sexta-feira, 4 de julho de 2008

ERAM TRÊS











ERAM TRÊS..

Perto da loja do MARCELINO BENTO, havia uma oficina de ferreiro. O patrão precisava de ir á cidade e disse para o neto, um rapazote, aí de uns dez anos.
Augusto, despacha-te que vais comigo, vamos apanhar a camioneta da carreira à do Zé.
Mas vamos aonde avô?.. disse o neto.
Vamos embora, logo vês. Estás pronto?
E lá foram.
Uma vez chegados à do Garrocho, cruzaram-se com dois ciganos que conduziam três ou quatro muares e um burro novo, ia lá também...
É pá queres vender o burro? .. disse o velho para o cigano
Ok, vendo, quando dás por ele?...
50 dólares, disse o avô.
Está fechado,. disse o Cabanas.
A coisa funcionou e agora eram três.
Como é ó Augusto.
Já temos transporte até à cidade, disse o neto Augusto..
Então monta tu, disse o avô.
E assim foi.
Quando passaram à primeira taberna, diz a malta:- é pá, desce daí ó ladrão, vais aí bem montado e o velho atrás aí vai a cochear. Tal é esse seviço...
Vai para baixo ó Augusto, diz o velho. E num salto `a Tarzan monta-se ele no burro.
E recomeçam o andamento.
Na segunda taberna, diz a malta. Ó velho dum cabrão que ainda matas o burro, salta daí ó ladrão.
Arreia avô, diz o neto
E agora, como é que é?.
Agora vai raso.
Na terceira taberna diz a malta: - ó camada de burros.. então como é....parecem três os burros..
Na terceira taberna, diz o velho, é pá dá cá 60 dólares e levas o burro, ok
Aí o tens, toma lá e dá cá o animal.

A vida é isto.

Texto adaptado por
João Brito Sousa

1 comentário:

  1. A Vida...

    Está aí um bom retrato da pressão que hoje se sofre na convivência em sociedade!

    Os comportamentos individuais no seio de uma sociedade estão sempre sujeitos a críticas, críticas estas passíveis de os condicionar, numa violentação constante e inflexível de personalidades e de vontades.
    Como diria o meu avô, nesta impiedosa sociedade, "é-se preso por ter cão e é-se preso por o não ter!".
    O problema torna-se seriamente grave quando enfrentado por personalidades menos fortes que, incapazes de se sobreporem a essas críticas, se deixam levar numa vida de flutuações frequentes, ao sabor da onda das opiniões alheias.

    Na sua forma mais simples, a submissão à crítica alheia manifesta-se na forma de vestir, naquilo que se apelidou de "andar na moda". A moda dita as regras e, ainda que económicamente custoso para a maioria das bolsas, vê-se toda a gente a deixar de usar o que ainda está em perfeito estado de conservação e dispender sérias maquias de um rendimento que é sempre insuficiente, para aderir à moda, ao que é imposto por terceiros, para evitar ter de enfrentar os olhares críticos daqueles com quem tem que se cruzar no decurso de cada dia. Ridícula, para dizer o mínimo, esta forma de se deixar pressionar pela opinião alheia.

    Mas é assim a vida...! E vamos vivendo!

    arnaldo silva
    felizmente reformado

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