MANUEL LOURENÇO NETO, O “MARINHEIRO VERMELHO”
1 - Manuel Lourenço Neto, filho de João Lourenço Neto e de Isabel Raminhos, nasceu a 31/12/1923, em Silves, numa família de camponeses sem terras, que migraram para a cidade praticando um pequeno comércio. A família era numerosa e os recursos parcos, pelo que voltaram ao cultivo da terra. “Embora morando no núcleo urbano mais movimentado da cidade, nossa casa era, talvez, a única, de onde seus donos saíam montados num burrico a caminho dos campos”. Ficaram conhecidos em Silves como “os Palaios”, sendo Manuel o último dos seis filhos. Os filhos mais velhos, Joaquim João e José, cresceram no ambiente anarco-sindicalista silvense. Em sua casa, lia-se A Batalha Manuel Lourenço Neto recorda-se de, no dia 18 de Janeiro de 1934, os seus irmãos procurarem, aflitos, uns papéis pela casa e queimarem-nos.
Fez a instrução primária em Silves. Ficando órfão de pai aos 15 anos, foi trabalhar no fabrico de seu irmão José, onde aprendeu o ofício da cortiça. “De ofício já aprendido”, em 1940, e com 17 anos, foi para a Cova da Piedade, “e de fábrica em fábrica, e vivenciando a vida colectiva”, foi completando a Escola que não tinha tido em tempo certo.
A II Grande Guerra teve um papel fundamental na formação da sua consciência política e social. Sabia de cor o nome e localização das cidades, seguia o avanço e recuo das tropas aliadas, assinalando-os num mapa que guardava cuidadosamente. Na Cova da Piedade, teve contactos com João Alberto Raimundo, o mítico organizador do PCP na margem sul. Foi ele que iniciou Manuel Lourenço Neto no Partido Comunista Português. Em 1943 foi chamado para o serviço militar. Ingressou na Marinha de Guerra, onde concluiu o curso de Marinharia que o habilitava a seguir a vida militar. Porém, nessa altura, a vida já lhe “havia dado consciência social”, o que lhe impunha uma opção política. Foi membro do MUNAF (Movimento de Unidade Nacional Anti-fascista) que tinha no PCP o elo mais forte e activo.
A sua 1ª grande viagem foi no navio «João de Lisboa» à Madeira e aos Açores. Na instrução, no Navio Escola Sagres, fez uma viagem ao Brasil. A «Sagres» foi representar Portugal na tomada de posse da primeira eleição democrática do Presidente da República brasileira Gaspar Dutra2. Os marinheiros portugueses desfilaram e viram o ambiente democrático que o Brasil viva. Nesse mesmo dia, no Rio de Janeiro, havia uma greve dos bancários e estes manifestavam-se num clima de grande efervescência política. À noite, Manuel Lourenço Neto e alguns marinheiros foram passear pela cidade e presenciaram extasiados um comício, onde discursou Luís Carlos Prestes3.
No Brasil comprou muitos livros de literatura “avançada” e comunista, que trouxe para Portugal. De regresso, nas férias, voltou a Silves, onde os livros circularam. Ofereceu vários exemplares para a Biblioteca Popular4 silvense. Do livro O Poder Soviético5, de Hewlett Johson6, trouxera 30 exemplares. O livro de Luís C. Prestes, O Cavaleiro de Esperança, fez um enorme sucesso em Silves. Todos queriam lê-lo, pelo que havia uma lista de espera. Trouxe também o livro “Acuso” de Dimitrov. Nas temporadas que passava no Algarve mantinha contactos com destacados elementos da oposição algarvia, nomeadamente Raul Veríssimo, Manuel Madeira, Maria das Dores Medeiros, Joaquim Farracha, entre outros.
Na «Sagres», Manuel Lourenço Neto controlou a célula do PCP, que era formada por 5 ou 6 elementos. Em Agosto de 1946, no desempenho das suas funções clandestinas a bordo da «Sagres», onde era grumete de manobras, foi controlado por Joaquim Pires Ventura7. Seguidamente, Manuel Lourenço Neto foi para o Vale do Zebro, para a secção dos torpedos. Aí foi controlado por Joaquim Campino8, “Felipe”, pois João Raimundo tinha-lhe dado o seu nome. Quando Joaquim Campino foi preso, Manuel Lourenço Neto ficou ligado a Francisco Ramos da Costa9, “Campos”. Reunia com o núcleo de 4 sargentos, constituído por Gilberto Bora da Silva, Pedro José Tomás, Luís Eugénio Ferreira, cunhado de Alves Redol, e um certo Vidal (?). Manuel Lourenço Neto fazia “circular”entre a marinhagem O Leme10, o Avante! e o Militante!, que clandestinamente distribuía por baixo das portas das camaratas do navio.Por volta de 1946, a esquadra Americana esteve em Portugal, e foi recebida com honras a bordo da «Sagres». No âmbito da recepção aos marinheiros americanos, as autoridades davam aos marinheiros portugueses 100 escudos e ofereciam um bilhete para uma tourada à antiga Portuguesa. Manuel Lourenço Neto recusou o dinheiro e o bilhete.Terá ficado referenciado desde essa altura.
Em 27 de Dezembro de 1946 foi preso a bordo da “Sagres” e entregue à Pide. De outras unidades foram trazidos militares, e também civis, que passaram a integrar o mesmo processo11. Após a prisão foi levado para Rua António Maria Cardoso. No mesmo dia foi levado para o Aljube, e metido numa cela, onde permaneceu 63 dias incomunicável12. A Pide queria que falasse, pois “seu número e categoria, assim como o seu pseudónimo13” tinham sido encontrados em cifra, em documentos apreendidos pela polícia. Um mês depois, apesar do isolamento contínuo, negava-se a falar. A Pide informava: “até esta data ainda não confessou, mas foram-lhe apreendidos dois panfletos da mesma organização secreta, um dos quais só distribuído aos militares dessa organização14”.
Manuel Lourenço Neto foi entregue ao investigador Gouveia, sendo por este submetido à tortura da "Estátua". Finalmente, declarou ser “membro do PCP, usando o pseudónimo de Vítor”15. Saído da incomunicabilidade, foi levado para Caxias onde já se encontravam os restantes arguidos do seu processo. Alguns meses mais tarde foram todos conduzidos para o Forte da Trafaria, onde permaneceu até ao julgamento e onde cumpriu a pena. A acusação que lhe fora feita era a de subversão contra a segurança do Estado e de ser membro do PCP. Foi condenado a 18 meses de prisão, à perda de direitos políticos por três anos e expulso da Marinha.Cumprida a pena, Manuel Lourenço Neto regressou a Silves e, seguindo o conselho de seu irmão Joaquim, foi tirar a carta de marinheiro em Portimão.
Fez a instrução primária em Silves. Ficando órfão de pai aos 15 anos, foi trabalhar no fabrico de seu irmão José, onde aprendeu o ofício da cortiça. “De ofício já aprendido”, em 1940, e com 17 anos, foi para a Cova da Piedade, “e de fábrica em fábrica, e vivenciando a vida colectiva”, foi completando a Escola que não tinha tido em tempo certo.
A II Grande Guerra teve um papel fundamental na formação da sua consciência política e social. Sabia de cor o nome e localização das cidades, seguia o avanço e recuo das tropas aliadas, assinalando-os num mapa que guardava cuidadosamente. Na Cova da Piedade, teve contactos com João Alberto Raimundo, o mítico organizador do PCP na margem sul. Foi ele que iniciou Manuel Lourenço Neto no Partido Comunista Português. Em 1943 foi chamado para o serviço militar. Ingressou na Marinha de Guerra, onde concluiu o curso de Marinharia que o habilitava a seguir a vida militar. Porém, nessa altura, a vida já lhe “havia dado consciência social”, o que lhe impunha uma opção política. Foi membro do MUNAF (Movimento de Unidade Nacional Anti-fascista) que tinha no PCP o elo mais forte e activo.
A sua 1ª grande viagem foi no navio «João de Lisboa» à Madeira e aos Açores. Na instrução, no Navio Escola Sagres, fez uma viagem ao Brasil. A «Sagres» foi representar Portugal na tomada de posse da primeira eleição democrática do Presidente da República brasileira Gaspar Dutra2. Os marinheiros portugueses desfilaram e viram o ambiente democrático que o Brasil viva. Nesse mesmo dia, no Rio de Janeiro, havia uma greve dos bancários e estes manifestavam-se num clima de grande efervescência política. À noite, Manuel Lourenço Neto e alguns marinheiros foram passear pela cidade e presenciaram extasiados um comício, onde discursou Luís Carlos Prestes3.
No Brasil comprou muitos livros de literatura “avançada” e comunista, que trouxe para Portugal. De regresso, nas férias, voltou a Silves, onde os livros circularam. Ofereceu vários exemplares para a Biblioteca Popular4 silvense. Do livro O Poder Soviético5, de Hewlett Johson6, trouxera 30 exemplares. O livro de Luís C. Prestes, O Cavaleiro de Esperança, fez um enorme sucesso em Silves. Todos queriam lê-lo, pelo que havia uma lista de espera. Trouxe também o livro “Acuso” de Dimitrov. Nas temporadas que passava no Algarve mantinha contactos com destacados elementos da oposição algarvia, nomeadamente Raul Veríssimo, Manuel Madeira, Maria das Dores Medeiros, Joaquim Farracha, entre outros.
Na «Sagres», Manuel Lourenço Neto controlou a célula do PCP, que era formada por 5 ou 6 elementos. Em Agosto de 1946, no desempenho das suas funções clandestinas a bordo da «Sagres», onde era grumete de manobras, foi controlado por Joaquim Pires Ventura7. Seguidamente, Manuel Lourenço Neto foi para o Vale do Zebro, para a secção dos torpedos. Aí foi controlado por Joaquim Campino8, “Felipe”, pois João Raimundo tinha-lhe dado o seu nome. Quando Joaquim Campino foi preso, Manuel Lourenço Neto ficou ligado a Francisco Ramos da Costa9, “Campos”. Reunia com o núcleo de 4 sargentos, constituído por Gilberto Bora da Silva, Pedro José Tomás, Luís Eugénio Ferreira, cunhado de Alves Redol, e um certo Vidal (?). Manuel Lourenço Neto fazia “circular”entre a marinhagem O Leme10, o Avante! e o Militante!, que clandestinamente distribuía por baixo das portas das camaratas do navio.Por volta de 1946, a esquadra Americana esteve em Portugal, e foi recebida com honras a bordo da «Sagres». No âmbito da recepção aos marinheiros americanos, as autoridades davam aos marinheiros portugueses 100 escudos e ofereciam um bilhete para uma tourada à antiga Portuguesa. Manuel Lourenço Neto recusou o dinheiro e o bilhete.Terá ficado referenciado desde essa altura.
Em 27 de Dezembro de 1946 foi preso a bordo da “Sagres” e entregue à Pide. De outras unidades foram trazidos militares, e também civis, que passaram a integrar o mesmo processo11. Após a prisão foi levado para Rua António Maria Cardoso. No mesmo dia foi levado para o Aljube, e metido numa cela, onde permaneceu 63 dias incomunicável12. A Pide queria que falasse, pois “seu número e categoria, assim como o seu pseudónimo13” tinham sido encontrados em cifra, em documentos apreendidos pela polícia. Um mês depois, apesar do isolamento contínuo, negava-se a falar. A Pide informava: “até esta data ainda não confessou, mas foram-lhe apreendidos dois panfletos da mesma organização secreta, um dos quais só distribuído aos militares dessa organização14”.
Manuel Lourenço Neto foi entregue ao investigador Gouveia, sendo por este submetido à tortura da "Estátua". Finalmente, declarou ser “membro do PCP, usando o pseudónimo de Vítor”15. Saído da incomunicabilidade, foi levado para Caxias onde já se encontravam os restantes arguidos do seu processo. Alguns meses mais tarde foram todos conduzidos para o Forte da Trafaria, onde permaneceu até ao julgamento e onde cumpriu a pena. A acusação que lhe fora feita era a de subversão contra a segurança do Estado e de ser membro do PCP. Foi condenado a 18 meses de prisão, à perda de direitos políticos por três anos e expulso da Marinha.Cumprida a pena, Manuel Lourenço Neto regressou a Silves e, seguindo o conselho de seu irmão Joaquim, foi tirar a carta de marinheiro em Portimão.
Resolveu entrar na Marinha Mercante. Ironicamente, quem tratou do seu processo na Marinha Mercante foi um comandante, que tinha sido o Promotor Público do seu processo, e que o aceitou. Da Marinha Mercante foi para a frota petroleira. Quando se encontrava em Portugal no intervalo das viagens, trabalhava na comissão de Apoio aos Presos Políticos e suas famílias. Desta comissão, o motor era Alice Louro de Almeida, mulher do Mestre Guilherme Louro de Almeida16, dono da «Academia Maguidal», que funcionava como uma central de acolhimento às famílias dos presos políticos e aos perseguidos pela polícia.
Ele foi visitar Francisco Miguel, Manuel Rodrigues Pereira, entre outros. Foi nesta altura que Manuel Lourenço Neto serviu de modelo aos estudantes de Belas Artes, Fernando Louro d’Almeida, escultor, e Arnaldo Louro d’Almeida, pintor. O seu busto e retrato integraram a 5.ª exposição de Artes Plásticas das Belas Artes, em 1950, na qual participaram Dias Coelho, Margarida Tengarrinha, Sá Nogueira, Júlio Pomar,Maria Keil, entre muitos outros oposicionistas ao regime.Sabendo de antemão que mais cedo ou mais tarde voltaria a ser preso, em 1955 Manuel Lourenço Neto embarcou no Navio “Santa Maria” rumo ao Brasil, onde chegou em Julho desse ano. Aí integrou-se no núcleo de velhos republicanos e democratas exilados, que, com a chegada de alguns jovens e professores demitidos, formaram um núcleo democrático de portugueses contra o regime salazarista. Integrou o grupo de fundadores do jornal Portugal Democrático17, em Junho de 1956, em S. Paulo. O jornal passou a ser “a voz do Povo português oprimido e do país amordaçado”. Durante dezanove anos, o jornal denunciou a Ditadura salazarista a todos os mandatários de Governos, aos organismos internacionais e à ONU. Foi o mais importante e bem sucedido trabalho de denúncia e condenação do regime feito no estrangeiro. A ditadura sentia-se golpeada na sua imagem, e seguia atentamente o trabalho do jornal e dos seus colaboradores.
Em 1957, o General Craveiro Lopes, Presidente da República, foi em visita ao Brasil, em busca de apoio político. Na altura, Manuel Lourenço Neto compartia a sua habitação no Rio de Janeiro com José da Costa Bastos, marinheiro português, que também tinha sido julgado no mesmo processo da Marinha de Guerra. Combinaram elaborar um memorial18 para ser entregue a Craveiro Lopes, onde se fazia um apelo à libertação dos presos políticos em Portugal. A comunidade dos Comendadores e a PIDE, auxiliada pela sua congénere brasileira, o DOPS (Departamento de Ordem Política e Social), esforçaram-se para que nenhuma manifestação se fizesse contra o regime português. Os desafectos portugueses foram alvo de perseguição e repressão pela polícia brasileira. Tiveram a sua habitação assaltada e rebuscada. Nos papéis, a polícia encontrou uma carta que falava da vinda do presidente português ao Brasil, e deduziu (ou quis deduzir) que os portugueses planeavam um atentado contra o Presidente da República Portuguesa19. Manuel Lourenço Neto e José da Costa Bastos foram presos. Nesse contexto, coube-lhe “mais uma vez, ser “cliente” dos órgãos de repressão e, desta vez, com farta exposição pública, muito ao gosto da imprensa brasileira”20. Foram interrogados sobre os seus propósitos e sobre a propaganda comunista, que tinha sido encontrada na sua residência. Concluído o inquérito, e nada tendo sido provado contra ambos, foram libertados.
No início dos anos 60, Manuel Lourenço Neto constituiu família no Brasil e adquiriu estabilidade profissional e financeira. Apesar das todas as dificuldades, esteve sempre activo politicamente, ajudando na propaganda contra o regime salazarista e istinguindo-se na denúncia das torturas e da repressão sobre o operariado21, bem como na luta pela libertação dos presos políticos portugueses e espanhóis22. Trabalhou afincadamente na propaganda da “Conferência dos países da Europa Ocidental Pró-Amnistia aos presos e exilados políticos portugueses”, que se realizou a 15 e 16 de Dezembro de 1962, em Paris, e onde se denunciou, entre outras, a situação de José Vitoriano e de João Raimundo, seus amigos, que envelheciam nas prisões portuguesas. Neste contexto de luta contra o regime português, Manuel Lourenço Neto contactou com os líderes da oposição portuguesa no Brasil, nomeadamente, Francisco de Oliveira Pio23, Rui Luís Gomes24, Jaime Morais25, Sarmento Pimentel, Joaquim Cachapuz (Paulo de Castro), entre outros. Manuel Lourenço Neto colaborou no movimento de angariação de fundos para a manutenção do jornal Portugal Democrático, bem como para a publicação do livro de José Dias Coelho, A Resistência em Portugal, entre outros.
Em 1957, o General Craveiro Lopes, Presidente da República, foi em visita ao Brasil, em busca de apoio político. Na altura, Manuel Lourenço Neto compartia a sua habitação no Rio de Janeiro com José da Costa Bastos, marinheiro português, que também tinha sido julgado no mesmo processo da Marinha de Guerra. Combinaram elaborar um memorial18 para ser entregue a Craveiro Lopes, onde se fazia um apelo à libertação dos presos políticos em Portugal. A comunidade dos Comendadores e a PIDE, auxiliada pela sua congénere brasileira, o DOPS (Departamento de Ordem Política e Social), esforçaram-se para que nenhuma manifestação se fizesse contra o regime português. Os desafectos portugueses foram alvo de perseguição e repressão pela polícia brasileira. Tiveram a sua habitação assaltada e rebuscada. Nos papéis, a polícia encontrou uma carta que falava da vinda do presidente português ao Brasil, e deduziu (ou quis deduzir) que os portugueses planeavam um atentado contra o Presidente da República Portuguesa19. Manuel Lourenço Neto e José da Costa Bastos foram presos. Nesse contexto, coube-lhe “mais uma vez, ser “cliente” dos órgãos de repressão e, desta vez, com farta exposição pública, muito ao gosto da imprensa brasileira”20. Foram interrogados sobre os seus propósitos e sobre a propaganda comunista, que tinha sido encontrada na sua residência. Concluído o inquérito, e nada tendo sido provado contra ambos, foram libertados.
No início dos anos 60, Manuel Lourenço Neto constituiu família no Brasil e adquiriu estabilidade profissional e financeira. Apesar das todas as dificuldades, esteve sempre activo politicamente, ajudando na propaganda contra o regime salazarista e istinguindo-se na denúncia das torturas e da repressão sobre o operariado21, bem como na luta pela libertação dos presos políticos portugueses e espanhóis22. Trabalhou afincadamente na propaganda da “Conferência dos países da Europa Ocidental Pró-Amnistia aos presos e exilados políticos portugueses”, que se realizou a 15 e 16 de Dezembro de 1962, em Paris, e onde se denunciou, entre outras, a situação de José Vitoriano e de João Raimundo, seus amigos, que envelheciam nas prisões portuguesas. Neste contexto de luta contra o regime português, Manuel Lourenço Neto contactou com os líderes da oposição portuguesa no Brasil, nomeadamente, Francisco de Oliveira Pio23, Rui Luís Gomes24, Jaime Morais25, Sarmento Pimentel, Joaquim Cachapuz (Paulo de Castro), entre outros. Manuel Lourenço Neto colaborou no movimento de angariação de fundos para a manutenção do jornal Portugal Democrático, bem como para a publicação do livro de José Dias Coelho, A Resistência em Portugal, entre outros.
Colaborou nas campanhas de protesto e na recolha de assinaturas, em Niterói, contra o assassinato do escultor José Dias Coelho26, bem como na petição ao Secretário-geral das Nações Unidas contra a reabertura do campo de Concentração do Tarrafal27, para os combatentes africanos pela independência das colónias portuguesas, um acto que configurava “a prática de um crime contra a Humanidade28”.A trágica morte de sua mulher num acidente de viação, em 1970, deixou-o com dois filhos menores a cargo. Em 1974, Manuel Lourenço Neto decidiu visitar Portugal para ver a família e dar a conhecer Portugal ao seu filho. A estadia correu bem, mas no regresso ao Brasil foi preso pela PIDE, quando já se encontrava sentado no avião, no Aeroporto da Portela29.
A polícia política alegava que o prendia “por contra si existir uma ordem de captura”30. Foi interrogado sobre a sua vinda a Portugal e sua actividade política. Foi-lhe mostrado um grosso dossier, repleto de informações sobre a sua actividade oposicionista no Brasil, a qual negou como pôde. Creio que a sua sorte foi estar acompanhado pelo seu filho, que era menor e cidadão brasileiro, o que deixava a PIDE numa situação complicada. Foi libertado Alguns dias depois, pagando de novo os bilhetes a suas custas, regressou ao Brasil com o filho, ainda não refeito do susto. Passados dois meses, viveu uma das suas maiores alegrias, “o 25 de Abril”. Intensificou a sua acção e intervenção cívica em prol de Portugal democrático e em defesa da Portugalidade e dos seus valores culturais.
A polícia política alegava que o prendia “por contra si existir uma ordem de captura”30. Foi interrogado sobre a sua vinda a Portugal e sua actividade política. Foi-lhe mostrado um grosso dossier, repleto de informações sobre a sua actividade oposicionista no Brasil, a qual negou como pôde. Creio que a sua sorte foi estar acompanhado pelo seu filho, que era menor e cidadão brasileiro, o que deixava a PIDE numa situação complicada. Foi libertado Alguns dias depois, pagando de novo os bilhetes a suas custas, regressou ao Brasil com o filho, ainda não refeito do susto. Passados dois meses, viveu uma das suas maiores alegrias, “o 25 de Abril”. Intensificou a sua acção e intervenção cívica em prol de Portugal democrático e em defesa da Portugalidade e dos seus valores culturais.
Em 1981, Manuel Lourenço Neto era o Presidente do Centro de Imigrantes Portugueses do Rio de Janeiro, tendo fundado o boletim informativo CIP e promovido intensa actividade cultural. Em 1984, colaborou com a Associação 25 de Abril, no seminário “25 de Abril – 10 anos depois”, onde apresentou uma comunicação sobre a nova imagem de Portugal no exterior31.Manuel Lourenço Neto assume há 9 anos o cargo de secretário de comunidade portuguesa, designada “Centro de comunidade Luso – Brasileira do Estado do Rio de Janeiro”. A sede da associação situa-se em Niterói. No ano 2000, a Câmara Municipal dessa cidade, liderada pelo socialista Brizola, decidiu homenagear Portugal. Foi promovido um encontro entre Portugal e Niterói. Formou-se uma comissão para preparar as comemorações.32. Nas comemorações, a “Casa da Cerca” da Almada, a fábrica dos tapetesde Arraiolos, a Banda Filarmónica e o Presidente da Câmara do Seixal foram a Niterói.
Manuel Lourenço Neto convidou e recebeu António Borges Coelho no clube Português daquela cidade Manuel Lourenço Neto vive em Niterói e continua activo. Colabora em vários periódicos, nomeadamente em A Voz de Portugal e no jornal da Albi, da Associação Luso
RECOLHA DE
Manuel Lourenço Neto convidou e recebeu António Borges Coelho no clube Português daquela cidade Manuel Lourenço Neto vive em Niterói e continua activo. Colabora em vários periódicos, nomeadamente em A Voz de Portugal e no jornal da Albi, da Associação Luso
RECOLHA DE
João Brito Sousa
E,durante este tempo quantos sucumbiram no arquipelago de Gulag?Ou ha' repressoes politicas boas e outras menos boas?Baterse-ia ele por uma boa ditadura porque a nossa nao o servia?Questoes que nao vejo abordadas no texto...muito completo no campo do elogio...muito pouco no critico
ResponderEliminarDCS
BOM COMENTÁRIO. VOU RESPONDER BREVE.
ResponderEliminarJBS