quarta-feira, 7 de maio de 2008

À DO ZÉ RAIMUNDO


A minha hora de passar à do Zé Raimundo é às 7 horas da manhã. Nos Braciais o pessoal levanta-se cedo e procura um bocado de conversa antes de ir para o trabalho.

O Zé tem os seus clientes e faz na loja o seu abastecimento. Tem uma secção de café e acessórios e outra de mercearias. E tem bons clientes.

Passo e olho para o interior do estabelecimento e, com um gesto de mãos, pergunto ao Zé pelo Florival. Está a chegar, diz o Zé. Ok, disse eu e continuei na minha rota, que era virar à esquerda a seguir ao Zé, passar à casa do Florival, Rogério Coimbra, moços do Clemente, meu tio Zé Maria e de pois Zé Raimundo.

Mas logo à saída do Zé Raimundo, encontrei o Florival que trazia umas laranjas dentro de um saco de plástico. E disse-lhe, bom dia, hoje temos debate, preparas-te a coisa?... perguntei eu.. e ele disse, aquela coisa do homem rico?... sim disse eu... e ele ... vai dar a volta e aparece que já falamos sobre isso..

Quando o Florival chegou à do Zé Raimundo estava o pedreiro da Falfosa, o canalizador do Chelote e o Ferreiro de Estoi. O Florival chegou com as laranjas, entrou no estabelecimento e disse para o homem de Estoi. Olha lá, tu que vens da terra onde há um palácio, diz-me lá o que é um homem rico.

É aquele que não é pobre, disse o homem de Estoi.

Eu disse homem rico, ouviste ó pá.

E diz o canalizador. Eu é que explico esse assunto. Homem rico é diferente de rico homem, é ao contrário. Rico-homem é um fidalgo importante, é o nobre que guerreava pelo rei, sustentando as suas próprias forças e que tinha como insígnias o pendão e a caldeira. Isto é o rico-homem.

E pergunta o pedreiro da Falfosa. Então se há um rico-homem também há um rico –pobre. E o que é um rico – pobre?... pergunta o FALFOSA..

É uma casta de uva branca algarvia, diz o Joaquim Menino, que vinha a entrar.

Certo, diz o electricista.

E acabou a conversa.

Texto de
João Brito Sousa

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