quinta-feira, 29 de maio de 2008

NO PORTO É ASSIM; ESCREVE-SE APENAS.OPINIÃO


1 ) VENHAM MAIS VOZES
OPINIÃO
Gomes Fernandes, Arquitecto
(artigo retirado do JN de 21.05.2008)

O Governo quer fazer da frente ribeirinha lisboeta um "projecto de regime", empenhando verbas e capital político no assunto à boa maneira do que foi feito na Expo 98 ou no Centro Cultural de Belém.

É bom que seja entendido que a capitalidade europeia de Lisboa é essencial para a afirmação do país na Europa comunitária de que fazemos parte, mas daí a que se centralizem os grandes projectos e consequentes investimentos na sua cabeça político-administrativa vai, ou deve ir, alguma distância. Portugal não é só Lisboa e o resto "paisagem", assim como um país não se resume nem se pode rever só na sua capital, sobretudo, quando tal visão e consequentes tentações são a expressão directa dum centralismo fora de contexto e sem enquadramento europeu.Por isso, andou bem Francisco Assis, primeiro vereador do PS na Câmara do Porto, ao vir lembrar ao Governo, do seu Partido, que a cidade pela qual foi eleito para essa função, também tem uma frente ribeirinha para tratar e um projecto orientador para o efeito.

Ou seja, veio colocar-se ao lado do presidente da Câmara, adversário político mas presidente eleito pela maioria dos portuenses, numa questão essencial, que é lembrar ao Governo a pouca atenção que tem dado ao Porto. Acertada postura que só peca por escassa e tardia, mas que é um sinal de que há questões em que o interesse da cidade e da região se deve colocar acima das divergências partidárias. Seria bom que houvesse um mais alargado entendimento na exigência de atenção política para o Porto por parte da Administração Central, quer dizer do Governo, e que PSD e PS, pelo menos, olhassem a cidade com vistas largas e horizontes amplos e consertassem projectos estruturantes e a prazo, independentemente das alternativas no exercício do poder.

Um exemplo Assis chegou a falar na sua campanha na proposta de "um polis para os bairros camarários", ideia bem pensada e com "pernas para andar", mas não sei porque razão, passado esse período eleitoral, deixou cair o assunto e não mais voltou a falar nele. Custa-me aceitar que tenha sido por não ter conquistado a Câmara, pois isso seria uma visão menor da política que não faço a injustiça de lhe atribuir.

Agora avança com outra ideia do interesse da cidade, a do apoio do Governo à recuperação e reabilitação da frente ribeirinha do Douro, o que alguns terão visto como uma corajosa exigência mas de implicações partidárias e até ficarão melindrados por ele a ter feito, outros, como aqui a crónica, a apoiam e reforçam, por inteligente e estratégica, para além de oportuna.Goste-se ou não de Rui Rio ele tem sido um voz inconformada com a situação subalterna a que o Governo tem remetido o Porto em relação a Lisboa, veja-se o arrastamento da segunda fase do Metro, a indecisão sobre a questão do aeroporto Sá Carneiro, o tempo que demorou a "montar" a SRU, a falta da Autoridade Metropolitana de Transportes e outras pequenas questões avulsas mas que, tudo somado reflectem uma atitude mental e política que não deveria ser denunciada só pelo presidente da Câmara portuense e por figuras da sociedade civil fora dos partidos.

O PS/Porto, nestas matérias e noutras de interesse político regional, tem andado "a dormir", por incapacidade cultural ou desinteresse de compreender a importância disto para a cidade e a Região, deixando Rui Rio "capitalizar" sem muito esforço, porque os portuenses, mesmo não estando partidariamente com ele, reconhecem-no como "voz" inconformada e reivindicativa. Francisco Assis poderia e deveria ter-se feito ouvir mais, até por ser inteligente e bem preparado política e intelectualmente, daí que não deve deixar-se ficar, muito menos calar a voz que agora falou para ser ouvida.

Claro que exigências deste tipo ao Governo nada têm de pessoal ou discordante com a "carta de princípios O PS/Porto, nestas matérias e noutras de interesse político regional, tem andado "a dormir", por incapacidade cultural ou desinteresse de compreender a importância disto para a cidade e a Região, deixando Rui Rio "capitalizar" sem muito esforço, porque os portuenses, mesmo não estando partidariamente com ele, reconhecem-no como "voz" inconformada e reivindicativa.

Francisco Assis poderia e deveria ter-se feito ouvir mais, até por ser inteligente e bem preparado política e intelectualmente, daí que não deve deixar-se ficar, muito menos calar a voz que agora falou para ser ouvida.Claro que exigências deste tipo ao Governo nada têm de pessoal ou discordante com a "carta de princípios" do PS em relação ao Porto e ao Norte, pelo contrário, são uma via para que este partido se afirme e amplie a sua capacidade de influências na cidade e Área Metropolitana do Porto.

Não o entender é recuar defensivamente no terreno e isso, na altura da verdade eleitoral, terá o seu preço amargo. Penso que Assis o entendeu e, não sendo ao que tudo indica o próximo "challanger" de Rio, tem a visão de perceber que, tal como Régio, é altura de dizer "não vou por aí", até porque não leva a lado nenhum.

gomes.fernandes@europlan.pt
Publicada por
João Brito de Sousa

2 ) REGIONALISMO E REGIONALIZAÇÕES (2008.5.28)

Gomes Fernandes, Arquitecto
A Regionalização é um conceito de organização do Estado Democrático, de poder uno mas partilhado pelas diversas parcelas com potencial diferenciado do território, que assim podem contribuir de forma específica mas integrada para a valorização mais proveitosa de um País, sobretudo quando ele se integra e faz parte de uma comunidade alargada, como é o nosso caso da Comunidade Europeia ou Europa das Regiões.O Regionalismo é um valor potencial da natureza de um povo, com características e vontade própria e arreigada nas tradições e cultura específica, na maneira de ser e de se afirmar, até na capacidade de se organizar e corresponder aos desafios que lhe são colocados pelo interesse colectivo.
.O PS actual é centralista, goste-se ou não de ouvir isto, e encontrará sempre forma de contornar a "questão regional" enquanto for governo e tiver de o exercer "no fio da navalha". Não são precisos muitos exemplos para demonstrar isto e o Norte e o Porto são os grandes prejudicados, ainda para mais quando as debilidades estruturais são maiores.
É preciso que este tema seja mais discutido e que os Partidos do "arco do poder", PS e PSD, sejam confrontados pela sociedade civil com o problema grave que temos,

A fragilização progressiva do Porto e do Norte em relação à Galiza. Qualquer dia não seremos cabeça dessa eventual Euro-Região, mas só um apêndice com reduzido poder de influência.
Já acontece isso bastante no nosso posicionamento interno, em que o Porto e o Norte têm cada vez menos influência e "as vozes" que daqui se levantam já não provocam "pneumonias em Lisboa". Só falta agora que elas qualquer dia já não sejam ouvidas em Santiago.
E acreditem, caros leitores, já estivemos bem mais longe disto, do que hoje!
gomes.fernandes@europlan.pt

MEU COMENTÁRIO

A cidade do PORTO apenas escreve.... escreve.. escreve.....

NOTA: Este texto não está estudado. Amanhã vê-lo-ei melhor.

JBS

1 comentário:

  1. Pois "venham mais vozes", mas pergunto: onde pára a voz, neste caso escrita, do nosso amigo comum "felizmente reformado", que desde o dia 12 não nos brinda com nenhum dos seus brilhantes comentários!?
    Eu posso estar muito caladinha, mas quando noto qualquer ausência mais prolongada começo logo a ficar inquieta. Ele já vi que também é assim...coisas de "velhotes" como nós.
    Venha a terreiro se faz favor.

    Beijinhos

    Celina Inácio

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