segunda-feira, 27 de agosto de 2007

O CORETO, NO JARDIM DE FARO

(coreto de Faro)

É quase sinónimo de bandas de música e ranchos de folclore. Mas, de bandas a tocar tenho apenas uma vaga ideia de as ouvir pelas ruas de Faro, não sei se banda da tropa se dos Bombeiros. Nunca vi tocar banda alguma no Coreto.

Numa das bandas que vi por aí a passar, lembro-me sim, que, o homem da frente era o João Larguito, que jogou à bola aí no Farense e em todo o lado, jogava a central mas na banda, era o cabeça de área, chamemos- lhe assim, porque era o que ia à frente dos outros todos.

Aquilo tinha que ver.

O João carregava um bombo daqueles valentes, fardado a rigor com luvas e polainas brancas, botas bem engraxadas de preto e dois cacetes nas mãos, um em cada uma, que tinham nas pontas uma espécie de chumaços revestidos a branco, cuja função era dar umas ripadas valentes no bombo.

Enquadrada numa procissão a banda tem um lugar de destaque e os músicos puxam do seu orgulho e sentem-se donos do mundo. E o João também era assim. Homem de brio...

Nessa matéria as bandas de música são intocáveis. Brio, é o que sentem quando integrados nelas e é, parece-me, o termo mais adequado.

Por isso dá gosto ver.

Vamos lá.

À cabeça da banda vai o comandante que transmite a cadência musical que, por sua vez é acompanhada da passada de cada um dos músicos, até que o homem dos pratos, que vai atrás, quando chega o seu tempo, esmaga um contra o outro, pás...pás.

Saltam depois os clarinetes e os trombones e depois o Larguito e era giro vê-lo a jogar, um dos cacetes que tinha na mão, ao ar, onde davam três voltas e na queda, apanhava-o e zás, vá ripada no bombo grande.

Não há palavras... para descrever a beleza da harmonia dos sons num banda.Nunca vi a banda no Coreto em Faro, no Jardim, em frente ao café Aliança. Quem estava por ali era o Seita que tirava retratos a lá minute, e eu ainda tenho um foto dessas tirada com a minha tia Silvina, ao pé de um cavalo de madeira, que o Seita tinha por lá.

Este Seita, tinha um irmão o Gregório, que jogou à bola no S.C.Patacão a central, era uma máquina e sabia tudo de bola. Ele, o Julião e o Salvador aguentavam a equipa. O Gregório era um tecnicista, tinha uma colocação no terreno fabulosa e aquilo era tudo dele.

No jardim, havia ainda três ou quatro engraxadores e o quiosque do Vieguinhas, onde o filho, o Carlos Alberto aparecia por lá às tardes a ajudar o pai na venda dos jornais.

E o Verdelhão, amigo do Carlos Alberto e costoleta, também por lá aparecia.

A decisão da construção do Coreto foi dada em 13 de Julho de 1893 em sessão de Câmara, tendo, ao que parece, as obras começado no ano seguinte. Foi responsável pelo projecto a Companhia Aliança do Porto.

João Brito Sousa

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