sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

LITERATURA

O CAVALO A TINTA DA CHINA
Armando Baptista-Bastos

O CAVALO A TINTA DA CHINA de Baptista-Bastos, é uma obra que fala da vida.

É linda de ler e foi escrita para se perceber a vida. É uma obra que faz pensar e isso deverá ser sempre o objectivo do escritor.. Pôr os leitores a pensar, a dar voltas à cabeça e prepará-las para a vida .Escritor que se preze tem esta preocupação.

O livro começa assim: “A vida parecia normal e nada corria bem. Mas não sabíamos quanto éramos felizes.”

A maneira de organizara as palavras dá-lhe um sentido estético enorme e produz uma grande riqueza de conteúdo pensante. Nota-se nesta obra quão importante é a perspicácia do escritor em arrastar o leitor para as grandes áreas do pensamento e da reflexão. A vida é, nomeadamente, o tema central das obras de Baptista-Bastos. A vida das pessoas parece sempre normal mas não é.

Às vezes corre mal e cabe-nos a nós tornar esse correr mal como uma situação de normalidade .Todas as vidas são sempre um esboço de qualquer outra coisa.

A obra é um monumento literário e permite-nos chegar à conclusão que é preciso ser-se muito bom para se viver com simplicidade. Trata também dos infelizes, porque esses também fazem parte deste rol que habitam neste vale de lágrimas em que vivemos.

Quem é infeliz devia viver mais tempo como recompensa. A realidade é uma coisa que não existe. O que existe é a realidade da nossa imaginação. Quanto mais sabemos mais nos falta saber. Ninguém repara nas coisas evidentes. Quando as pessoas têm capacidade de ser felizes, a felicidade aparece-lhes mais tarde ou mais cedo.

O livro trata da relação afectiva entre Francisco José Conde, que bebera uns copos a mais e Clara. Poso acompanhá-la diz ele, mas Clara nem o olhara e mandara-o logo à merda e andara mais do que depressa. Belo rabo», pensou...

A velhice é muito mais chata do que a morte. Porque a morte é assim, não se sabe como. A velhice começa de mansinho, mas de repente descobrimo-nos velhos. E velhos perguntamo-nos: a necessidade cria o interesse ou o interesse cria a necessidade?

Ao meu filho Manuel, grande de mais para um País tão pequeno.. Vemo-nos quando nos virmos (era a frase de Carmona). Desejava, porém, que entendessem a minha ânsia constante de chegar à banalidade...

Boa, muito boa, esta obra de Baptsta-Bastos.

João Brito Sousa


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