CENAS DA VIDA
1 ) - MANUEL MADEIRA é um poeta contemporâneo que lutou pela liberdade e, consequentemente, esteve preso em Caxias.
Foi ele que me contou esta história que apresento a seguir.
Em certa ocasião estávam16 presos na mesma cela. Num dia desses, o Dr Mário Soares fazia anos. A namorada, a Drª Maria Barroso foi à cadeia e levou- lhe um ramo aí com 20 cravos, encarregando-se de seguida o Dr. Mário Soares de os distribuir pelos presentes, entregando um a cada um dos presos..
À hora do almoço a malta foi toda para a cantina de cravo na lapela. A polícia política mandou regressar os presos à cela e foi aí que nos quinze dias seguintes tomaram as refeições.
2) MACDONES, O VENDEDOR DE PEIXE
O MAC era um relógio suíço. Às onze e meia da manhã passava nos Braciais, vindo não se sabe de onde, talvez de Olhão, na sua bicicleta com as duas canastras semi cheias de carapau e sardinha E o Mac, que tinha a sua clientela certa, fazia accionar o búzio donde saía aquele ruído seco tipo buuuuuuuu e as mulheres vinham e bradavam por ele, éh Mac, espera aí Mac.
1 ) - MANUEL MADEIRA é um poeta contemporâneo que lutou pela liberdade e, consequentemente, esteve preso em Caxias.
Foi ele que me contou esta história que apresento a seguir.
Em certa ocasião estávam16 presos na mesma cela. Num dia desses, o Dr Mário Soares fazia anos. A namorada, a Drª Maria Barroso foi à cadeia e levou- lhe um ramo aí com 20 cravos, encarregando-se de seguida o Dr. Mário Soares de os distribuir pelos presentes, entregando um a cada um dos presos..
À hora do almoço a malta foi toda para a cantina de cravo na lapela. A polícia política mandou regressar os presos à cela e foi aí que nos quinze dias seguintes tomaram as refeições.
2) MACDONES, O VENDEDOR DE PEIXE
O MAC era um relógio suíço. Às onze e meia da manhã passava nos Braciais, vindo não se sabe de onde, talvez de Olhão, na sua bicicleta com as duas canastras semi cheias de carapau e sardinha E o Mac, que tinha a sua clientela certa, fazia accionar o búzio donde saía aquele ruído seco tipo buuuuuuuu e as mulheres vinham e bradavam por ele, éh Mac, espera aí Mac.
E o Mac parava. Mal o Mac parava e descia da bicicleta o mulherio avançava e questionavam o Mac, perguntando éih Mac, o que é que tens aí hoje Mac? E ele, aqui são sardinhas a cinco escudos o cento e aqui são carapaus a sete escudos o cento. Mac, o preço está alto.. tens de baixar Mac .. e o Mac nada... e a luta continuava até uma conclusão final. De referir que a venda destes peixes avulso era ao cento e raramente ao quilo, pois nem todos tinham balança.
SANTA BÁRBARA DE NEXE deu muitos vendedores ambulantes e o Mac era um dos mais populares. Mac tinha fibra e quando chegava à aldeia, na subida, já com a canastra vazia ou quase, o Mac dava espectáculo. Mac punha aquela marcha de pedalada na bicicleta e dali não saía. O Mac às vezes irritava-se... mas passava-lhe pouco tempo depois. Vida dura aquela do Mac mas o Mac era vendedor de peixe e tinha os seus clientes que não podia abandonar. Ele era o fornecedor daquela rapaziada amiga.. .Na venda da Maria Rosa todos esperavam por ele, regateavam os preços mas o Mac tinha sempre um sorriso para toda a gente. Mac amigo,
A TUA CLIENTELA TE AGUARDA
Eram doze e trinta quando o Mac chegava,
Vinha cansado da subida mas estava feliz....
O Mac... vendia sim... mas também dava,
Algum peixe... de “contrapartida” ...como ele diz.
Os meus fregueses gostam de mim... eu sei...
Porque eu às vezes acrescento um pouco ao peso
Mas, é assim... dou-lhes do peixe que eu comprei
E se ficar lesado sou eu que a mim próprio leso.
O Mundo seria melhor se fossemos todos assim...
Mal iria o Mundo se comprassem todos a mim.
Só porque eu ofereço um peixe às gentes. ..
Mas se o peixe é bom e há compradores
Eu também posso oferecer algum sem favores
Ganham os fregueses e eu mais clientes...
João Brito Sousa
SANTA BÁRBARA DE NEXE deu muitos vendedores ambulantes e o Mac era um dos mais populares. Mac tinha fibra e quando chegava à aldeia, na subida, já com a canastra vazia ou quase, o Mac dava espectáculo. Mac punha aquela marcha de pedalada na bicicleta e dali não saía. O Mac às vezes irritava-se... mas passava-lhe pouco tempo depois. Vida dura aquela do Mac mas o Mac era vendedor de peixe e tinha os seus clientes que não podia abandonar. Ele era o fornecedor daquela rapaziada amiga.. .Na venda da Maria Rosa todos esperavam por ele, regateavam os preços mas o Mac tinha sempre um sorriso para toda a gente. Mac amigo,
A TUA CLIENTELA TE AGUARDA
Eram doze e trinta quando o Mac chegava,
Vinha cansado da subida mas estava feliz....
O Mac... vendia sim... mas também dava,
Algum peixe... de “contrapartida” ...como ele diz.
Os meus fregueses gostam de mim... eu sei...
Porque eu às vezes acrescento um pouco ao peso
Mas, é assim... dou-lhes do peixe que eu comprei
E se ficar lesado sou eu que a mim próprio leso.
O Mundo seria melhor se fossemos todos assim...
Mal iria o Mundo se comprassem todos a mim.
Só porque eu ofereço um peixe às gentes. ..
Mas se o peixe é bom e há compradores
Eu também posso oferecer algum sem favores
Ganham os fregueses e eu mais clientes...
João Brito Sousa
Sem comentários:
Enviar um comentário