segunda-feira, 19 de maio de 2008

QUANDO EU ESTIVE EM AFRICA


LUNDA NORTE

O DUNDO E AS MANGUEIRAS

Coisa divina!.

Cheguei ao Dundo em Fevereiro de 1984 na companha do Auditor Geral da Companhia, o Dr. António Mortal. Penso que era quinta feira mas isso agora pouco importa. Importará sim, falar um pouco de como eu senti essa terra de barro vermelho, onde as mangueiras proliferam e as papaieiras embelezam os quintais dos que aí residem.

É preciso estar preparado para amar esta cidade cita na zona diamantífera, porque só a amando nos sentimos lá bem. É preciso amar esta terra, entregarmo-nos a ela e recebê-la também no nosso coração. Não podemos ficar indiferentes a tanta beleza natural. E ao sorriso das populações, uma candura de magia que nos invade e anima. Estamos em África, Angola, Lunda Norte, Dundo, varanda da má língua, local onde os cooperantes se encontram e falam da companhia o tempo todo.

Ao tempo, era a Companhia de Diamantes de Angola a nossa empregadora e era a ela a quem devíamos fidelidade. Às sete horas da manhã entravamos nos escritórios do departamento de Contabilidade de Custos, onde trabalhávamos e a labuta diária começava. A agitação era grande porque ali eram não só os serviços de contabilidade mas também dos armazéns, tesouraria, pessoal e mais um ou outro serviço.

A mangueira grande assistia a tudo. Estava plantada no largo à entrada dos escritórios e, no alto da sua imponência, parecia que ali estava para nos desejar os bons dias.

O primeiro a chegar era o Caeiro Ramos, chefe de secção dos serviços do controlo de armazéns, um homem muito exigente consigo próprio e altamente responsável, que, apesar de jovem já possuía muitos anos de estadia na Companhia e esperava por outros para um pouco de cavaqueira antes do inicio da laboração. O Chefe Miranda, era também um dos que chegava cedo, depois o Mário Freitas. da Tesouraria e depois os outros que iam chegando.
Em frente aos escritórios ficava a “messe” onde tomávamos as refeições, feitas pelo cozinheiro

Samona, velho amigo e o ajudante João. Éramos alguns dez ou doze. Os regulamentos da “messe” tinham uma particularidade que era, quem entrasse de novo seria o gerente e tinha como função assegurar a alimentação de todos os, digamos assim, associados.

Abastecíamo-nos nos armazéns de bens alimentares que a companhia dispunha. E à noite íamos para a “palheta” para varanda da má língua, onde residiam o . Carvalho, o Xavier Martins, o Couceiro, o Mário Freitas, o Barbosa e mais um ou outro. O João dos armazéns aparecia por lá, o Chainho, que morava ao lado da varanda com o Roque também, e ainda o velho Silva Lopes, que, contando já muitos anos de companhia, contava histórias de outros tempos e também da sua terra natal, Estarreja. Jogávamos à sueca, íamos ao domingo ver o Sagrada, discutíamos futebol, cinema, política, negócios e outros assuntos.

Onde também íamos à noite era a casa do casal Manta, cuja casa ficava situada no quintal da “messe”, perto da casa do Parreira, do José Augusto e do Luís, massagista do cube de futebol. Apareciam por lá também o Fernando Pedro, o Rosa Marques, o Filipe, o Alfredo Barreiras e o Margelino que levava a guitarra.

Umas vezes por outras, íamos ver umas jogatanas de ténis entre o melhor e o pior jogador do Dundo, o duelo Zé Manta e Filipe. Em equipamento o Filipe não perdia; no jogo jogado, sim.

E ao fim de seis meses de trabalho vínhamos de férias.. e voltávamos um mês depois

Sempre determinados a cumprir..

João Brito Sousa

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