segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

DA IMPRENSA


ESPAÇO DE MANUEL ANTÓNIO PINA
Distinto jornalista do JN/Porto, poeta e pensador.

Gente lida é outra coisa.

Por outras, palavras,
Manuel, António, Pina

É perverso, eu sei, mas gosto de directores financeiros de partidos que citam Shakespeare. Porque, quando o director financeiro de um partido cita Shakespeare, é previsível que, mais tarde ou mais cedo, o presidente comece a citar Nabokov.

Conta o "Público", divulgando escutas ao ex-director financeiro do CDS juntas ao processo Portucale, que, após a vitória de Sócrates nas eleições, o ainda ministro Telmo Correia desapareceu do Ministério durante dez dias, tomado de angústia hamletiana quanto a assinar ou não assinar o despacho que permitiu à Estoril-Sol ficar com o edifício do Casino Lisboa (o que, a crer no que foi noticiado, só decidiu fazer "in extremis", na célebre "madrugada dos 300" da véspera da posse do novo Governo).

Assim, aquilo que poderia parecer apenas mais um caso político obscuro ganha a inesperada dimensão trágica de um homem em conflito consigo mesmo e com os seus fantasmas.

Imagino Telmo Correia diante do Espectro "Oh!, anjos e núncios do perdão, defendei-me!". E, depois, madrugada fora, com a "maquette" do Casino na mão: "Assinar ou não assinar, eis a questão".

Só falta uma tirada nabokoviana de Portas em qualquer escuta que venha à tona sobre o caso dos submarinos: "Uma revelação pode ser mais perigosa que uma revolução".

O MEU COMENTÁRIO

Parabens ao homem da cultura Manuel António Pina, pelos seus excelentes textos.

Publicação de
João Brito Sousa

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