AMAR O PORTO
Eu acho que a crónica do arquitecto Gomes Fernandes, publicada hoje no JN, deveria ter este título, AMAR O PORTO e não um “Venham mais vozes”.
Amar uma coisa ou uma cidade, como é o caso, vincula-nos a ela e a gente bate - se por ela, fazendo coisas, na defesa de uma causa. A cidade do Porto tem no 31 de Janeiro do alferes Malheiro, entre muito outros, um exemplo disso; consumou a revolta. Não disse “Venham mais vozes”... Apareceu e fez...
Esta coisa do “Venham mais vozes” não me agrada e faz-me lembrar até uma cena passada num restaurante daqui da Serpa Pinto onde resido. Eram 13 horas e o noticiário abriu com esta notícia: “Não há dinheiro para o Metro do Porto”... E logo um camarada aí de uns oitenta anos se levantou, e, em modos de ameaça, dirigiu-se para o canal televisivo que acabava de dar a notícia e disse: “Se fosse para Lisboa já havia”....
Ora, este comentário do meu companheiro de sala de almoço, cai mais dentro do título do arquitecto Gomes Fernandes, no “Venham mais vozes” do que dentro do meu “AMAR O PORTO”
Esta frase do arquitecto, contida no artigo de hoje,
“O Governo quer fazer da frente ribeirinha lisboeta um "projecto de regime", empenhando verbas e capital político no assunto à boa maneira do que foi feito na Expo 98 ou no Centro Cultural de Belém.”
tem a mesma tonalidade, parece-me, que a do meu camarada de sala de almoço e encaixa bem no “ Venham mais vozes”... do senhor arquitecto.
Mas admitindo que seja isso, “projecto de regime” ocorre-me perguntar: -“ essa coisa do projecto de regime é crime?.... a lei contempla esse aspecto da obra nessa óptica e condena-o?...
porque razão é que o argumento do senhor arquitecto é que está certo e o do Governo não?. Apenas por a obra ser em Lisboa?..
Aparentemente, o senhor arquitecto já deixou passar as obras que classifica de regime, que são a Expo 98 e o centro Cultural de Belém.. . Não sei qual foi o seu comportamento perante elas e estranho o facto de se insurgir agora, pedindo até que “venham mais vozes” ..
Não considero esta, como uma atitude de amor ao PORTO, que é pelo prisma que eu queria ver as coisas.
Dizer, que
“Portugal não é só Lisboa e o resto "paisagem", assim como um país não se resume nem se pode rever só na sua capital, sobretudo, quando tal visão e consequentes tentações são a expressão directa dum centralismo fora de contexto e sem enquadramento europeu.”...
é um comentário que poderia vir igualmente de Faro ou de Viseu ou de Évora. Mas não vem daí; sai, apenas, do Porto, o que eu não percebo.
Este desabafo do senhor arquitecto faz-me recordar aquela cena passada aqui no Porto, quando um residente da cidade, passou por um cego que tocava no seu acordeón o “cheira a Lisboa”.
Ao que parece, o nosso portuense, insurgiu-se contra o cego, dizendo-lhe, ó pá acaba com isso...
Porque seria?
Pode pensar-se que este “venham mais vozes..” possa conduzir ao meu “AMAR O PORTO”, mas se é isso, dispensemos a frase do senhor arquitecto..
Mas o curioso do artigo do senhor arquitecto é que, se a obra fosse feita no Porto parece-me que estava tudo bem. Deduzo isto das seguintes palavras do senhor arquitecto, quando escreve:
“Por isso, andou bem Francisco Assis, primeiro vereador do PS na Câmara do Porto, ao vir lembrar ao Governo, do seu Partido, que a cidade pela qual foi eleito para essa função, também tem uma frente ribeirinha para tratar e um projecto orientador para o efeito.”
E depois vem aquilo que me parece ser um lamento:
”Ou seja, F. Assis, veio colocar-se ao lado do presidente da Câmara, numa questão essencial, que é lembrar ao Governo a pouca atenção que tem dado ao Porto. Acertada postura que só peca por escassa e tardia..,
E depois uma reclamação:
“Seria bom que houvesse um mais alargado entendimento na exigência de atenção política para o Porto por parte da Administração Central, quer dizer do Governo, e que PSD e PS, pelo menos, olhassem a .cidade com vistas largas e horizontes amplos e consertassem projectos estruturantes e a prazo”....
E eu pergunto ao senhor arquitecto: - Se esse alargado entendimento fosse uma realidade estaria, na sua óptica , tudo bem? E porque é que estaria tudo bem se fosse assim?
É que o Reitor da Universidade do Porto, disse há dias que já chega de lamúrias e os senhores, respeitosamente, continuam..
É que já José Coelho de Sousa dizia em “O PALÁCIO DE CRISTAL”, o seguinte: “Pode dizer-se que em 1861, os objectivos da nóvel sociedade eram um conjunto de promessas aliciantes, em 1865, elas estavam genericamente cumpridas mesmo que para tal, tivesse sido necessário lutar com enormes dificuldades e vencer inúmeras resistências e más vontades tanto no Porto quanto no País, sobretudo provenientes da capital.
Mas o que o senhor arquitecto fala vem desde 1865?
Eu acho que a crónica do arquitecto Gomes Fernandes, publicada hoje no JN, deveria ter este título, AMAR O PORTO e não um “Venham mais vozes”.
Amar uma coisa ou uma cidade, como é o caso, vincula-nos a ela e a gente bate - se por ela, fazendo coisas, na defesa de uma causa. A cidade do Porto tem no 31 de Janeiro do alferes Malheiro, entre muito outros, um exemplo disso; consumou a revolta. Não disse “Venham mais vozes”... Apareceu e fez...
Esta coisa do “Venham mais vozes” não me agrada e faz-me lembrar até uma cena passada num restaurante daqui da Serpa Pinto onde resido. Eram 13 horas e o noticiário abriu com esta notícia: “Não há dinheiro para o Metro do Porto”... E logo um camarada aí de uns oitenta anos se levantou, e, em modos de ameaça, dirigiu-se para o canal televisivo que acabava de dar a notícia e disse: “Se fosse para Lisboa já havia”....
Ora, este comentário do meu companheiro de sala de almoço, cai mais dentro do título do arquitecto Gomes Fernandes, no “Venham mais vozes” do que dentro do meu “AMAR O PORTO”
Esta frase do arquitecto, contida no artigo de hoje,
“O Governo quer fazer da frente ribeirinha lisboeta um "projecto de regime", empenhando verbas e capital político no assunto à boa maneira do que foi feito na Expo 98 ou no Centro Cultural de Belém.”
tem a mesma tonalidade, parece-me, que a do meu camarada de sala de almoço e encaixa bem no “ Venham mais vozes”... do senhor arquitecto.
Mas admitindo que seja isso, “projecto de regime” ocorre-me perguntar: -“ essa coisa do projecto de regime é crime?.... a lei contempla esse aspecto da obra nessa óptica e condena-o?...
porque razão é que o argumento do senhor arquitecto é que está certo e o do Governo não?. Apenas por a obra ser em Lisboa?..
Aparentemente, o senhor arquitecto já deixou passar as obras que classifica de regime, que são a Expo 98 e o centro Cultural de Belém.. . Não sei qual foi o seu comportamento perante elas e estranho o facto de se insurgir agora, pedindo até que “venham mais vozes” ..
Não considero esta, como uma atitude de amor ao PORTO, que é pelo prisma que eu queria ver as coisas.
Dizer, que
“Portugal não é só Lisboa e o resto "paisagem", assim como um país não se resume nem se pode rever só na sua capital, sobretudo, quando tal visão e consequentes tentações são a expressão directa dum centralismo fora de contexto e sem enquadramento europeu.”...
é um comentário que poderia vir igualmente de Faro ou de Viseu ou de Évora. Mas não vem daí; sai, apenas, do Porto, o que eu não percebo.
Este desabafo do senhor arquitecto faz-me recordar aquela cena passada aqui no Porto, quando um residente da cidade, passou por um cego que tocava no seu acordeón o “cheira a Lisboa”.
Ao que parece, o nosso portuense, insurgiu-se contra o cego, dizendo-lhe, ó pá acaba com isso...
Porque seria?
Pode pensar-se que este “venham mais vozes..” possa conduzir ao meu “AMAR O PORTO”, mas se é isso, dispensemos a frase do senhor arquitecto..
Mas o curioso do artigo do senhor arquitecto é que, se a obra fosse feita no Porto parece-me que estava tudo bem. Deduzo isto das seguintes palavras do senhor arquitecto, quando escreve:
“Por isso, andou bem Francisco Assis, primeiro vereador do PS na Câmara do Porto, ao vir lembrar ao Governo, do seu Partido, que a cidade pela qual foi eleito para essa função, também tem uma frente ribeirinha para tratar e um projecto orientador para o efeito.”
E depois vem aquilo que me parece ser um lamento:
”Ou seja, F. Assis, veio colocar-se ao lado do presidente da Câmara, numa questão essencial, que é lembrar ao Governo a pouca atenção que tem dado ao Porto. Acertada postura que só peca por escassa e tardia..,
E depois uma reclamação:
“Seria bom que houvesse um mais alargado entendimento na exigência de atenção política para o Porto por parte da Administração Central, quer dizer do Governo, e que PSD e PS, pelo menos, olhassem a .cidade com vistas largas e horizontes amplos e consertassem projectos estruturantes e a prazo”....
E eu pergunto ao senhor arquitecto: - Se esse alargado entendimento fosse uma realidade estaria, na sua óptica , tudo bem? E porque é que estaria tudo bem se fosse assim?
É que o Reitor da Universidade do Porto, disse há dias que já chega de lamúrias e os senhores, respeitosamente, continuam..
É que já José Coelho de Sousa dizia em “O PALÁCIO DE CRISTAL”, o seguinte: “Pode dizer-se que em 1861, os objectivos da nóvel sociedade eram um conjunto de promessas aliciantes, em 1865, elas estavam genericamente cumpridas mesmo que para tal, tivesse sido necessário lutar com enormes dificuldades e vencer inúmeras resistências e más vontades tanto no Porto quanto no País, sobretudo provenientes da capital.
Mas o que o senhor arquitecto fala vem desde 1865?
Texto de
João Brito Sousa
VENHAM MAIS VOZES
Gomes Fernandes, Arquitecto
(artigo retirado do JN)
O Governo quer fazer da frente ribeirinha lisboeta um "projecto de regime", empenhando verbas e capital político no assunto à boa maneira do que foi feito na Expo 98 ou no Centro Cultural de Belém.
É bom que seja entendido que a capitalidade europeia de Lisboa é essencial para a afirmação do país na Europa comunitária de que fazemos parte, mas daí a que se centralizem os grandes projectos e consequentes investimentos na sua cabeça político-administrativa vai, ou deve ir, alguma distância. Portugal não é só Lisboa e o resto "paisagem", assim como um país não se resume nem se pode rever só na sua capital, sobretudo, quando tal visão e consequentes tentações são a expressão directa dum centralismo fora de contexto e sem enquadramento europeu.Por isso, andou bem Francisco Assis, primeiro vereador do PS na Câmara do Porto, ao vir lembrar ao Governo, do seu Partido, que a cidade pela qual foi eleito para essa função, também tem uma frente ribeirinha para tratar e um projecto orientador para o efeito.
Ou seja, veio colocar-se ao lado do presidente da Câmara, adversário político mas presidente eleito pela maioria dos portuenses, numa questão essencial, que é lembrar ao Governo a pouca atenção que tem dado ao Porto. Acertada postura que só peca por escassa e tardia, mas que é um sinal de que há questões em que o interesse da cidade e da região se deve colocar acima das divergências partidárias. Seria bom que houvesse um mais alargado entendimento na exigência de atenção política para o Porto por parte da Administração Central, quer dizer do Governo, e que PSD e PS, pelo menos, olhassem a cidade com vistas largas e horizontes amplos e consertassem projectos estruturantes e a prazo, independentemente das alternativas no exercício do poder.
Um exemplo Assis chegou a falar na sua campanha na proposta de "um polis para os bairros camarários", ideia bem pensada e com "pernas para andar", mas não sei porque razão, passado esse período eleitoral, deixou cair o assunto e não mais voltou a falar nele. Custa-me aceitar que tenha sido por não ter conquistado a Câmara, pois isso seria uma visão menor da política que não faço a injustiça de lhe atribuir.
Agora avança com outra ideia do interesse da cidade, a do apoio do Governo à recuperação e reabilitação da frente ribeirinha do Douro, o que alguns terão visto como uma corajosa exigência mas de implicações partidárias e até ficarão melindrados por ele a ter feito, outros, como aqui a crónica, a apoiam e reforçam, por inteligente e estratégica, para além de oportuna.Goste-se ou não de Rui Rio ele tem sido um voz inconformada com a situação subalterna a que o Governo tem remetido o Porto em relação a Lisboa, veja-se o arrastamento da segunda fase do Metro, a indecisão sobre a questão do aeroporto Sá Carneiro, o tempo que demorou a "montar" a SRU, a falta da Autoridade Metropolitana de Transportes e outras pequenas questões avulsas mas que, tudo somado reflectem uma atitude mental e política que não deveria ser denunciada só pelo presidente da Câmara portuense e por figuras da sociedade civil fora dos partidos.
O PS/Porto, nestas matérias e noutras de interesse político regional, tem andado "a dormir", por incapacidade cultural ou desinteresse de compreender a importância disto para a cidade e a Região, deixando Rui Rio "capitalizar" sem muito esforço, porque os portuenses, mesmo não estando partidariamente com ele, reconhecem-no como "voz" inconformada e reivindicativa. Francisco Assis poderia e deveria ter-se feito ouvir mais, até por ser inteligente e bem preparado política e intelectualmente, daí que não deve deixar-se ficar, muito menos calar a voz que agora falou para ser ouvida.
Claro que exigências deste tipo ao Governo nada têm de pessoal ou discordante com a "carta de princípios O PS/Porto, nestas matérias e noutras de interesse político regional, tem andado "a dormir", por incapacidade cultural ou desinteresse de compreender a importância disto para a cidade e a Região, deixando Rui Rio "capitalizar" sem muito esforço, porque os portuenses, mesmo não estando partidariamente com ele, reconhecem-no como "voz" inconformada e reivindicativa.
Francisco Assis poderia e deveria ter-se feito ouvir mais, até por ser inteligente e bem preparado política e intelectualmente, daí que não deve deixar-se ficar, muito menos calar a voz que agora falou para ser ouvida.Claro que exigências deste tipo ao Governo nada têm de pessoal ou discordante com a "carta de princípios" do PS em relação ao Porto e ao Norte, pelo contrário, são uma via para que este partido se afirme e amplie a sua capacidade de influências na cidade e Área Metropolitana do Porto.
Não o entender é recuar defensivamente no terreno e isso, na altura da verdade eleitoral, terá o seu preço amargo. Penso que Assis o entendeu e, não sendo ao que tudo indica o próximo "challanger" de Rio, tem a visão de perceber que, tal como Régio, é altura de dizer "não vou por aí", até porque não leva a lado nenhum.
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