quinta-feira, 1 de maio de 2008

NOS BRACIAIS NO ZE RAIMUNDO


NOS BRACIAIS, À DO ZÉ RAIMUNDO


Quando eu cheguei já lá estava a malta. Hoje é quinta feira e é dia de petisco

Bom dia rapaziada, disse eu.

Bom dia disseram eles.

Encostei-me ao balcão, pus-lhe em cima o cotovelo direito, e, do antebraço que vinha para cima, encostei o queixo à mão que ficava no extremo desse braço e fazia uma espécie de apoio à cara, que quase parecia uma estaca.

A malta do campo faz isso muitas vezes quando vai `a taberna comprar tabaco, ou procurar trabalho ou beber um copo de aguardente ou beber uma cerveja, encosta-se ao balcão e coloca lá o cotovelo e depois encosta a cabeça à mão. . e assim estão longas horas.

Foi nessa altura que eu perguntei ao FLORIVAL

Há quantos anos por aqui, pá?

P´ra í uns cinquenta anos. Eu corri isto tudo. Comecei aqui no Inácio Moreno e depois casei-me e depois comecei a negociar e montei aí a minha vida, que está aí à vista de toda a gente.

Eu saí daqui em 63 e agora é que estou de regresso. Houve aqui muitas mudanças?

É pá, sabes isto evoluiu, tudo evolui. Há cinquenta anos a vida era outra. Corríamos tudo. Éramos dez ou vinte moços, aos domingos íamos ao baile do Cavaco a Santa Bárbara e quando o baile acabava, lá vinha o baile do teso, eram homens valentes a jogar o teso e depois às tantas vínhamos embora e no domingo a seguir íamos lá outra vez.
A malta ia chegando para a petisqueira, uns eu conhecia outros não. Mas foi uma festa

Texto de
João brito SOUSA

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