IMPUNIDADES
por MST
Enquanto as altas esferas do PSD conspiram para voltar a entregar Lisboa a Santana Lopes, a Câmara em funções entrega mais uma fatia de rio à Fundação Champalimaud e alguns dos 3200 beneficiários das habitações camarárias atribuídas por ‘cunha’ acham-se exemplos de transparência e ‘liberdade’. E ainda nos sobra ânimo para ir aplaudir Tony Blair pelo estado em que deixou o mundo. É uma casinha portuguesa, com certeza 1Tony Blair veio fazer uma palestra a Lisboa, para a habitual plateia de decisores políticos e económicos. Depois de dez anos a governar a Inglaterra em nome dos trabalhistas, Blair é hoje um dos homens mais bem pagos da Europa, cobrando entre 125 mil e 250 mil euros por cada uma destas conferências, além do salário de luxo que recebe como consultor de um desses bancos americanos que agora estão no olho do furacão da crise financeira mundial. Também é enviado especial da ONU para o Médio-Oriente, mas, nessas funções, tem-se revelado bem menos empenhado e eficaz do que a fazer conferências.
Como herança interna, Blair deixou um défice monumental nas contas públicas inglesas, arruinou o mítico Serviço Nacional de Saúde (ao ponto de ser o líder dos «tories», David Cameron, quem hoje faz o papel de defensor público do SNS), deixou umas centenas de mortos ingleses no Iraque e o país ligado ao desfecho da aventura de Bush (para a qual
Blair foi o primeiro dos apoiantes), e, para rematar em beleza, deixou toda a economia inglesa refém da tragédia de Wall Street.
Seria de esperar da sua parte talvez alguma humildade, algum embaraço, quem sabe mesmo, alguma vergonha: afinal de contas, ele foi um dos principais responsáveis pelo estado do mundo e ainda anda a facturar fortunas a falar dos ‘problemas’ que ajudou decisivamente a criar! Mas, se alguém esperava tal coisa, esperou em vão. Descontraído e sorridente, Tony Blair puxou de umas notas avulsas e deu conta das suas recentes andanças pelo mundo: esteve em Pequim, nos Jogos Olímpicos, esteve no deserto, numa tenda com Kadhafi, esteve aqui e ali, derramando a sua vasta experiência sobre os ‘problemas’, para poder concluir em Lisboa que “os problemas são globais e precisam de soluções globais”. Mais uns quantos lugares-comuns de profundidade semelhante e a repetição de que o trabalho tem de ser flexível e a Segurança Social tem de ser reestruturada. E pronto. Suponho que lhe terão batido palmas e agradecido muito a lição e o incómodo. E lá se foi Tony Blair, sorridente, para o seu próximo compromisso global. É assim que se governa o mundo, nos tempos de agora.
2 Já aqui falei antes sobre um problema particular que o PSD, o país e todos nós temos: ter de estar sempre a encontrar uma ocupação para Santana Lopes. E tem de ser uma ocupação política e um cargo público, porque é tudo o que ele quer e pode. Agora, germina no PSD a originalíssima ideia de voltar a entregar ao ‘menino-guerreiro’ o ‘combate’ pela Câmara de Lisboa. Não admira que o próprio tenha já esclarecido que combates desses “não se recusam”. O que admira e confrange é que a gente que sabe o que a casa gasta, como Manuela Ferreira Leite ou Marcelo Rebelo de Sousa, estejam dispostos a voltar a entregar Lisboa ao pior presidente da Câmara que Lisboa teve, desde um tal Aquilino, do PS. O raciocínio é este: nós livramo-nos do Santana e, se os lisboetas votarem nele, o problema é deles. Sim, eu sei, a culpa é da ordem natural das coisas: a democracia é uma senhora sem memória nem pudor, uma espécie de maria-vai-com-todos. E, se são os próprios eleitores que estão dispostos a cobrir tudo com um manto de impunidade, porque não aproveitar?
3 António Champalimaud foi um dos raríssimos milionários deste país que, por morte, deixou parte da sua fortuna a uma Fundação a sério, dedicada ao bem público e a uma causa utilíssima. Mais, teve a visão de escolher para gerir os destinos da Fundação alguém com a capacidade de não defraudar o seu gesto, como é Leonor Beleza. Dito isto, confesso o meu desapontamento com a forma como a Fundação Champalimaud quer começar a intervir na coisa pública. Primeiro, tentou por todas as formas conseguir uma excepção às regras do ordenamento paisagístico para instalar a sua sede em zona de construção vedada, na área de paisagem protegida Sintra-Cascais. Frustrados os seus intentos, virou-se para Lisboa e acaba de conseguir que a CML (com o verbo de encher que se está a revelar António Costa), consentisse em suspender o PDM da cidade para que a Fundação, contrariando as regras em vigor para todos, possa edificar a sua sede à beira-rio, na zona de Pedrouços. Ou seja, uma Fundação que nasce para fazer o bem público, começa por exigir e obter privilégios no espaço público que resultam no prejuízo de um bem comum, como é o direito a usufruir livremente da frente do rio, sem a ver tapada por construções avulsas, negociadas por favor político ou pessoal. É pena. Porque isto diz muito acerca da prática instalada entre nós de que não existe iniciativa privada sem favor do Estado.Ali em frente, temos a Fundação Berardo, a quem o CCB emprestou toda a sua ala de exposições para ele colocar a sua colecção de pintura que não tinha onde pôr, e que empresta ao Estado. Sem espaço para mais nada, o CCB vai agora construir um novo módulo para exposições e, para o financiar, quer também construir um hotel. Se a exploração do hotel correr mal, são mais dois encargos a acrescentar à despesa pública. Para sustentar uma necessidade que não existia e que só passou a existir porque o Estado resolveu abrir mão de coisa sua para a oferecer a um ‘mecenas’.
Portugal visto de Espanha – imprescindivel ler e pensar
ResponderEliminarSIMPLESMENTE ARRAZADOR
Não deixem de ler e, sobretudo, divulgar.
Portugal visto de Espanha. AS VERDADES OCULTAS EM PORTUGAL
LISBOA, 21 sep (IPS) - Indicadores económicos y sociales periódicamente
divulgados por la Unión Europea (UE) colocan a Portugal en niveles de
pobreza e injusticia social inadmisibles para un país que integra desde 1986
el 'club de los ricos' del continente.
Pero el golpe de gracia lo dio la evaluación de la Organización para la
Cooperación y el Desarrollo Económicos (OCDE): en los próximos años Portugal
se distanciará aún más de los países avanzados.
La productividad más baja de la UE, la escasa innovación y vitalidad del
sector empresarial, educación y formación profesional deficientes, mal uso
de fondos públicos, con gastos excesivos y resultados magros son los datos
señalados por el informe anual sobre Portugal de la OCDE, que reúne a 30
países industriales.
A diferencia de España, Grecia e Irlanda (que hicieron también parte del
'grupo de los pobres' de la UE), Portugal no supo aprovechar para su
desarrollo los cuantiosos fondos comunitarios que fluyeron sin cesar desde
Bruselas durante casi dos décadas, coinciden analistas políticos y
económicos.
En 1986, Madrid y Lisboa ingresaron a la entonces Comunidad Económica
Europea con índices similares de desarrollo relativo, y sólo una década
atrás, Portugal ocupaba un lugar superior al de Grecia e Irlanda en el
ranking de la UE. Pero en 2001, fue cómodamente superado por esos dos
países, mientras España ya se ubica a poca distancia del promedio del
bloque.
'La convergencia de la economía portuguesa con las más avanzadas de la OCE
pareció detenerse en los últimos años, dejando una brecha significativa en
los ingresos por persona', afirma la organización.
En el sector privado, 'los bienes de capital no siempre se utilizan o se
ubican con eficacia y las nuevas tecnologías no son rápidamente adoptadas',
afirma la OCDE.
'La fuerza laboral portuguesa cuenta con menos educación formal que los
trabajadores de otros países de la UE, inclusive los de los nuevos miembros
de Europa central y oriental', señala el documento.
Todos los análisis sobre las cifras invertidas coinciden en que el problema
central no está en los montos, sino en los métodos para distribuirlos.
Portugal gasta más que la gran mayoría de los países de la UE en
remuneración de empleados públicos respecto de su producto interno bruto,
pero no logra mejorar significativamente la calidad y eficiencia de los
servicios.
Con más profesores por cantidad de alumnos que la mayor parte de los
miembros de la OCDE, tampoco consigue dar una educación y formación
profesional competitivas con el resto de los países industrializados.
En los últimos 18 años, Portugal fue el país que recibió más beneficios por
habitante en asistencia comunitaria. Sin embargo, tras nueve años de
acercarse a los niveles de la UE, en 1995 comenzó a caer y las perspectivas
hoy indican mayor distancia.
Dónde fueron a parar los fondos comunitarios?, es la pregunta insistente en
debates televisados y en columnas de opinión de los principales periódicos
del país. La respuesta más frecuente es que el dinero engordó la billetera
de quienes ya tenían más.
Los números indican que Portugal es el país de la UE con mayor desigualdad
social y con los salarios mínimos y medios más bajos del bloque, al menos
hasta el 1 de mayo, cuando éste se amplió de 15 a 25 naciones.
También es el país del bloque en el que los administradores de empresas
públicas tienen los sueldos más altos.
El argumento más frecuente de los ejecutivos indica que 'el mercado decide
los salarios'. Consultado por IPS, el ex ministro de Obras Públicas
(1995-2002) y actual diputado socialistaJoão Cravinho desmintió esta
teoría. 'Son los propios administradores quienes fijan sus salarios,
cargando las culpas al mercado', dijo.
En las empresas privadas con participación estatal o en las estatales con
accionistas minoritarios privados, 'los ejecutivos fijan sus sueldos
astronómicos (algunos llegan a los 90.000 dólares mensuales, incluyendo
bonos y regalías) con la complicidad de los accionistas de referencia',
explicó Cravinho.
Estos mismos grandes accionistas, 'son a la vez altos ejecutivos, y todo
este sistema, en el fondo, es en desmedro del pequeño accionista, que ve
como una gruesa tajada de los lucros va a parar a cuentas bancarias de los
directivos', lamentó el ex ministro.
La crisis económica que estancó el crecimiento portugués en los últimos dos
años 'está siendo pagada por las clases menos favorecidas', dijo.
Esta situación de desigualdad aflora cada día con los ejemplos más variados.
El último es el de la crisis del sector automotriz.
Los comerciantes se quejan de una caída de casi 20 por ciento en las ventas
de automóviles de baja cilindrada, con precios de entre 15.000 y 20.000
dólares.
Pero los representantes de marcas de lujo como Ferrari, Porsche,
Lamborghini, Maserati y Lotus (vehículos que valen más de 200.000 dólares),
lamentan no dar abasto a todos los pedidos, ante un aumento de 36 por ciento
en la demanda. Estudios sobre la tradicional industria textil lusa, que fue
una de las más modernas y de más calidad del mundo, demuestran su
estancamiento, pues sus empresarios no realizaron los necesarios ajustes
para actualizarla.
Pero la zona norte donde se concentra el sector textil,tiene más autos
Ferrari por metro cuadrado que Italia.
Un ejecutivo español de la informática, Javier Felipe, dijo a IPS que según
su experiencia con empresarios portugueses, éstos 'están más interesados en
la imagen que proyectan que en el resultado de su trabajo'.
Para muchos 'es más importante el automóvil que conducen, el tipo de tarjeta
de crédito que pueden lucir al pagar una cuenta o el modelo del teléfono
celular, que la eficiencia de su gestión', dijo Felipe, aclarando que hay
excepciones.
Todo esto va modelando una mentalidad que, a fin de cuentas, afecta al
desarrollo de un país', opinó.
La evasión fiscal impune es otro aspecto que ha castrado inversiones del
sector público con potenciales efectos positivos en la superación de la
crisis económica y el desempleo, que este año llegó a 7,3 por ciento de la
población económicamente activa.
Los únicos contribuyentes a cabalidad de las arcas del Estado son los
trabajadores contratados, que descuentan en la fuente laboral. En los
últimos dos años, el gobierno decidió cargar la mano fiscal sobre esas
cabezas, manteniendo situaciones 'obscenas' y 'escandalosas', según el
economista y comentarista de televisión Antonio Pérez Metello.
'En lugar de anunciar progresos en la recuperación de los impuestos de
aquellos que continúan riéndose en la cara del fisco, el gobierno
(conservador)decide sacar una tajada aun mayor de esos que ya pagan lo que
es debido, y deja incólume la nebulosa de los fugitivos fiscales, sin
coherencia ideológica, sin visión de futuro', criticó Metello.
La prueba está explicada en una columna de opinión de José Vitor Malheiros,
aparecida este martes en el diario Público de Lisboa, que fustiga la falta
de honestidad en la declaración de impuestos de los lamados profesionales
liberales.
Según esos documentos entregados al fisco, médicos y dentistas declararons), los arquitectos d
ingresos anuales promedio de 17.680 euros (21.750 dólares), los abogados de
10.864 (13.365 dólaree 9.277 (11.410 dólares) y los
ingenieros de 8.382 (10.310 dólares).
Estos números indican que por cada seis euros que pagan al fisco, 'le roban
nueve a la comunidad', pues estos profesionales no dependientes deberían
contribuir con15 por ciento del total del impuesto al ingreso por trabajo
singular y sólo tributan seis por ciento, dijo Malheiros.
Con la devolución de impuestos al cerrar un ejercicio fiscal, éstos 'roban
más de lo que pagan, como si un carnicero nos vendiese 400 gramos de bife y
nos hiciese pagar un kilogramo, y existen 180.000 de estos profesionales
liberales que, en promedio, nos roban 600 gramos por kilo', comentó con
sarcasmo.
Si un país 'permite que un profesional liberal con dos casas y dos
automóviles de lujo declare ingresos de 600 euros (738 dólares) por mes, año
tras año, sin ser cuestionado en lo más mínimo por el fisco, y encima recibe
un subsidio del Estado para ayudar a pagar el colegio privado de sus hijos,
significa que el sistema no tiene ninguna moralidad', sentenció.
Junto envio um artigo que retrata o nosso país
os melhores cumprimentos,
A.Gonçalves