quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

MENSAGEM DE D. DUARTE PIO

EM 01.12.2010

Na perspectiva histórica de um País com perto de 900 anos, o penosocaminhar numa crise comparável à vivida nos tempos da I Repúblicacujo centenário este ano faustosamente se comemorou, permite-nosretirar diversas conclusões.Comecemos pela circunstância de a República, fundada pela força quederrubou um Regime Democrático, nunca, até aos nossos dias, haversido legitimada pelo voto popular.Significativo é, também, o facto de o regime republicano, nas suasvárias expressões, não ter tido capacidade para resolver nenhum dosproblemas de que acusava a Monarquia e o facto de que as Democraciasmais desenvolvidas e estáveis da Europa serem Monarquias.As nossas três Repúblicas do séc. XX nasceram de três golpesmilitares após os quais os governantes se lançaram a reorganizar asociedade, com os resultados que agora estão à vista.
Como herdeiro dos reis de Portugal, eu represento um outro princípio,o princípio da liberdade e não o da coerção. Chegou a hora de asociedade livremente dizer que Estado quer. Em vários reinos do Norteda Europa ouvi destacados políticos afirmarem que "vivemos emRepública, mas o nosso Rei é o melhor defensor da nossa República".Deixo aqui uma mensagem aos monárquicos, aos convictos que, hoje, sãoa minoria mas, segundo as sondagens, serão a maioria no futuro que se aproxima.
Quero lembrar que essas sondagens chegam a referir 20%, 30% ou 40% demonárquicos, conforme as perguntas são feitas, percentagens tanto maisvaliosas quanto resultam da escolha de pessoas livres e não depropagandas de partidos ou de movimentos sem transparência.Quero agradecer-vos a generosidade, o entusiasmo, e a dedicaçãoquando içam nas ruas a bandeira das Quinas com a Coroa e querodizer-vos que continuarei a acompanhá-los, como sucedeu no 5 deOutubro em Guimarães, o dia da independência nacional.A situação humilhante em que a Nação se encontra perante nós própriose a comunidade internacional obriga-nos a reflectir sobre novosmodelos de desenvolvimento económico e de vida em sociedade,inspirados no bem comum.
Com efeito, a expectativa inicial do projecto europeu que ageneralidade dos membros abraçou e que se assumiu, na sua origem,como um projecto de cooperação entre Estados - com os mais ricos aajudarem os mais pobres – corre o risco de passar, rapidamente,de miragem a tragédia, com os mais fortes a ditarem regras e a imporsanções aos mais vulneráveis.Neste contexto de incerteza e preocupação, são, por isso, cada vezmais as vozes autorizadas que preconizam a necessidade da reforma domodelo de desenvolvimento económico global. A reactivação estratégicade uma agricultura sustentável e ecologicamente equilibrada éfundamental para enfrentarmos com segurança os desafios actuais, comohá pouco tempo lembrou o Papa Bento XVI .Precisamos de um novo modelo para conseguir maior felicidade ebem-estar com menor desperdício de recursos, que deverão ser melhor emais justamente partilhados, para que a ninguém falte o essencial.Havendo tantas necessidades de apoio às populações seria desejáveldinamizar as antigas tradições de voluntariado, recorrendo também aosserviços dos beneficiários de subsídios do Estado, como condição parareceberem esses subsídios.
Receber subsídios sem dar a suacontribuição para a sociedade equivale a receber esmolas, o que não ébom .Portugal não pode cair no desânimo a que nos conduzem os constantes econfusos acontecimentos políticos nacionais amplamente noticiados.É fundamental acreditar no Futuro e partilhar Esperança, nunca nosesquecendo de onde viemos e para onde queremos ir.Para isso há que cultivar os exemplos de competência, seriedade ecoragem na defesa de ideais, combatendo a falta de autenticidade que,infelizmente, constitui uma das mais comuns e perversascaracterísticas do nosso tempo.Quem está na Política deve ter como primeiro e último objectivoSERVIR a Pátria e, em particular, permitir a valorização dos maisdesfavorecidos.E para esta valorização ser possível, teremos de repensar todo onosso sistema educativo, do pré-primário ao superior, adaptando oscursos às necessidades profissionais actuais e futuras e criando -com suporte da rede de ensino privado e cooperativo - condições àsfamílias com menos recursos para poderem escolher os estabelecimentosque gostariam que os seus filhos frequentassem, sem que tal venha aimplicar aumento de encargos para o Estado.Tenho visitado muitas escolas onde me explicam que os programas sãodesajustados às realidades actuais e às saídas profissionais, eparticularmente aos jovens com problemas de adaptação. O “Cheque Ensino” seria uma solução para estes problemas,permitindo às famílias escolher a oferta escolar mais adaptada àsnecessidades dos seus filhos, evitando a discriminação económicaactual e promovendo a qualidade do ensino através de uma saudávelconcorrência…Só desta forma conseguiremos melhorar efectivamente o nível médiocultural, académico e profissional da população com vista aoprogressivo desenvolvimento e engrandecimento do País e não com fimexclusivamente estatístico.Na sua longa História, Portugal foi grande quando se lhe depararamdesafios que envolveram projectos galvanizadores de verdadeiradimensão nacional. Nessas alturas, os portugueses sempre souberamresponder com criatividade, entusiasmo e coragem.Hoje, é no Mar e na Lusofonia que a nossa atenção deve ser focadacomo áreas de eleição para realizar um projecto de futuro para o Paíse para a Comunidade dos Países de Língua Oficial Portuguesa.
Afinal,são estas duas vertentes que, desde o início da Expansão MarítimaPortuguesa, com períodos de maior ou menor brilho, maior ou menorenvolvimento, têm vindo a constituir o nosso Desígnio.O prestigiado Jean Ziegler, meu professor em Genebra, ensinava queexistem dois caminhos para desenvolver os povos. O primeiro começavapela educação profissional, académica e ética da população , que iriadesenvolver o país e conduzi-lo ao enriquecimento. O segundo caminhoconsistia em injectar dinheiro estrangeiro na economia. Osgovernantes criariam grandes infra-estruturas, enriquecendo-se algunsdeles no processo, e a população compraria bens de consumo importados,enriquecendo o comércio.
Mas no fim, essa nação estaria endividada e aclasse média empobrecida porque as capacidades de produção teriamdiminuído.Infelizmente é esta a nossa realidade recente.Deixo para os especialistas apontarem os factores da crise que nosfustiga, fazerem os diagnósticos acertados, apontarem as vias desolução. Mas não posso deixar de dizer que é urgente arrepiarmos ocaminho que nos trouxe à gravíssima crise económica e financeira queatravessamos, como venho denunciando desde há anos.Foi justamente neste sentido que, este ano, pela segunda vez,promovi, no âmbito da Comissão D. Carlos 100 Anos, a organização doCongresso “Mares da Lusofonia”que permitiu umaparticipada reflexão, com representantes de todos os Países da CPLPpresentes, acerca da valia dos mares e das Plataformas Continentaisdos países lusófonos nas vertentes estratégica, de segurança,jurídica, ambiental, científica, tecnológica e económica.A intensificação do intercâmbio de conhecimentos da sociedade civil eo fortalecimento das relações afectivas entre os nossos paísescontribuirá decisivamente para a supressão das barreiras que aindaexistem.
Recentemente visitei o Brasil, pátria de minha Mãe, onde, emBrasília, tive a feliz oportunidade de contactar alguns membros doseu Governo.Transmiti os meus sinceros votos de sucesso à recém-eleita PresidenteDilma Russef .Percebi que lá existe uma grande abertura à ideia de uma futuraConfederação de Estados Lusófonos, que muito beneficiaria todos osseus membros e cuja adesão não comprometeria as alianças regionaisexistentes. O facto do Reino Unido pertencer à Commonwealth nãoprejudica a sua participação na União Europeia mas valoriza-a .Ainda sobre a importância da afectividade que naturalmente se cultivana Comunidade Lusófona, virá a propósito salientar a decisão doGoverno de Timor – país a que me ligam relações de profundaamizade – quando, à semanas, declarou o seu auxílio a Portugalna compra de parte da nossa dívida pública, num gesto de fraternalamizade. Do mesmo modo, tenho indicações de que muito nosbeneficiaria negociar com o Brasil um empréstimo para resolver acrise da dívida pública soberana em melhores condições do que com oFMI ou a Europa.Para concluir, gostaria de transmitir a todos os portugueses umamensagem de ânimo:Não vos deixeis abater pela situação de dificuldade económica e crisemoral que actualmente nos invade.Lembrai-vos que tivemos momentos bem mais graves na nossa História emque a perenidade da Instituição Real foi suporte decisivo para arecuperação conseguida.A dinastia, baseada na família, oferece o referencial de continuidadede que Portugal está carente há cem anos.
Viva Portugal !
(Recebido por email)
JBS

1 comentário:

  1. Cem anos de maldicencia não acabaram com a natural tendencia dos portugueses para se sentirem monarquicos....tal como não acabaram com a sua crença religiosa...
    A républica descredibilizou-se a ela própria ao impõr-se pelas armas de resto como quase todas as revoluções sangrentas.
    Estou com D. Duarte.
    Abraço
    Diogo

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