terça-feira, 7 de agosto de 2007

AO ALENTEJO

(planície alenetjana)


NA BIBLIOTECA Almeida Grarett

PORTO, 2007.08.07

Com José Régio.


Ao MANEL PIORNA,
esse camarada de enorme talento de quem tenho grande saudade.

Caro Manel, como sei que gostas de declamar poesia, aí te envio este maravilhoso poema (incompleto) do Régio.


PORTALEGRE


Em Portalegre, cidade
Do Alto Alentejo, cercada
De serras, ventos, penhascos, oliveiras e sobreiros,
Morei numa casa velha,
Velha, grande, tosca e bela,
À qual quis como se fora
Feita para eu morar nela.

Cheia dos maus e bons cheiros
Das casas que têm história,
Cheia da ténue, mas viva, obsidiante memória
De antigas gentes e traças,
Cheia de Sol nas vidraças
E de escuro nos recantos,
Cheia de medo e sossego,
De silêncios e de espantos,
_ Quis-lhe bem como se fora
Tão feia ao gosto de outrora
Como ao do meu aconchego

Em Portalegre, cidade
Do Alto Alentejo, cercada
…………………………..
…………………………


AO HOMEM ALENTEJANO


Não terminei a poesia do Régio para divagar por essa paisagem distante e longínqua que é o Alentejo!...

Tudo no Alentejo é poesia. Ouvir cantar Vitorino, Janita, Trio Odemira e companhia ou ouvir um melro no campo, é ficar preso ao prazer de viver ou à beleza da vida. O sobreiro é o Deus dos alentejanos e é o meu também.

O homem alentejano é um homem inteligente e estabeleceu um pacto de não agressão com a vida. A vida essa preocupação constante e que para o alentejano é uma pequena dádiva de Deus, essa coisa que só um alentejano sabe manejar.

E aquela anedota que contam dos alentejanos, mas que era bom que fosse verdade:- compadre, qual é o caminho mais perto para apanhar ainda a caminete das três? E diz o alentejano, por aqui, vira aquelas casas além em baixo e são mais três quilómetros. E diz o outro alentejano, não faça isso homem, vá por aqui junto aquele trigal e são só mais quinhentos metros.

O lisboeta foi e os dois compadres ficaram. E diz um, compadre então …por aí…. E diz o outro, você não vê que ele indo por aqui, apanha o touro do Joaquim Preto e ainda vai mas é apanhar o autocarro ads duas…

AOS ALENTEJANOS


Todos eles são homens de paz e sabedoria.
Homens justos, homens de bem e competentes!...
Só eles sabem quanto é grande essa alegria
De produzir para dar de comer a toda a gente...

É o Alentejo que produz e alimenta a malta !...
É o alentejano que canta no rancho como o rouxinol.
É ali que se vê o que é que o País ainda tem falta.
Se é preciso trablhar ou não do nascer ao por do Sol.


Velho alentejo das ovelhas e também dos cantores
Digam lá se é preciso ir à CEE buscar mais pastores
Ou se os que temos já é suficiente para guardar o gado?..


Não queremos que vos falte nada ó povo dum cabrão
Sem ofensa e à memória de todos os que já lá estão
Daqui vai, por toda a ajuda que me deram o meu obrigado...




João Brito Sousa

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