentemente para felicidade do ser amado!
    Amar é ser cego face às irregularidades da pedra!


    Que me desculpe o autor do texto mas não me pareceu sincero no seu desabafo. Senti-o mais como um recado do que uma análise bem introspectiva.

    Que a mudança que, diz, se propõe levar a cabo, lhe traga a felicidade de encontrar o tipo de pedra que deseja. Mas que opere a mudança! Para que possa conservar a nova pedra por longos e felizes tempos!


    arnaldo silva
    felizmente reformado

    ResponderEliminar
  2. PORTO, 2007.09.18

    Pela isenção e rigor com que tratas as coisas, acho o teu comentário excepcional, que deveria ser lido e discutido com o autor.

    Comuniquei-lhe o facto mas ainda não apareceu a terreirro.

    Já não tenho certezas....

    Para ti meu caro, um abraço do

    João Sousa

    ResponderEliminar
  3. Obrigado Arnaldo pela clarividência de quem está fora da questão, não há dúvida que me ajudou a ajustar algumas das incongruência que admito existir.

    Seja como for este comentário deixou-me matéria de reflexão, entretanto no original acrescentei uma ou outra pequena alteração, mesmo antes de ler o seu comentário.

    Só quero acrescentar que não ponho todas as culpas na pedra, eu acho que o digo no texto, mas provavelmente não sou claro, apenas reclamo o direito a ser ouvidao, ou reclamava, agora já não importa. Estou de facto muito magoado e o grande problema é que considero que eu é que não soube, no momento certo, dar a resposta certa e por isso perdi o que mais amava.

    Provavelmente continuaremos a discutir o tema.

    ResponderEliminar
  4. Caro Arnaldo:

    Um pequeno reparo, se deixei a imagem de "alguém demasiado convencido das suas superiores qualidades e capacidades", isso não corresponde à verdade e por isso aqui me penitencio. Não´esse o entendimento que tenho sobre mim próprio, infelizmente a minha auto-estima está até demasiado por baixo.

    Obrigado pela frontalidade

    ResponderEliminar
  5. Incertezas

    Ao amigo spiritwolf

    "Provavelmente continuaremos a discutir o tema"

    Não sou, não pretendo ser e não tenho qualidades para conselheiro sentimental. Tão pouco passei por estudos académicos que me habilitem a caminhar por este tema com a propriedade de um "expert".
    Muito menos me habilitam conhecimentos empíricos pessoais, uma vez que roturas de amores só aconteceram na longínqua juventude.

    Mas aquele "provavelmente", coadjuvado pelos ensinamentos que esta academia da vida nos vai aportando e ainda a vivência de um casamento de quase quarenta anos deram-me alento para tecer mais algumas considerações sobre as causas de uma separação de um casal.

    Assim sendo, vou dizer que só vejo duas causas para uma separação, a saber:

    - A fragilidade dos sentimentos de uma das partes, o que permite o seu interesse por outra pessoa. Nada a fazer da nossa parte para evitar a rotura. Ponto filnal!

    - A conduta das partes envolvidas na relação face ao comportamento do oposto. Muito a dizer. Muito a fazer. Muito a mudar. Muito a ajustar.

    A vida a dois, baseada em sentimentos recíprocos do sentimento "gostar", pode ser sempre duradoira e geradora de bem-estar para ambas as partes, não obstante os escolhos que, inevitavelmente, surgem no quotidiano desenrolar dessa relação.

    É tão simples quanto seja fácil dominarmos as naturais manifestações de perniciosos e inatos sentimentos como orgulho, egoísmo, teimosia, superioridade intelectual ou preconceitos de machismo.

    Sinceramente penso e defendo que uma relação a dois só vai longe quando ambas as partes, sentindo afecto uma pela outra, conseguem evitar que os efeitos das emoções produzidas por aqueles sentimentos se façam sentir de forma dominante. É que, não sendo assim, parte-se para a agressão verbal com toda a facilidade, contribuindo para o esfarelar dos sentimentos de afecto, convertendo-os em conceitos de recriminação.
    Consentir que o orgulho ou o egoísmo impeçam a tolerância ou a predisposição para desculpar comportamentos a nossos olhos faltosos é, em meu entender, o passo de gigante para quebrar a união de uma relação.

    O segredo, nada oculto nem secretamente guardado por uma infinidade de sucessos de casais de longa longevidade, reside simplesmente na capacidade de terem aprendido a ceder. Sim! A vida a dois é exactamente isso: um contínuo, sucessivo e permanente intercâmbio de recíprocas cedências.

    Isso de "ser frontal e esperar frontalidade dos outros"; de quando "se ama querer ser amado pelos outros"; de "não poder nem querer mudar"; de ter que ser aceite pelos outros "com os nossos defeitos e as nossas qualidades"; tudo isso não liga, não se pode conjugar, muito menos se deve pôr em prática numa relação que se pretende perene e frutuosa com o ser a quem se quer.

    Pensa nisso, amigo.

    Com os repeitos do

    Arnaldo silva
    Felizmente reformado

    ResponderEliminar