(António Manuel Pina)
POR OUTRAS PALAVRAS
Artigo publicado no JN de Manuel António Pina.
POR OUTRAS PALAVRAS
Artigo publicado no JN de Manuel António Pina.
A novela "Casino de Lisboa" deveria ser incluída no Plano Nacional de Leitura de modo a instruir, desde pequeninos, os portugueses em ética política.
O argumento é simples e exemplar uma empresa obtém a concessão de um casino e pretende ficar com o edifício para si e não que ele, como a lei determina, reverta para o Estado. É preciso, pois, mudar a lei.
O problema é que as empresas não fazem (supostamente) leis. Quem faz as leis são os políticos que os portugueses elegem para, também supostamente, defender os interesses do Estado. A empresa faz então uns telefonemas e mete no assunto o líder e o director financeiro de um partido do Governo.
Ao mesmo tempo escreve ao ministro encarregado da coisa sugerindo-lhe uma "alteração cirúrgica" da lei, "insusceptível" de ser relacionada com o caso. O ministro altera a lei, a empresa mete o edifício ao bolso e todos são felizes para sempre. Às vezes, quando a história tem um "happy end" à altura, o ministro acaba no Conselho de Administração da empresa. Antes disso, se for preciso, o chefe (ou ex-chefe) do Governo vai à televisão explicar que foi tudo para "bem de Portugal" e perguntar: "Acham que eu ia dar um casino?". Obviamente (a história passa-se em Portugal, isto é, em sítio nenhum), ninguém lhe responde.
COMENTÁRIOS...
Recolha de
João Brito Sousa
19:40
ResponderEliminarVergonhas Políticas
Ainda não percebemos muito bem esta coisa de se ter dado, "de mão beijada", algo que é património do Estado - nosso, portanto - através de joguinhos de despachos ministeriais assinados à pressa e de alterações de leis, cirurgicamente operadas. Mas o que custa mais a engolir é que a culpa, como sempre, neste País, volte a "morrer solteira"!!
Na TV viu-se, de facto, um antigo primeiro ministro perguntar-nos se o consideramos suficientemente idiota como que "para dar um Casino" - o "idiota" é da minha autoria.
Na Rádio ouviu-se o ministro demissionário que assinou "de empreitada" TRESENTOS (!!!???) despachos, entre os quais estaria o tal, dizer que isso será uma prática que não surpreende!
E cá o Zé, isto é, os pacóvios pagantes de impostos, os que não podem fugir a eles dado que a Entidade Patronal fica logo com essa parte aquando do abono do parco ordenado ou da mísera pensão, fica a pensar como é possível que seja ele a suportar e a pagar a "entrada nos eixos" de um déficit que ele não criou, enquanto se regala a uma sociedade exploradora de jogos de sorte e azar um edifício que, vendido pelo seu justo valor, ajudaria sobremaneira a "carrilar" esse déficit ?!
Diz o povo que "quem dá e tira, vai para o inferno!". Logo, o edifício está dado e dado vai ter que ficar! Nada de julgar e condenar quem desbaratou património nosso! Isso será noutra República. Nesta, o poder conferido pelo voto eleitor, confere também imunidade às medidas irresponsáveis de quem deveria saber administrar convenientemente o que foi entregue à sua custódia.
E vamos vivendo... E, como diz o autor do artigo, aprendendo as éticas políticas. No nosso País. Do nosso país!
Arnaldo silva
Felizmente reformado