sexta-feira, 29 de junho de 2007

ARNALDO SILVAcomenta o texto da SOLEDADE URBANO

(festas populares)

”AS CHAROLAS”

Não tenho o prazer de conhecer a amiga Soledade. Sim! Amiga! Amiga do Brito, logo amiga dos amigos do Brito. Por isso, consciente de que se não vai “marafar”, vou aqui usurpar um tema a que aludiu na sua resenha informativa e que, tão característico aqui do nosso Algarve, vai, como a maioria das tradições populares, caindo no esquecimento. Refiro-me às aludidas CHAROLAS.
Não tenho a certeza de que a CHAROLA seja um exclusivo do Algarve. Sou natural de Tavira e, por imposição da profissão de ferroviário a que o meu pai dedicou a sua vida, fui forçado a viver em quase todas as províncias deste país e não tenho memória de ter topado com movimento “charoleiro” fora da província algarvia. Vivi as CHAROLAS dos oito aos dez anos em Tavira.
Depois de umas andanças pelo Porto, Vila do Conde e Fornos de Algodres, onde cada Natal foi vivido de variadas e diferentes formas, vim reviver as Charolas à Luz de Tavira. Aqui senti toda a pujança popular que era emprestada ao movimento da CHAROLA. O entusiasmo e o empenho que então eram postos por cada elemento do grupo redundava num grupo coral de magníficas qualidades vocais.E os poetas populares eram chamados a puxar de todo o seu poder criativo para gerar quadras referentes aos actos de cada dia da população local. Para os mais esquecidos e para os menos avançados na idade há que esclarecer que a Charola é um grupo coral que se forma por alturas da quadra natalícia com o propósito de percorrer as ruas de uma localidade, batendo a cada porta, solicitando ao proprietário a graça de os deixar cantar as Janeiras, com o fito de receber, em acção de reconhecimento, uns copitos e uns fritos característicos da época. As Janeiras eram cantadas aludindo, muito humoristicamente, aos acontecimentos mais marcantes do ano.
O tema do canto das Charolas era dedicado ao Deus Menino, ao nascimento de Cristo e aos Reis Magos. “Esta noite é de Janeiras É de grande mer’cimento Por ser a noite primeira É que Deus passou tormento” No dia de Ano Novo e no dia de Reis as várias Charolas juntavam-se numa mesma Praça e cantavam, numa espécie de concurso, que fazia o deleite dos inúmeros espectadores que ali acorriam. Um desses espectadores era eu. E gostava!E gostei! E recordo. Com a emotividade das boas recordações! Hoje, Tavira e Luz de Tavira, revivem-nas. E eu aplaudo! arnaldo silva felizmente reformado
Publicado por
João Brito Sousa

Sem comentários:

Enviar um comentário