Por mais que me custe interromper o alarido assanhado e obstrutivo por aí disperso, continuo a dizer da pátria, dos costumes e da fancaria. Falava dos ziguezagues da política, sob o modesto pretexto de criticar as suas tentações para a irresponsabilidade. Ia no ponto e vírgula. Eis que surge a campanha pró-município.
Não é fatalidade: é farsa. Se a esquerda parece uma daquelas escorrências do Miguel Sousa Tavares, a que ele chama artigos, a direita representa-se como hilariante comédia de Gervásio Lobato. Vivemos numa atmosfera de absurdo e dissimulação. Manuela Ferreira Leite concedeu, austera e firme, o nihil obstat à ressurreição de Santana Lopes. Nada a dizer: é lá com eles.
Especialmente com Pacheco Pereira, mentor político e ideológico da presidente do PSD, e crudelíssimo crítico de Santana, pelo qual nunca disfarçou o maior dos desprezos. O Pacheco deve estar espavorido. Ou perdeu crédito, ou foi exautorado ou, simplesmente, ignorado e colocado ante um facto concluído. Na assombrosa epopeia da nossa história cómico--política, Santana Lopes sempre passou de nome funerário à refulgente virtude de condestável. Pessoalmente, estou deveras preocupado com o Pacheco e seu destino. Não é que ele seja só testa. Notoriamente, possui mais do o que caracterizava o seu homónimo da Correspondência de Fradique Mendes; mas não deixa de ser um produto de Portugal: sujeito,
portanto, às oscilações do meio e à natureza que o impulsiona para astuciosos avanços - ou o remove para tormentosos recuos. O Pacheco, nesta cruzada de purificação que empreendeu, já há anos, Santiago o proteja!, perdeu estrondosamente. E Santana é, novamente, o estrénuo vencedor. Atrás dele, uma corte solene, leal e inabalável, detestada pelo Pacheco. Santana tem amigos e muitas amigas.
portanto, às oscilações do meio e à natureza que o impulsiona para astuciosos avanços - ou o remove para tormentosos recuos. O Pacheco, nesta cruzada de purificação que empreendeu, já há anos, Santiago o proteja!, perdeu estrondosamente. E Santana é, novamente, o estrénuo vencedor. Atrás dele, uma corte solene, leal e inabalável, detestada pelo Pacheco. Santana tem amigos e muitas amigas.
O Pacheco nem, sequer, instantes de amizade. Caso a dr.ª Manuela Ferreira Leite houvesse em atenção os seus avisos, as coisas seriam como são? Infere-se que abstraiu o conselheiro e decidiu por si própria ou após outro aconselhamento. Mas esta solução contraria o austero espírito da senhora que, propriamente, não traz a foto de Santana próximo do coração. Santana cultiva a frivolidade, aprecia a noite, é um courreur à femmes. A dr.ª Manuela é pessoa de recolhimento, dada ao agasalho do silêncio, contrária à agitação, à festa.
Que determinou a alteração da senhora, ao designar Santana como candidato ao município de Lisboa? A dr.ª Manuela cedeu às instigações da "visibilidade" e ilustrou a tese de que a política desconhece a ética e a função próprias. Como muito jornalismo circundante. Haja Deus e haja Freud! No momento. Os amigos presentes. Sempre. No meio do alarido, dezenas de mails, telefonemas, cartas e sinais de respeito e afecto.
publicação de
João Brito Sousa
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