quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

IMPRENSA / JN


TRÊS COISAS BEM À PORTUGESA

por José leite pereira


Quem viu noticiários televisivos no fim de semana teve, certamente, oportunidade de assistir a uma das milhentas reportagens sobre "aldeias isoladas". A preocupação dominante era folclórica e desfasada: perguntas sobre o frio e a neve a quem mora em regiões onde é normal fazer frio e cair neve. O essencial não é questionado - e os jornais também têm nisso culpa. E o essencial é: como é possível um nevão - e a nível europeu estaremos a falar de um nevão de categoria média baixa - isolar aldeias e deixar estradas fechadas? E esta pergunta pressupõe outras: a protecção civil é, nestes casos, eficaz? Os limpa-neve de que dispomos são suficientes? Bem à portuguesa, somos bem capazes de estar em serviços mínimos, indiferentes ao isolamento de quem mora longe dos grandes centros e fazendo principalmente fé na natureza: com um pouco de sol, as dificuldades derretem e volta-se à normalidade.

2 - Já disse que admiro no PCP a organização e a combatividade. Mas o Congresso do fim-de-semana ultrapassou tudo o que seria de esperar: os comunistas portugueses - e nisso são únicos - continuam a pensar que o socialismo está ali ao virar da esquina; o líder Jerónimo de Sousa recita de Obama a parte mais fácil de apreender - "sim, é possível" - porque, quanto ao resto, Obama não terá muitas práticas políticas que Jerónimo queira copiar; Odete Santos atingiu o céu e levou a assistência a um êxtase que só encontra semelhança entre as Testemunhas de Jeová falando do sabor agridoce das amoras do campo e prenunciando, no que não foi muito original, o fim do capitalismo. Para que aos comunistas portugueses não faltasse nada daquilo a que habitualmente têm direito, houve loas a Cuba. E para que tudo fosse como sempre foi e eu possa continuar a admirar a organização comunista, no final, cada um dos delegados pegou nas tábuas que faziam de mesa e nas cadeiras em que se tinha sentado e arrumou a tenda enquanto o diabo esfrega um olho. Notável, sem ironia. Assim se vê a força do pêcê.

3 - Hoje, volta a dura realidade. Os professores fazem uma greve que se prevê grandiosa à qual já se sabe que o Governo se manterá indiferente. A verdade é esta: tão cedo, não vai haver paz no Ensino em Portugal. A situação está diabolizada o suficiente para se perceber a quem está destinado o papel de má da fita. A novidade é que, ao que tudo indica, Sócrates e o Governo se cansaram de ser os bombos da festa. Agora é a sério também do lado governamental: cumpra-se a lei. Não custa adivinhar quem sairá prejudicado: os alunos e o Ensino. Aprenda-se ao menos que as leis são para cumprir. Esse é o combate que nenhum Governo pode perder

MEU COMENTÁRIO PONTO Nº 3


No ponto três do JN o seu director preconiza prejuízos para quem trabaha, é o que me parece. Se for assim, lamento.


JBS.

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