segunda-feira, 7 de julho de 2008

IMPRENSA/ EXPRESSO


MARCHA DE ORGULHO GAY

Assisti esta semana, em Nova Iorque, a uma Marcha do Orgulho Gay. Numa área metropolitana com mais de meio milhão de homossexuais, centenas de milhares de pessoas encheram Manhattan. Pastores de igrejas mais liberais; polícias e bombeiros que saíram fardados do armário; congressistas, um senador e o governador do Estado desceram, ao lado de travestis, a 5ª Avenida. Trata-se de uma luta por direitos cívicos. Ou se está de um lado ou do outro e não há espaço para conservadorismos envergonhados ou liberalismos inconsequentes, tão ao gosto português. Este é o país do Ku Klux Klan e de Malcom X, das feministas mais radicais e dos cristãos mais tresloucados, de São Francisco e de Salt Lake City.

“Para os americanos branco é branco, preto é preto (e a mulata não é a tal), bicha é bicha, macho é macho, mulher é mulher e dinheiro é dinheiro. E assim ganham-se, barganham-se, perdem-se concedem-se, conquistam-se direitos”. São assim os americanos, nas palavras de Caetano Veloso. Ingénuos até à irresponsabilidade, francos até à crueldade, claros até ao fanatismo. Não há tempo para subtilezas. É tudo recente, é tudo urgente.

Só que mesmo no conflito a América tem os seus consensos. Não eram só associações religiosas, cívicas ou étnicas que marchavam na 5ª Avenida. O acontecimento era patrocinado por muitas marcas e grande parte dos manifestantes vinha em nome das suas empresas e fazia-lhes publicidade agressiva. A imagem dos gays a manifestar-se com a T-shirt que lhes ofereceu o patrão e a distribuir os seus porta-chaves não podia ser mais americana. É-se livre de escolher um lado e ser-se de alguma coisa. Mas, seja do que se for, é no mercado que todas as liberdades se consumem e se consomem. Porque é no mercado que se cumpre o sonho de ser americano.. Como diz Caetano: “dinheiro é dinheiro”.

A bênção

A biografia autorizada de José Sócrates foi finalmente lançada. O país esperava por este panegírico. Nada mais empolgante do que revisitar a vida de um homem sem passado e conhecer as reflexões de um líder a quem nunca ninguém conheceu uma ideia política. Para atestar das qualidades do biografado foram buscar os melhores padrinhos: Dias Loureiro e António Vitorino. E eles encontraram-lhe extraordinárias qualidades. Loureiro entusiasmou-se: “o optimismo de Sócrates faz muito bem a Portugal”. Não se sente o caro leitor contagiado pela onda de esperança que o nosso primeiro espalhou do Minho ao Algarve? Temos Obama.A escolha de Loureiro e Vitorino foi uma excelente metáfora.
Os dois representam o centrão mais profundo: o dos políticos que depois de se retirarem saltitam por empresas; o dos consultores e administradores que se movem nos corredores do poder como se estivessem em casa; o dos comentadores que estão na política sem nunca lá estarem. São os homens que nunca estão em lado nenhum mas andam sempre por aí, num limbo em que não se sabe onde acabam os negócios e começa a política.

Aí estão para abençoar o seu menino de ouro.

Publicação de
João Brito Sousa

1 comentário:

  1. From Washinngton

    Mas nao e' Dias loureiro o homem chave nas emprezas de Ze' Roquete?....Como dizia o meu amigo Daniel Rato....Que "FENEZA" que ele faz elogiando Socrates!!!!esta semeando para colher mais tarde no momento certo......ha' sempre mais vida na corte! Lembras-te ? Quem parte na primeira fila tem mais chances de ganhar uma prova...principalmente se nao for uma corrida de fundo......Brucho....Ah ganda LOUREIRO.... e assim vamos vivendo ,como diz o Arnaldo

    DCS

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