segunda-feira, 27 de agosto de 2007

REFLEXÃO FILOSÓFICA

(Fiódor Dostoievki)

O texto que se segue é da autoria de Fiodor Dostoievski, in "Diário de um Escritor.

O título do texto, bastante sugestivo até, é como segue: “Os Verdadeiros Burros e os Falsos Loucos “

Agora segue o texto.

“O mais esperto dos homens é aquele que, pelo menos no meu parecer, espontaneamente, uma vez por mês, no mínimo, se chama a si mesmo asno..., coisa que hoje em dia constitui uma raridade inaudita.

Outrora dizia-se do burro, pelo menos uma vez por ano, que ele o era, de facto; mas hoje... nada disso.

E a tal ponto tudo hoje está mudado que, valha-me Deus!, não há maneira certa de distinguirmos o homem de talento do imbecil. Coisa que, naturalmente, obedece a um propósito.

Acabo de me lembrar, a propósito, de uma anedota espanhola.

Coisa de dois séculos e meio passados dizia-se em Espanha, quando os Franceses construíram o primeiro manicómio: «Fecharam num lugar à parte todos os seus doidos para nos fazerem acreditar que têm juízo».

Os Espanhóis têm razão: quando fechamos os outros num manicómio, pretendemos demonstrar que estamos em nosso perfeito juízo.
«X endoideceu...; portanto nós temos o nosso juízo no seu lugar». Não; há tempos já que a conclusão não é lícita.

QUEM É FIODOR?

Fiódor Mikhailovich Dostoiévski, em russo Фёдор Миха́йлович Достое́вский, (Moscovo, 11 de Novembro de 1821São Petersburgo, 9 de Fevereiro de 1881) foi uma das maiores personalidades da literatura russa. Por vezes grafado como Fyodor Dostoievsky, é tido como o fundador do existencialismo, mais frequentemente por Notas do subterrâneo, o qual é descrito por Walter Kaufmann como "melhor proposta para existencialismo já escrita.


Seu pai era médico e sua mãe morreu quando ele era ainda muito jovem. O suposto assassinato de seu pai, o Dr. Mikhail Dostoiévski, pelos próprios servos de sua propriedade rural em Daravoi, exerce enorme influência sobre o futuro do jovem Dostoiévski e motivará o polêmico artigo de Freud: Dostoiévski e o parricídio.

Estudou contra a vontade numa escola militar de Engenharia e entregou-se febrilmente à leitura dos grandes escritores de sua época. Teve também, as suas primeiras experiências dramáticas sob influência de Schiller e Pushkin (Maria Stuart e Boris Godunov). Teve sua primeira crise de epilepsia aos dezessete anos, depois de saber que seu pai fora assassinado pelos próprios colonos, que viam nele um homem demasiadamente autoritário. Deixou o exército aos 22 anos para consagrar-se na carreira literária.

Trabalhou como desenhador técnico no Ministério da Guerra, em São Petersburgo. Fez traduções de Balzac e George Sand. Aluga, em 1844, uma casa em São Petersburgo e dedica-se à escrita de corpo e alma.

O MEU COMENTÁRIO

Não sei e o homem vai por aí, auto intitular-se de asno?!....

Nunca ouvi ninguém dizer isso. O que oiço é dizer por aí... SOU O MAIOR. Será que dizer isso, nem que seja uma vez por mês, não baixará a moral. Eu não vejo vantagens....

Concordo que seja difícil distinguir o homem de talento do homem imbecil. Mas haverá sempre uma pista.

A obra feita por cada um dirá do seu valor.

Eu considero o Homem um herói, porque se fez a si próprio, com mais ou menos roubalheira.


Agora não poderá nunca, mesmo espontaneamente de menos apto.

Eu nunca penso isso... e só fui bom aluno até à quarta classe, onde fiquei distinto. Daí para afrente foi só borrada.

Mas não me lembro de me ter auto intitulado de asno. O MAIOR .... SEMPRE.

João Brito Sousa

3 comentários:

  1. É MUITO DIFÍCIL SER HOMEM. Ernest Hemingway... Escribo sobre el autor norteamericano en mi blog, entrada "Pelo y pluma literaria".
    Escribo en castellano.
    saludos

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  2. " Eu sou um asno!"

    Absolutamente de acordo com a análise e a crítica do expoente máximo da literatura russa.

    Hoje só encontramos o Homem que se auto intitula de " o melhor", o "mais capaz", o "super".

    Em minha interpretação, o que Dostoievsky pretende com a sua afirmação de que "já não há homens que se auto intitulem de asnos" não é mais do que a constatação de que a vaidade humana se instalou de tal forma em cada um de nós que nos impede de reconhecer os erros que cometemos.

    "Eu sou um asno!" é a expressão adquada que se deve deixar escapar para quando o resultado de uma intra-reflexão, consciente e honesta, sobre um acto ou uma atitude tomada, se apresenta erróneo. E no reconhecer "que sou um asno" está todo o enaltecer da personalidade do Homem vertical, do homem que sabe confessar os seus defeitos, não fugindo a enfrentar as consequências dos seus erros ou escudando-se em subterfúgios para esconder ou desculpar o indesculpável.

    "Eu sou um asno!", é uma expressão que ficaria muito bem ouvir-se hoje a muitos dos nossos políticos.
    Se assim fora, digo que o crescente descrédito que vai reinando entre os eleitores, face às incongruências de atitudes dos políticos que se passeiam na nossa praça, estaria em franco desvanecimento.

    Não é assim, infelizmente!

    "Eu sou um asno!", como acto de contrição, é algo que só enobrece quem assim se expressa!
    Mas, pelo que se vai vendo, asnos haverá muitos por aí, mas inconfessos!
    Como o grande escritor russo, também eu lamento que não se oiça nunca um "eu sou um asno!"

    arnaldo silva
    felizmente reformado

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  3. PORTO, 2007.08.26

    MEU CARO,

    Um comentário muito bem conseguido. Um abraço e parabens.

    João Brito Sousa

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