sexta-feira, 17 de agosto de 2007

LITERATURA


VERGÍLIO FERREIRA

Continuo às voltas com o Vergílio. Tem umas coisas boas, outras muito boas e outras que não percebo nada. Estou a ler agora o "PENSAR". Abro ao acaso e retiro do ponto 185 da págna 143, o seguinte: «Deixai entrar a morte, a iluminada/ a que vem para me levar»: São versos da Florbela Espanca. Ela vivia a vida com intensidade dobrada... (fecho o livro).

Tenho reparado na leitura do Vergílio, que aquela coisa de ter frequentado o Seminário do Fundão, arranjou na pessoa do escritor Vergílio Ferreira um inimigo de Deus. Eu estou de acordo com isto porque Deus nunca nos veio ver nem dar uma ajuda nos tempos difíceis. Não foi Pessoa que disse... nunca o vi?....

Estou convencido que este problema da existência ou não de Deus, esgota um bocado as pessoas. Não sabemos o que fazer nem para onde ir. É que as coisas não correm mal na vida; correm sempre mal porque não se sabe o que é isso de correr bem. O culpado disto é o povo que diz: tudo corre bem quando acaba bem. O diabo é que esta coisa da vida nunca acaba bem e tem na sua ponta final o seu grande nó cego.

O Raul Brandão é que diz que: "ou a vida é um acto religioso- ou um acto estúpido e inútil"

Toda a literatura de Vergílio Ferreira anda à volta de desvendar este problema da vida. Florbela quis vivê-la intnsamente e, de tal modo o fez, que tomou os comprimidos às onze horas da noite e entretanto pediu à criada para não a acordar.

Foi a intensidade da vida a funcionar.

E tu, estás preparado para a tal intensidade?....

João Brito Sousa

1 comentário:

  1. Amigo Brito,
    Folgo em verificar que a "rentrée" nestas andanças das coisas da Literatura e suas publicações no Blog vem retomando o ritmo, a intensidade e a qualidade que se vinha desfiando até à partida para férias, presenteando-nos com temas de qualidade e interesse irrefutáveis.

    Estamos aí, contigo. Disponíveis para receber e comentar. E para demonstrar ao Raúl Brandão que a vida não tem que ser necessarimaente e não o é, em definitivo, um acto religioso e muito menos é um acto estúpido e inútil. A vida é simplesmente a vida! E cada um de nós tem uma vida. Própria. Pessoal. Distinta de todas as outras vidas de todos os outros viventes. Dizer que a vida é um acto estúpido e inútil apenas porque se sabe de antemão que ela não é eterna é no mínimo característico de um ser que não aprendeu a viver. A vida vive-se numa permanente e renovada corrente de sentimentos. É na qualidade desses sentimentos que reside a utilidade e a qualidade da vida.

    Esqueça-se o pessimismo de Raúl Brandão!

    Viva-se a vida! Por ela, com ela e para ela! Sempre!

    Arnaldo silva
    Felizmente reformado

    ResponderEliminar