sexta-feira, 17 de agosto de 2007

MODERNISMO, em mário de sá carneiro

(mário sá carneiro)

O MODERNISMO EM MÁRIO SÁ CARNEIRO



Hoje, dia de todos os demónios
Irei ao cemitério onde repousa SÁ-CARNEIRO
A gente às vezes esquece a dor dos outros
O trabalho dos outros o coval
Dos outros


Ora este foi dos tais a quem não deram passaporte
De forma que embarcou clandestino
Não tinha política tinha física
Mas nem assim o passaram
E quando a coisa estava a ir a mais
Tzzt... uma porção de estricnina
Deu-lhe a moleza foi dormir

Preferiu umas dores no lado esquerdo da alma
uns disparates com as pernas na hora apaziguadora
herói à sua maneira recusou-se a beber o pátrio mijo
deu a mão ao Antero, foi-se, e pronto,
desembarcou como tinha embarcado

Sem Jeito Para o NegócioMário Cesariny, Discurso sobre a Reabilitação do Real Quotidiano,1952

Em Sá CARNEIRO a imagem da ponte é-lhe uma das mais gratas para exprimir a passagem do eu para o outro.
"Eu não sou eu nem sou o outro,
Sou qualquer coisa de intermédio:
Pilar da ponte de tédio
Que vai de mim para o outro
O drama de Mário Sá Carneiro é ficar no meio da ponte, perplexo e indeciso: O seu drama é não permanecer «aquém» nem chegar «além», como nos diz no poema «QUASE»
«Um pouco mais de sol- eu era brasa,
Um pouco mais de azul- eu era além
Para atingir, faltou-me um golpe de asa
Se ao menos eu permanecesse «aquém»

João Brito Sousa

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