sexta-feira, 3 de agosto de 2007

TERRA DE EXÍLIO

(interior da Igreja de Santa Bárbara de Nexe)


TERRA DE EXÍLIO ...

Este texto, TERRA DE EXÍLIO, que respeitosamente retirei do APCGORJEIOS, deu-me que pensar. E é em forma de poema que o apresento a seguir.

TERRA DE EXÍLIO.
Por aqui tudo sempre na mesma,
as horas são imitações das horas
os dias dos dias os anos dos anos,
os amanhâs futuros são manos
gémeos dos passados, as moras
de mudança perfazem uma resma
escrita e falada quase centenária,
aqui figueiras dão os mesmos figos,
alfarrobeiras as mesmas alfarrobas,
mentes bobas geram mentes bobas,
o mal dos novos já era dos antigos,
falas daqui não têm reunião camarária.
Por aqui tudo igual tudo velho,
líquidos sujos ou limpos não têm canudos
ligados às recomendações europeias,
estrada são vagas de ondas cheiasrepetidas de buracos
beiçudostrinca- pneus acidentes avarias,
espelhoretrovisor do respeito que mandantes
votam a quem por amor suporta cá viver
e não no dormitório ou villa empurrados por leis- quadro
que destilao exílio na terra ou venda dela...

(retirado do APCGORJEIOS)


O QUE ME APETECE DIZER.


Adorei ler esta coisa É profundo o que o texto nos transmite. Fiquei um pouco nostálgico e simultaneamente com saudade de qualquer coisa. O título leva-me para longe, para Paris, onde no parque próximo de sua casa, o “Farrobeirão Bravo” foi ver o combate de boxe , e, não sendo aquilo nada com ele, entra no ringue e prega uma rasteira à algarvia no principal pugilista, que caiu no solo, provocando risada geral.

E o Farrobeirão bateu a asa.

É este o conteúdo de uma crónica que escrevi para o Jornal “A AVEZINHA” de Paderne e foi publicada hoje.

Apetecia-me hoje bater a asa.

Tão bonito como este poema “TERRA DE EXÍLIO”, retirado do APCGORJEIOS, só aquela cena no 1º de Maio deste ano, na Praça dos Aliados, quando o actor Zeca Medeiros entrou em palco e começou a cantar Zeca Afonso, no tema,


VEJAM BEM...
Que não há
Só gaivotas
Em terra...
Quando um homem
Se põe
A pensar.


( M A R A V I L H O S O).


Por aqui não poderá ser tudo sempre na mesma. E as horas não poderão ser iguais. Terra de Exílio não. Estou aqui por que quero. Fui eu que decidi estar.


TERRA DE EXÍLIO


Recuso-me a ser um exilado nesta Terra!....
Quero estar nela porque é nela que quero estar...
E todos os dias e horas são para dela desfrutar
Do mesmo prazer que teria se subisse a serra....

Onde uma vez lá chegado e o cansaço vencido...
Poderia admirar tudo no silêncio da tarde amena.
E concluir então que a minha alma não seria pequena
Por ter a possibilidade de saborear do prazer obtido.

A vida não é outra coisa que não isto: saborear!...
É nesse pequeno pormenor que nos devemos apoiar,
E deixar para trás todas essas coisas das imitações...

Horas só imitam horas... se nós a isso nos dispusermos,
E os dias, só dias e os anos só anos só se nós quisermos
Mas penso que por aí não.... daí só vêm desilusões....

João Brito Sousa.

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