segunda-feira, 20 de agosto de 2007

UMA FIGURA DA PRIMEIRA REPUBLICA

(Afonso Costa)


AFONSO COSTA

«É opinião minha que, se o País está moralmente em baixo, é por causa da monarquia e do Trono...»

Março de 1980

Foi, no seu tempo, o mais amado e simultaneamente o mais odiado dos políticos republicanos. Afonso Costa pertence àquela pequena galeria de homens, que passaram à História envoltos por lendas. Ora idealista e patriota. Ora ambicioso e sem escrúpulos. Ora democrata. Ora ditador. Chegou dele a dizer-se que batia na mãe.. .

Nasceu «fraco, com escrófulas e achacado» a 6 de Março de 1871. A sobrevivência seria a primeira grande luta ganha por Afonso Costa, que veio ao mundo na freguesia rural de S. Tiago, a três quilómetros da Vila de Seia, junto à serra da Estrela.
Professor Catedrático de Direito advogado de sucesso, era, contudo no campo da política, que se sentia como peixe na água. Era um homem de acção e de dinamismo exacerbado. Que gostava de grandes lutas De «aperto de mão forte» e «presença segura». Sabia definir uma estratégia, planificar uma táctica e distinguir os objectivos imediatos e de longo prazo. Tinha habilidade para a intriga, para manipular nos bastidores da política, para dissimular, insinuar e mentir quando necessário. «Pazes políticas» eram com ele.

Formara-se numa cultura académica profundamente influenciada pelo Positivismo de Augusto Conte, cuja doutrina inspirava um entendimento linear da História da Humanidade, onde a nova ciência social se poria ao serviço do colectivo. Numa altura em que a «questão social» tomava conta do pensamento europeu., Afonso Costa, profundamente influenciado pela cultura francesa, viu na República um instrumento de mudança social. Dizia ele: «Se há um facto característico no começo do século XX é a ascensão das classes trabalhadores à vida política.

Durante o período de oposição à monarquia, Afonso Costa só acidentalmente se referia ao socialismo. Apresentar-se-ia, fundamentalmente, como o defensor de um regime, a República, que para ele era o único capaz de assegurar as liberdades fundamentais, o poder civil, acima de qualquer outro, a democracia (O sufrágio universal), a moralização da administração pública, o interesse nacional face às grandes potências e a justiça social.

Afonso Costa ambicionou para a família o que o mais acabado burguês lisboeta poderia aspirar. Um pequeno mundo organizado, hierarquizado e próspero, afectuoso, tranquilo e orgulhoso. Mas, foi afastado do País, silenciado pela ditadura despede-se da vida quase em silêncio.

Teria sido um bom político?

Não há bons políticos.

João Brito Sousa

Sem comentários:

Enviar um comentário