sábado, 18 de dezembro de 2010

A TERTÚLIA TODOS BEM

NA LEITARIA.
Por João Brito Sousa

Quando cheguei ao local dos nossos “meetings” às quintas o Artur estava a reler os seus apontamentos para a sessão de hoje, sorridente e, ao ver-me chegar, disse-me: hoje vou dar uma aula como fazia o velho Dr. Furtado nas aulas de História.
- Que grande seca, disse o Tomaz.
- Qual é o título, indagou o Pedro, que chegara entretanto.
- Vou falar das consequências da Revolução Francesa em Portugal.
- Muito bem, disse eu.
- Vous etes d´accord, perguntou o Artur
- Oui, disseram o Tomaz e o Pedro.
Ora vamos lá, disse o Artur. E começou a sua dissertação Após a revolução, os franceses, que foram atingidos nos seus bens e direitos, emigraram, procurando vários países para viver, não esquecendo que aí onde estivessem, poderiam proceder à restauração do seu Regime preferido, agora deposto.
Os primeiros a sair, ainda em 1789, ano da revolta, foram os aristocráticos ricos que tinham sido fiéis ao poder instalado e eram contra qualquer mudança, seguindo-se os sacerdotes em 1791, indignados com a perda de direitos que usufruíam e que deixaram de estar consignados na Constituição Civil do Clero e, mais tarde, em Agosto 1792, emigraram nobres, burgueses artífices e outros.
Um dos Países que os franceses procuraram para se instalar, foi Portugal, onde chegou a residir um número considerável de pessoas pertencendo às mais diversas profissões, como cabeleireiros, relojoeiros, tecelões e livreiros, sendo o trabalho destes últimos, livreiros e mercadores de livros, o que mais contribuiu para a difusão em Portugal das correntes do pensamento europeu, o que levou as autoridades portuguesas a tomar medidas, no sentido de isolar o nosso País da propaganda revolucionária, tal como sucedeu em Espanha.
Tal facto afectou de algum modo, os franceses residentes, tendo alguns saído de Portugal (e entrado outros), um pouco por acção do Intendente Geral da Polícia, Pina Manique, que criou o serviço de censura contra os livros vindo do exterior.
O Tomás pediu para intervir e disse:
- Aparentemente Portugal teve receio da cultura, uma vez que a revolução francesa resultou, em parte, das ideias Iluministas contidas na Enciclopédia, que Portugal parecia agora querer rejeitar e por outro lado, conforme disse o historiador francês Albert Mathieu, a revolução veio para a rua, porque a França precisava de ter à cabeça da Monarquia um Rei e havia apenas Luís XVI

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