quinta-feira, 12 de junho de 2008

UM TEMA ACTUAL/ IMPRENSA/DN


UMA GREVE GERAL DECIDIDA NOS MEIOS DE TRANSPORTE

É preciso aguardar por amanhã para avaliar o impacto e as consequências políticas da greve decretada pela CGTP. Mas já hoje é claro que o êxito da jornada depende, em muito, da dimensão da paralisia dos transportes colectivos nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto.

O confronto dar-se-á muito mais entre funcionários públicos e o Estado-patrão do que propriamente entre proletários e capitalistas do sector privado. Dificultar ao máximo o acesso aos locais de trabalho de três milhões de assalariados é, numa sociedade mediatizada como a nossa, meio caminho andado para cantar vitória quando se trata de provar que o braço forte dos grevistas consegue parar comboios, metros, autocarros e barcos.

É por isso que esta luta florentina de classes se trava de véspera, esgrimindo argumentos jurídicos e lançando providências cautelares para evitar que a adesão à greve se decida nos transportes: neste caso, o objectivo dos grevistas é impedir que duas linhas do Metro de Lisboa (a amarela e a azul) circulem, asseguradas pelos serviços mínimos.

Em 2002, os sindicatos orgulharam-se dos 90% de envolvidos na greve geral de então, enquanto o Governo encolheu os ombros com os menos de 15% por ele contabilizados. Ou seja, uma das partes mentiu. Ou, pior, as duas. Desta vez, exige-se outro rigor. Até porque só com números honestos e credíveis será possível avaliar a força do protesto. Sem jogos ou manobras de diversão.

Publicação de
João Brito Sousa

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