domingo, 30 de janeiro de 2011

OPINIÃO

ACERCA DO DISCURSO DE VITÓRIA DE CAVACO
Toda a gente da política criticou severamente o discurso de vitória do reeleito Pesidente. Se um (o) discurso não primou pela elegãncia as opiniões também não foram nada representativas de uma boa conduta social, visto achincalharem o nome do Presidente ,as sobretudo o cargo.
Foi deprimente.
Estes comportamentos, de pessoas todas elas com responsabilidades no panorama político português, que conduziram a este estado em que o País se encontra, deveriam ser um pouco mais moderados.
Mas isso não conta; o que vale é a bordoada.


Dará alguma coisa ?

JBS

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

OPINIÃO


BAPTISTA-BASTOS NO DN - mais palavras para quê?

Mário Soares foi o vencedor das eleições. A astúcia e a imaginação do velho estadista permitiram que Fernando Nobre, metáfora de uma humanidade sem ressentimento, lhe servisse às maravilhas para ajustar contas. É a maior jogada política dos últimos tempos. Um pouco maquiavélica.
Mas nasce da radical satisfação que Mário Soares tem de si mesmo, e de não gostar de levar desaforo para casa. Removeu Alegre para os fojos e fez com que Cavaco deixasse de ser tema sem se transformar em problema. O algarvio regressa a Belém empurrado pelos acasos da fortuna, pelos equívocos da época, pelo cansaço generalizado dos portugueses e pelos desentendimentos das esquerdas (tomando esta definição com todas as precauções recomendáveis).
Vai, também, um pouco sacudido pelo que do seu carácter foi revelado. Cavaco não possui o estofo de um Presidente, nem um estilo que o dissimulasse. Foi o pior primeiro-ministro e o mais inepto Chefe do Estado da democracia. Baço, desajeitado, inculto sem cura, preconceituoso, assaltado por pequenas vinganças e latentes ódios, ele é o representante típico de um Portugal rançoso, supersticioso e ignorante, que tarda em deixar a indolência preguiçosa. Nada fez para ser o que tem sido.
Já o escrevi, e repito: foi um incidente à espera de acontecer. Na galeria de presidentes com que, até agora, fomos presenteados, apenas encontro um seu equivalente: Américo Tomás. E, como este, perigoso. Pode praticar malfeitorias? Não duvido. Sobre ser portador daqueles adornos é uma criatura desprovida de convicções, de ideologia, de grandeza e de compaixão. Recupero o lamento de Herculano: "Isto dá vontade de morrer!"
(Baptista-Bastos, DN)
RECOLHA DE
JBS

domingo, 23 de janeiro de 2011

CRÓNICA PARA O ANTONIO PEREIRA

DESPORTO AO FIM DE SEMANA (22 e 23 Janeiro)
Por João Brito Sousa

Sou um adepto do desporto. Hoje, com 68 anos e com uma operação hospitalar à coluna, não pratico nada, mas, na altura própria, joguei futebol no clube da minha terra, o SCPatacão, pelas várias empresas onde trabalhei, pela escola do Magistério de Faro, joguei andebol na Escola e fui finalista no torneio interno contra a turma dos electricistas que tinha à baliza o Tony Casaca, mais tarde guarda redes titular de futebol no Olhanense, joguei golfe e ténis de campo e de mesa na Companhia de Diamantes de Angola, joguei voleibol no Magistério Primário onde fui colega de turma do Marcelino Viegas, distinto jornalista do Algarve, sou um pedagogo, pois comecei a minha vida profissional como professor primário e terminei-a como professor do Ensino Superior, no ISCAL e tentei um doutoramento na Universidade de Badajoz, não discutindo tese (Favor ver meu CV que segue à parte).

AS COMPETIÇÕES QUE VI EM DIRECTO

1 - Final da Supertaça em andebol, Benfica / Águas Santas

Gostei do jogo. O Benfica ganhou bem mas com a ajuda do treinador. Aliás esta ponta final da prova foi o treinador que no banco viu as lacunas da equipa e corrigiu-as. Carlos Carneiro do Benfica e os três guarda redes que jogaram, foram os melhores em campo, na minha opinião. Emoção quanto baste a proporcionar um bom espectáculo.

2 – BENFICA / NACIONAL DA MADEIRA

Boa vitória do Benfica. Mas o Nacional entrou melhor. Queriam ganhar e demonstraram isso ao longo de toda a partida. Ainda assustaram. A equipa do Benfica acusou alguma dose de intranquilidade apesar de facilmente chegar aos 3 / 0. Mas o Nacional foi sempre um perigo. Os golos foram limpos e nada há a apontar. No final do jogo houve cenas que não quero comentar.

3 – O jogo BRAGA / VITÓRIA DE SETÚBAL

O Braga esteve a perder por dois a zero e chegou ao empate o que foi bom, Mas o empate foi mau.


João Brito Sousa


quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

ELMANO OU MARTINS DS SANTOS

OPINIÃO
DECLARAÇÕESDO SENHOR PINTO DA COSTA.
Em declarações à imprensa, JORNAL o JOGO de hoje, Pinto da Costa disse: "O único do Benfica que queria era o Elmano Santos".
Ora, Elmano Santos é árbitro de futebol, para que é que o quereria o senhor Pinto da Costa. Não teria querido dizer Martins dos Santos?

No final do encontro com o Beira-Mar, Pinto da Costa desmentiu categoricamente o interesse do FC Porto em Salvio, encontrando justificação na notícia apenas no eventual interesse de o Atlético de Madrid inflacionar o preço do jogador.
"'A Bola' costuma dar títulos ao FC Porto quando as coisas não são verdade, portanto está tudo dito.
Aqui não se rouba nem há ladrões. Nunca ninguém aqui foi condenado por roubar o que quer que fosse, repito, nunca no FC Porto ninguém foi condenado por roubar o que fosse.
Se a notícia fosse verdadeira não era ali que saía. Aproveito para garantir que não estamos interessados nesse jogador. E se o Atlético de Madrid o disse - e já sei que não o disse - só se justificaria para fazer preço, mas não vai fazer porque não nos interessa. Nem nenhum outro do Benfica, para quê? Se calhar do Benfica o único que queria era o Elmano Santos", ironizou
Este assunto deveria ser explicado.
Retrado do jornal O JOGO.
JBS

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

HEMINGWAY

O SOL TAMBÉM SE LEVANTA

Escrito por Ernest Hemingway

O Sol Também se Levanta retrata o cotidiano de um grupo de expatriados boêmios, ingleses e norte-americanos, após o término da Primeira Guerra Mundial. Os cenários escolhidos para o romance foram as cidades de Paris e Pamplona, durante o Festival de San Firmin.O norte-americano Jacob Barnes é o protagonista e narrador da história. Conhecido como Jake, ele trabalha como repórter em Paris. Jake volta impotente da guerra e acaba se apaixonando por Lady Brett Ashley, mulher de personalidade fútil, que trata os homens como simples objeto e envolve-se com vários deles, apesar de ser comprometida.Para O Sol Também se Levanta Hemingway criou tipos humanos complexos, representando assim uma geração contaminada pela ironia e pelo vazio diante da vida, com seus valores morais destruídos pela guerra e irremediavelmente perdidos. Temas como a solidão e a morte, os preferidos do escritor, são explorados de forma brilhante.Escrito originalmente em 1926 e publicado em 1927, O Sol Também se Levanta foi o primeiro romance de Ernest Hemingway, sendo considerado, por muitos, como sua obra mais refinada em termos de técnica literária.
Os homens, no alto do muro, inclinaram-se ergueram a grade do corral. Depois ergueram a porta da jaula. Curvei-me sobre o muro e esforcei-me por enxergar lá dentro. Mas estava tudo escuro. Alguém bateu na grade com uma barra de ferro. No interior, algo pareceu explodir. O touro batia na madeira, à direita e à esquerda, com seus chifres, e fazia um grande ruído.Divisei então um focinho negro, a sombra dos chifres e depois ouvi patadas na madeira da caixa oca. O touro precipitou-se no corral e parou, com as patas dianteiras deslizando na palha. Ergueu a cabeça, a grande corcova de músculos do pescoço inchada, retesada, a musculatura do corpo fremente, enquanto olhava a multidão sobre os muros de pedra. Os dois bois retrocederam e se encostaram à parede, de cabeça baixa, vigiando o touro.
O touro os viu e arremeteu. Atrás de uma das caixas um homem pôs-se a gritar e a bater com o chapéu de encontro às tábuas. O touro, deixando os bois, voltou-se e arremeteu para o ponto onde estava o homem, tentando atingi-lo atrás das tábuas, com meia dúzia de golpes rápidos e fustigantes com o chifre direito.
- Meu Deus! Como é belo - exclamou Brett.Estávamos bem acima dele.- Vejam como sabe servir-se bem dos chifres - disse eu. - Conhece a sua direita e a sua esquerda, como um jogador de boxe.- Pois não é?- Olhe!- Ele vai muito depressa.- Espera. Vai chegar outro dentro de um minuto.
Haviam trazido outra jaula para a entrada. Numa extremidade, por trás de um abrigo de tábuas, um homem atraiu o touro; e, enquanto este olhava para o outro lado, levantaram a grade e um segundo touro entrou no corral.
Fez uma arremetida direta contra os bois, e os dois homens, saindo de trás das tábuas, gritaram, para afastá-lo. O touro, contudo, não se desviou e os homens gritavam: "Ha, ha, ha, toro", e agitavam os braços. dois bois puseram-se de lado, para resistir ao choque, e o touro investiu contra um deles.
- Não olhe - disse eu a Brett, que olhava, fascinada.- Fabuloso! - exclamei. - Você não se impressiona- Eu o vi - disse ela. -Vi-o mudar do chifre esquerdo para o direito.- Formidável!
O boi estava por terra, com o pescoço estendido, a cabeça retorcida, da maneira como havia caído. Subitamente, o touro deixou-o, para correr em direção ao outro que permanecera ao fundo, balançando a cabeça, olhando o que se passava. Correu, desajeitado, e o touro o alcançou, feriu-o ligeiramente no flanco e olhou a multidão, sobre os muros, erguendo a corcova de músculos. O boi aproximou-se dele como se quisesse empurrá-lo com o focinho e o touro investiu ao acaso. Em seguida, empurrou o boi e ambos se dirigiram, trotando, para o outro.

HEMINGWAY

ENREVISTA COM Ernest Hemingway


Escrito por George Plinton
Pergunta: As horas que o senhor dedica à escrita propriamente dita são agradáveis?
Hemingway: Muito.
Pergunta: Poderia falar um pouco sobre esse processo? Em que período trabalha? O senhor segue uma programação estrita?
Hemingway:Quando estou trabalhando em um livro ou um conto, escrevo diariamente de manhã, a partir da hora em que surge a primeira luz. Não tem ninguém para perturbar, é fresco, ou mesmo frio. Começo a trabalhar e vou esquentando conforme escrevo. Leio o que fiz no dia anterior e, como sempre paro num trecho a partir do qual sei o que vai acontecer, prossigo desse ponto. Escrevo até chegar a um momento em que, ainda não tendo perdido o gás, posso antecipar o que vem em seguida; paro e tento sobreviver até o dia seguinte, para voltar à carga. Se começo às seis da manhã, digamos, posso ir até meio-dia, ou interromper o trabalho um pouco antes. A interrupção dá uma sensação de vazio, como quando se faz amor com quem se gosta. E ao mesmo tempo não é um vazio, mas um transbordamento. Não há nada que o atinja, nada acontece, nada tem sentido até o dia seguinte, quando você faz tudo de novo. Difícil é viver a espera até o dia seguinte.
Pergunta: Consegue tirar da cabeça um projeto, seja ele qual for, quando está longe da máquina?
Hemingway:Claro. Mas é preciso disciplina para se fazer isso, e essa disciplina se conquista. Tem de ser assim.
Pergunta: O senhor reescreve alguma coisa ao reler o que escreveu no dia anterior? Ou isso vem depois, quando já está tudo pronto?
Hemingway:Eu sempre reescrevo, na manhã seguinte, o trecho do dia anterior. Naturalmente, quando acabo, repasso tudo outra vez. E tem-se mais uma chance de corrigir e reescrever quando outra pessoa datilografa, e se vê o texto passado a limpo, datilografado. A última oportunidade é nas provas. É bom ter tantas chances diferentes.
Pergunta: Quantas vezes reescreve um texto?
Hemingway: Depende. Reescrevi o final de A farewell to arms, a última página, trinta e nove vezes, até ficar satisfeito.
Pergunta: Por quê? Havia algum problema técnico? O que o preocupava?
Hemingway: Pôr as palavras do jeito certo.
Pergunta: Essa releitura que recupera a "seiva" o "gás"?
Hemingway:A releitura me coloca no ponto exato onde tem que haver a continuação, dando a noção de que tudo está tão bom quanto possível. A seiva sempre está em algum lugar.
Pergunta: Mas existem momentos em que a inspiração não vem de jeito nenhum?
Hemingway: Sem dúvida. Mas ao parar num ponto em que sabia o que viria depois, posso ir em frente. Desde que consiga começar, tudo bem. O gás aparece.
Pergunta: Thornton Wilder fala de recursos mnemônicos que ajudam o escritor a saber a quantas anda o seu dia de trabalho. Ele diz que uma vez o senhor contou que apontou vinte lápis.
Hemingway:Acho que nunca cheguei a ter vinte lápis ao mesmo tempo. Gastar sete lápis n. 2 é um bom dia de trabalho.
Pergunta:Pode citar alguns dos lugares que considera mais propícios para trabalhar? O hotel Ambos Mundos deve ter sido um deles, a julgar pelo número de livros que escreveu lá. Ou, na sua opinião, o ambiente tem pouca influência sobre o trabalho?
Hemingway: O Ambos Mundos, em Havana, foi um lugar muito bom para se trabalhar. O Finca é um lugar fantástico, ou melhor, foi. Mas eu trabalho bem em qualquer lugar. Quer dizer, consigo trabalhar tão bem quanto me é possível nas circunstâncias mais variadas. Telefone e visitas são inimigos mortais do trabalho.
Pergunta: É necessário ter estabilidade emocional para se escrever bem? O senhor me disse uma vez que só conseguia escrever bem quando estava apaixonado. Poderia se estender um pouco mais nesse assunto?
Hemingway:Mas que pergunta! Nota dez pela tentativa. Você consegue escrever sempre que as pessoas deixam você em paz e não interrompem. Quer dizer, consegue se for duro o bastante com relação a isso. Mas, com toda certeza, escreve-se melhor quando se está apaixonado. Se você estiver de acordo, prefiro não me estender sobre esse assunto.
Pergunta: E a questão da segurança financeira? Pode prejudicar a qualidade do que se escreve?
Hemingway: Se ela vem relativamente cedo e você ama a vida tanto quanto o seu trabalho, é preciso ser muito forte para resistir às tentações. Uma vez que escrever tenha se tornado seu maior vício e seu maior prazer, só a morte pode acabar com isso. A segurança financeira, então, é uma grande ajuda, já que evita que você fique se preocupando. A preocupação destrói a capacidade de escrever. Uma doença incomoda, na medida em que gera uma preocupação subconsciente, minando suas reservas.
Pergunta: Na sua opinião, qual o melhor treino intelectual para o aspirante a escritor?
Hemingway:Digamos que ele estivesse pensando em sair e se enforcar, porque chegou à conclusão de que escrever bem é tremendamente difícil. Neste caso, deveria cortar a corda sem piedade, de forma a se ver obrigado, pelo seu próprio eu, a escrever o melhor possível pelo resto da vida. Pelo menos teria a história do enforcamento para começar.
Pergunta: E sobre as pessoas que seguem a carreira acadêmica? Acha que os muitos escritores que mantêm cargos acadêmicos comprometeram suas carreiras literárias?
Hemingway: Depende do que você considera comprometer. Tem o mesmo sentido de "uma mulher comprometida"? E o compromisso de um estadista? Ou é o compromisso que você firma com o dono da mercearia ou com o alfaiate, no qual se estabelece que você paga um pouco mais daqui a alguns dias? O escritor que consegue escrever e lecionar deve ser capaz de fazer as duas coisas. Muitos escritores competentes provaram que isso é possível. Eu não conseguiria, sei disso, e admiro aqueles que têm capacidade para tanto. Mas acho que a vida acadêmica pode pôr um ponto final na experiência mais ampla, externa, e que provavelmente isso limitaria o conhecimento do mundo. O conhecimento, no entanto, exige responsabilidade do escritor, e faz com que escrever se tome ainda mais difícil. Tentar escrever algo que tenha valor permanente é uma ocupação que exige péríodo integral, mesmo que no processo em si sejam gastas apenas apenas algumas horas por dia. Pode-se comparar o escritor a um poço. Existem muitos tipos de poços, como de escritores. Mas o importante é que o poço tenha uma água boa, e é melhor tirar um pouco todos os dias do que esvaziá-lo de uma só vez, e ficar esperando que ele se encha novamente. Sei que estou fugindo da pergunta, mas essa pergunta não era muito interessante.
Pergunta: Recomendaria o trabalho jornalístico aos escritores jovens? A sua experiência no Kansas City Star foi útil?
Hemingway:No Star se era forçado a aprender a escrever sentenças informativas simples. Isso é útil para qualquer um. O trabalho jornalístico não prejudica o jovem escritor e pode até vir a ajudá-lo se ele cair fora a tempo. Esse é um dos clichês mais velhos que conheço e peço desculpas por isso. Mas quando se fazem as velhas perguntas de sempre, deve-se estar preparado para receber as velhas respostas de sempre.

Pergunta: Escreveu uma vez no Transatlantic Review que a única razão pela qual trabalhou com jornalismo era por ser bem pago. E disse: "E quando se destroem coisas importantes, escrevendo-se sobre elas, é preciso receber um bom dinheiro por isso". Acha que escrever é uma espécie de autodestruição?

Hemingway: Não me lembro de ter escrito isso algum dia. Mas me parece idiota e violento o bastante para eu ter dito, só para não ter que ficar roendo as unhas e dar uma declaração sensata. Com toda certeza eu não acho que escrever seja uma espécie de autodestruição, se bem que o jornalismo, depois de um certo ponto, pode vir a se tornar uma autodestruição diária para um escritor sério e criativo.

Pergunta: Na sua opinião, o estímulo intelectual da companhia de outros escritores contribui de alguma forma para o escritor?

Hemingway:Sem dúvida.

Pergunta: Na Paris dos anos 20, o senhor tinha algum "sentimento de grupo" com relação aos outros estritores e artistas?

Hemingway:Não. Não existia nenhum sentimento de grupo. Sentíamos respeito uns pelos outros. Eu respeitava muitos pintores, alguns da minha idade, outros mais velhos - Gris, Picasso, Braque, Monet, ainda vivos na época e escritores: Joyce, Ezra Pound, o que havia de bom em Stein...

Pergunta: Quando está escrevendo, alguma vez já se viu influenciado pelo que estava lendo na época ?

Hemingway:Não, desde a época em que Joyce estava escrevendo Ulysses. Não foi uma influência direta. Mas naqueles dias, quando as palavras que conhecíamos nos eram interditas, e tínhamos que brigar por uma única palavra, a influência do trabalho de Joyce mudou tudo, e fez com que pudéssemos nos livrar das restrições.

Pergunta: Outros escritores lhe ensinaram alguma coisa sobre a arte de escrever? Ainda ontem o senhor estava me dizendo que Joyce, por exemplo, não suportava falar sobre o assunto.

Hemingway:Junto a pessoas de seu próprio ramo, você normalmente fala dos livros de outros escritores. Quanto melhores forem os escritores menos vão falar sobre o que eles mesmos escrevem. Joyce era um grande escritor e só explicava o que estava fazendo a imbecis. Acreditava que os outros escritores que respeitava eram capazes de entender o que ele fazia no momento em que o lessem.

Pergunta: Parece que o senhor tem evitado a companhia de outros escri tores há anos. Por quê?

Hemingway: Isso é mais complicado. Quando se escreve, quanto mais fundo se vai, mais sozinho se fica. A maioria dos antigos e melhores amigos morre. Outros se mudam.. Você não os encontra mais a não ser em raras ocasiões, mas escreve e mantém o mesmo contato de antes, como se estivessem juntos num café, como nos velhos tempos. Trocam-se cartas cômicas, às vezes descaradamente obscenas e irresponsáveis, e é quase o mesmo que conversar. Mas você fica mais sozinho, porque é assim que tem de trabalhar, e o tempo para trabalhar fica cada vez menor, e, se você desperdiça esse tempo, sente que cometeu um pecado para o qual não existe perdão.

Pergunta: Já tocou algum instrumento musical?

Hemingway: Costumava tocar violoncelo. Minha mãe me tirou da escola um ano inteiro, para que eu estudasse música e contraponto. Achava que eu tinha jeito, mas eu não tinha o menor talento. Tocávamos música de câmara ­ alguém tocava violino; minha irmã tocava viola e minha mãe, piano. Eu tocava violoncelo pior que qualquer outra pessoa na face da Terra. E claro, naquele ano fiquei livre para fazer outras coisas também.

Pergunta:Relê os escritores de sua lista? Twain, por exemplo?

Hemingway: É preciso dar um prazo de uns dois ou três anos com Twain. Você grava muito as histórias. leio um pouco de Shakespeare todo o ano.Sempre Lear. É só ler i fico mais estimulado.

Pergunta: A leitura é, então, uma ocupação e um prazer constantes?

Hemingway:Vivo lendo livros - todos que aparecem. Faço um certo racionamento, de forma a ter sempre algum de reserva.

Pergunta: Quer dizer então que um conhecimento profundo das obras das pessoas em sua lista ajuda a preencher o "poço" de que falou há pouco? Ou foram uma ajuda consciente no desenvolvimento das técnicas de redação?

Hemingway:Fizeram parte do aprender a ver, a ouvir, a pensar, a sentir e a não sentir, e a escrever. O poço está onde está seu gás. Ninguém sabe do que ele é feito, muito menos você. Você já sabe se está com ele ou não, se vai ter que esperar até que ele venha novamente.

Pergunta: O senhor admitiria a existência de símbolos em seus romances?

Hemingway:Acredito que existam símbolos, já que os críticos continuam a encontrá-los. Se não se importa, não gosto de falar sobre símbolos, e nem que me façam perguntas sobre isso. Já é bastante difícil escrever livros e contos, e ainda por cima lhe pedem para ficar explicando o sentido. Isso também acaba tirando o emprego dos explicadores. Se cinco ou seis, ou mais explicadores profissionais podem dar conta da coisa, por que eu iria me meter? Leia tudo que escrevo só pelo prazer da leitura. Qualquer outra coisa que venha a encontrar será a medida daquilo que você trouxe à leitura.

Pergunta: Essas perguntas que abordam a criação artística são realmente uma chateação.

Hemingway:Uma pergunta inteligente não deve ser nem um prazer nem uma chateação. Mas ainda acho que é muito desagradável para o escritor falar sobre como ele escreve. Escreve para ser lido com os olhos e nenhuma explicação ou dissertação deveria ser necessária. Pode ter certeza que existe muito mais no que se escreve do que aquilo que se lê numa primeira leitura e, por ser assim, não é função do escritor explicar o que escreve ou organizar excursões, como um guia turístico, através da região mais difícil de sua obra.

Pergunta:Poderia dizer quanto de esforço consciente de elaboração entrou no desenvolvimento do seu estilo pessoal?

Hemingway: Essa é uma pergunta cansativa e exige muito tempo para ser respondida. Se você passasse dois dias respondendo, ficaria tão consciente de si mesmo que não conseguiria mais escrever. Eu diria que aquilo que os amadores chamam de estilo geralmente é apenas a inevitável falta de jeito da piimeira tentativa de se fazer algo que até então nunca havia sido feitô: Quase nenhum dos novos clássicos se parece com os antigos. No início, as pessoas só consegem ver a falta de jeito. Depois isso não é mais tão perceptível. Quando se revela uma falta de jeito ímpar, as pessoas pensam que isso é estilo e muitas passam a copiar. O que é Jamentável.

Pergunta: Como se apresenta em sua mente a concepção de um conto? O tema, o enredo, algum personagem muda conforme vai escrevendo?

Hemingway: As vezes sei a história. As vezes vou compondo conforme escrevo e nem tenho idéia de como vai ficar. Tudo muda conforme o desenroIar. É isso que faz o movimento, que faz a história. As vezes o movimento é tão lento que parece que não há movimento algum. Mas sempre há mudança e sempre há movimento.

Pergunta: É assim também com o romance, ou o senhor elabora todo um plano antes de começar e segue rigorosamente esse plano?

Hemingway:For whom the bell tolls foi um problema que tive de enfrentar diariamente. Em princípio sabia o que ia acontecer. Mas inventava o que acontecia a cada dia.

Pergunta: The green hills of Africa, To have and have not e Across the river and into the trees começaram todos como contos e acabaram se transformando em romances? Se foi esse o caso, essas duas formas são tão semelhantes que o escritor pode passar de uma para a outra sem ter que rever por completo o tratamento dado?

Hemingway:Não, isso não é verdade. The green hills of Africa não é um romance, foi uma tentativa de escrever um livro absolutamente fiel à verdade, para ver se o contorno de uma região e o esquema de um mês de ação poderiam, se apresentados de maneira verídica, se equiparar a uma obra fictícia. . Depois de tê-lo escrito, escrevi dois contos, "The snows of Killimanjaro" e "The short happy life of Francis Macomber". Esses contos, inventei com base no conhecimento e na experiência que havia adquirido naquele mesmo mês de longas caçadas do qual tentei dar um relato fiel em The green hills. To have and have not e Across the river and into the trees começaram, os dois, como contos.

Pergunta: Acha fácil passar de um projeto literário para outro, ou o senhor segue direto num só projeto, para acabar o que começou?

Hemingway: O fato de estar interrompendo um trabalho sério para responder a essas perguntas prova que sou tão idiota que merecia receber um castigo terrível. E vou receber. Não se preocupe.

Pergunta: Vê-se competindo com outros escritores?

Hemingway:Nunca. Costumava tentar escrever melhor do que certos escritores já falecidos, aqueles que julgava terem realmente valor. Já há um bom tempo venho apenas tentando fazer o melhor que consigo. As vezes tenho sorte e escrevo melhor do que posso.

Pergunta: Acha que a força de um escritor diminui conforme ele envelhece? Em The green hills of Africa o senhor diz que os escritores norte-americanos com uma certa idade se transformam em "vovozinhas".

Hemingway:Não sei de nada disso. Pessoas que sabem o que fazem deveriam permanecer em atividade desde que suas cabeças continuassem em atividade. Nesse livro a que se referiu, se você olhar direito, vai ver que eu estava falando horrores sobre a literatura norte-americana com um austríaco completamente sem humor, que estava me forçando a conversar, quando o que eu queria era fazer outra coisa. Fiz um relato exato dessa conversa. Não para fazer pronunciamentos imorredouros. Uma boa porcentagem das opiniões é bem razoável.

Pergunta: Até agora não discutimos personagens. Os personagens de suas obras são, sem exceção, tirados da vida real?

Hemingway:Claro que não. Alguns vêm da vida real. A maioria você inventa a partir do conhecimento, da compreensão e da experiência com pessoas.

Pergunta: Poderia dizer alguma coisa sobre o processo de transformar um personagem real num personagem fictício?

Hemingway: Se fosse explicar como isso às vezes é feito, ia parecer um manual para advogados de acusação.

Pergunta:Faz alguma distinção - como faz E. M. Forster - entre personagens "planos" e "redondos"?

Hemingway: Se você descreve alguém, é plano, é como uma fotografia, e, no meu ponto de vista, uma falha. Se você cria esse alguém a partir daquilo que você conhece, ele terá todas as dimensões.

Pergunta:Dos seus personagens, quais são os que vê com um carinho especial?

Hemingway:Isso daria uma lista enorme.

Pergunta: Então gosta de reler seus próprios livros -sem sentir que existem coisas que gostaria de mudar?

Hemingway:Leio, às vezes, para me sentir incentivado quando está difícil escrever; então me lembro que sempre foi difícil e de como às vezes era quase impossível.

Pergunta: Como dá nome aos personagens?

Hemingway: O melhor que posso.

Pergunta: Os títulos lhe ocorrem enquanto está no processo de criação da história ?

Hemingway:Não. Faço uma relação de títulos depois que termino o conto ou o livro - às vezes chega a uns cem. Então começo a eliminar alguns, às vezes todos.

Pergunta:Faz isso até mesmo com uma história cujo título foi sugerido pelo próprio texto -"Hills like white elephants", por exemplo?

Hemingway:É. O título vem depois. Conheci uma garota em Prunier, onde eu tinha ido para comer ostras antes do almoço. Fiquei sabendo que ela havia abortado. Me aproximei e conversamos, não falamos sobre o aborto, mas no caminho de volta para casa fui pensando na história, não almocei, e passei a tarde escrevendo o conto.

Pergunta:ArchibÍlld MacLeish falou de um método de transmitir experiência que, segundo ele, o senhor desenvolveu quando cobria jogos de beisebol nos dias do Kansas City Star. O método consistia simplesmente na transmissão da experiência através de pequenos detalhes que, relatados tintim por tintim, acabavam dando a idéia do todo, fazendo com que o leitor ficasse consciente daquilo que ele já sabia, mas em seu subconsciente...

Hemingway:Essa historinha é apócrifa. Nunca cobri beisebol para O Star. O que Archie tentava se lembrar era de como eu estava tentando aprender, em Chicago, por volta de 1920, e de como eu procurava pelas coisas despercebidas, que revelavam a emoção, coisas como o jeito pelo qual o jogador de beisebol jogava a luva para trás sem olhar onde ela havia caído, o chiado da sola do lutador sobre a lona encerada, a tonalidade cinzenta da pele de Jack Blackburn assim que ele saía de uma luta, e outras coisas que eu anotava, como um pintor faz esboços. Você via a cor estranha de Blackbum, as cicatrizes de navalha e o jeito como ele acertava um homem, antes de saber a sua história. Eram essas as coisas que lhe davam emoção antes que você soubesse da história.

Pergunta: Já descreveu algum tipo de situação do qual não tivesse nenhum conhecimento pessoal?

Hemingway:Essa é uma pergunta muito estranha. Por conhecimento pessoal você quer dizer experiência? Nesse caso, a resposta é sim. Um escritor, se tem algum valor, não descreve. Ele inventa ou cria a partir do conhecimento pessoal e impessoal, e às vezes parece ter um conhecimento inexplicado que poderia vir da experiência familiar e racial já esquecida. Quem ensina o pombo­correio a voar como ele voa; de onde o touro tira a sua bravura, ou o cão de caça o seu faro? Isso é uma elaboração, ou uma condensação, daquilo que conversamos em Madri, quando a minha cabeça não estava muito confiável.

Pergunta: Poderia dizer até que ponto, na sua opinião, o escritor deve se preocupar com os problemas sócio-políticos de sua época ?

Hemingway:Cada um tem sua própria consciência, e não deveriam existir regras sobre como a consciência deve funcionar. Tudo que você pode ter cer teza a respeito de um escritor com preocupações políticas é que, se a obra dele permanecer viva, você vai ter que ignorar a política quando o ler. Muitos dos chamados escritores engajados mudam de ideologia a toda hora. Isso é muito estimulante para eles e para suas resenhas político-literárias. As vezes têm até que reescrever seus pontos de vista e na maior pressa. Talvez dê para se respeitar esse tipo de atitude como uma forma de se buscar a felicidade.

Pergunta:Existiria alguma intenção didática em sua obra?

Hemingway: Didática é palavra que tem sido usada erroneamente e se estragou. Death in the afternoon é um livro instrutivo.

Pergunta: Tem-se falado que os escritores trabalham apenas com uma ou duas idéias no decorrer de suas obras. Diria que a sua obra reflete uma ou duas idéias?

Hemingway: Quem disse isso? Parece simples demais. O homem que disse isso provavelmente tinha só uma ou duas idéias.

Pergunta: Bem, talvez fosse melhor colocar as coisas da seguinte maneira: Graham Greene disse que existe uma paixão predominante, que confere a um conjunto de obras a unidade de um sistema. Se não me engano, o senhor mesmo disse que grandes textos nascem de um senso de injustiça. Considera isso um fator importante, que o romancista seja dominado dessa maneira por tal senso de injustiça?

Hemingway: Graham Greene tem uma facilidade para fazer declarações que eu não tenho de modo algum. Para mim seria impossível tecer generaliza.; ções sobre um conjunto de obras, um bando de perdizes ou um pelotão de gansos. Mesmo assim, vou arriscar uma generalização. Um escritor sem senso de justiça e injustiça ganharia mais editando o anuário de uma escola para crianças excepcionais do que escrevendo romances. Outra generalização. Viu só? Até que elas não são tão difíceis, quando são óbvias o suficiente. O dom mais importante para um bom escritor é um detector interno de baboseiras à prova de choque. Esse é o radar do escritor e todos os grandes escritores ti veram um.

Pergunta: Para encerrar, uma pergunta essencial: como escritor criativo que é, qual considera ser a função da sua arte? Por que a representação do fato, em vez do fato em si?

Hemingway:Por que ficar quebrando a cabeça com isso? De coisas que aconteceram, de coisas que estão acontecendo, e de todas as coisas que você conhece e de todas aquelas que não pode conhecer, você cria algo com a jmagi­nação, algo que não é uma representação, mas sim uma coisa inteiramente nova, mais real do que qualquer coisa viva e real, e você dá vida a essa coisa, e se fizer isso bem o bastante, você lhe confere imortalidade? por isso que se escreve, não por qualquer outra razão que possa vir a conhecer. Ma!' e todas aque­las razões que ninguém conhece?

PARA O ZÉ ELIAS

FROM WASHINGTON
Por Diogo Costa Sousa

Abraco velho

Viste o " pros e contras"?

Os economistas estavam de acordo com o que escrevi e que esta aqui na " gaveta"A jornalista do " publico" , a meu ver mal informada ou poluida politicamente divagou contra a Alemanha....
Achava ela que os trabalhadores ( contribuintes) alemaes devem pagar de bom animo os desgovernos du sul europeu em nome da solidariedade para com gregos que nao trabalham a' terca e quinta a' tarde e sao pagos 15 meses por ano... E a diarreia mental continuou por ali adiante... Reformas aos 55 anos e a dos alemaes aos 65!
Enfim joao e' a informacao na mao de quem nao tem a minima ideia ou sentido do que e' a vida real!...
O ponto a retirar por mim e' este:-- a europa como esta' " desenhada" nao vai a lado nenhum!
Nao me surpreendia nada se visse a Alemanha sair do euro voltar ao Marco e deixar os outros numa moeda ficticia e mal gerida desde o principio com um valor artificial e mantido nao sobre uma verdadeira economia mas sobre o maniaquismos de politicos vaidosos!
Abraco meu caro!
Diogo

APETECIA-ME

Mandar este texto ao Zé Elias. Porque ele é que percebe disto.
A tua erudição e o teu olho clínico brilham mais neste terreno. Em política, aprecio-te a visão global e o sentido de equilíbrio. Tens boa capacidade de análise, tens vistas largas e és uma pessoa estimada e notada. È caso para dizer, não foste tu o parceiro de carteira do Bernardo; o Bernardo Estanco do s Santos é que foi teu parceiro.

Abraço

JBS



segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

OS SALÁRIOS


OS SALÁRIOS


A Adm. Do Banco de Portugal vai reduzir os salários dos Administradores e do pessoal administrativo. A notícia até parece que encerra uma grande novidade e que contem em si grande significado.

Em meu entender os salários são, ou deveriam ser, intocáveis.

Ainda não vi nenhuma manifestação de desagrado e deveria haver. Entendo que em primeiro lugar se deveriam evitar situações BPN e outras que foram abusivamente realizadas.

A diminuição de salários é uma forma camuflada de tentar resolver uma situação caótica.
JBS

domingo, 16 de janeiro de 2011

ACADÉMICA / BENFICA

OPINIÃO

A Académica fez um bom jogo, teve dois lances de baliza aberta que falhou enquanto ao Benfica foram-lhe negados duas grandes penalidades limpas.

O lance do golo do Benfica, vi agora na televisão, foi limpo, apesar de Saviola estar adiantado não influencia no golo cuja, bola lhe vai bater à mão. Penso eu.

O Benfica acusou a responsbailidae do jogo. Ganhou.

JBS

OS COSTELETAS

TENHO ACOMPANHADO.

E é com agrado que verifico que a alma está lá. Surgiu agora o Montinho em grande estilo e tem estado muito bem. Não é fácl ter aquelas ideias. Aquela do idiota está muito bem metida. Só que, a pessoa, apenas é conhecida pela malta de 40.
A vida é aquilo que o Montinho diz, uma espécie de vida ao contrário, no fim de contas, uma coisa complicada.
Vou seguir os conselhos do Montinho.

JBS

sábado, 15 de janeiro de 2011

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

COMPLETAMENTE DE ACORDO

PARABENS Dr. Mário Soares

Os VENCIDOS DA VIDA de hoje.
por Dr. Mário Soares (Visão)

Irritam-me os portugueses que se comprazem em dizer mal de Portugal. Tudo é negro no nosso país e tudo vai ser pior. Esta moda, snob, vem desde os "vencidos da vida", uma tertúlia chique, criada em finais do século XIX, por reputados intelectuais, escritores e aristocratas, como Eça de Queiroz, Ramalho Ortigão, Oliveira Martins, Carlos Mayer, Guerra Junqueiro, António Cândido, marquês de Soveral, conde de Ficalho, Lobo d'Ávila e outros mais, que marcaram a sociedade portuguesa da época, com o seu aristocrático pessimismo e a necessidade que sentiam de idolatrar a França e a cultura francesa.
O rei D. Carlos era também um apaixonado da França, que visitava regularmente. Era, aliás, mal casado com uma francesa, a rainha D. Amélia de Orleães, e quando ia a Paris, "respirar civilização", comprazia-se, à partida, a dizer aos seus acompanhantes: lá vamos voltar para "a nossa piolheira". Foi esse desprezo por Portugal e pelo Povo Português - sobretudo após a cedência ao ultimato inglês - que conduziu ao 31 de Janeiro, a primeira Revolução Republicana (frustrada) que teve lugar no Porto, e depois ao regicídio e ao 5 de Outubro.
O movimento republicano teve sempre, assim, um cunho acentuadamente patriótico, desde a celebração do tricentenário de Camões, em 1890, que levou, em 1916, a República a participar na I Grande Guerra, essencialmente para defesa das nossas colónias, ameaçadas pelos apetites de expansão de Inglaterra e da Alemanha, com origem no mapa ?cor-de-rosa e na Conferência de Berlim.Vem isto a propósito da irritação - e da tristeza - que me provocam as diatribes de muitos comentadores encartados e economicistas que só veem os números - e não as pessoas, que são o que conta - quando nos procuram convencer que "Portugal está falido, vai deixar de ser um país independente" e outras diatribes sem sentido. Até porque não nos dizem nunca o principal, isto é: como vamos sair da crise que nos afeta, vinda da União Europeia... A verdade é que a maioria dos portugueses, das nossas elites, não conhece o que se passa em Portugal e os progressos incomparáveis que fizemos desde o 25 de Abril. Desprezam os progressos materiais - que são incontestáveis - e o salto imenso que demos, quanto ao prestígio de Portugal no mundo, ao sucesso internacional da Revolução dos Cravos e a influência que teve em todos os continentes, bem como o patamar em que hoje os portugueses estão, em todos os domínios: Ciência, Artes, Tecnologia, Investigação, Cultura, Informática e até no Desporto...
Pertenço ao Júri do Prémio Pessoa e todos os anos, na reclusão do Hotel de Seteais, em Sintra, tenho o gosto de estudar e trocar impressões com os meus colegas, sobre os inúmeros candidatos que nos dão a escolher, em todos os domínios do conhecimento. É impressionante e reconfortante. Este ano, atribuímos o prémio a uma prof.ª, médica, investigadora chefe de um Centro que funciona na Faculdade de Medicina de Lisboa, com dezenas de investigadores doutorados, em Portugal e no estrangeiro, que estudam os mecanismos básicos nas células humanas. Trata-se de um Centro de excelência, de grande prestígio internacional, obviamente nos meios científicos da especialidade.A prof.ª que dirige o Centro e à qual foi atribuído o prémio chama-se Maria Carmo Fonseca. É uma cientista altamente reputada e reconhecida nos meios científicos. Discreta, portuguesa dos sete costados, com uns olhos glaucos, que revelam a sua extraordinária inteligência. É um exemplo - um simples exemplo - do Portugal livre em que vivemos, em que se fazem descobertas e estudos, admirados por todo o mundo, que os derrotistas, que todos os dias entram pelas nossas casas, pelas televisões, não conhecem, porque nada sabem das pessoas - o capital mais precioso - e só se ocupam dos dinheiros e das taxas dos juros, que todos os dias sobem ou descem, na economia virtual em que persistimos em viver..
Retirado da Visão
por JBS

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

CRITICA LITERÁRIA

AO MEU LIVRO "COMO SE GOSTASSE"
Por Américo Pires Ramos

Amigo João.

Haja saúde.
Como me pediu, aí vai a minha opinião sobre o seu livro "COMO SE GOSTASSE".

Ora, o que dizer do livro (que sais je...)

Porquê?

A chave está na página 99

O que eu encontro neste livro encontrei também nos livros "LUCIDEZ DE PENSAMENTO" e "SONETOS IMPERFEITOS"

E o que é que eu encontrei?

Encontrei,

um professor,

De História, Geografia,Moral, Ciências Económicas e Financeiras, Filsofia, Amante 5 estrelas e poeta.

Haverá algum leitor, dito como tal, que exija mais do que isto? é impossível...

O lugar exacto deste livro e na biblioteca ao lado dum Atlas, dum Dicionário, pois é um verdadeiro guia.

Como vê goste imenso do livro.

CARO AMIGO,

Sinto-me grato pela apreciação que faz do livro
Deixo-lhe um abraço.

João Brito Sousa


Favor consultar o blogue

http://apcgorjeios.blogspot.com/

Livros, ofertas de Natal.

João Brito Sousa

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

O MELHOR DO MUNDO

PARABENS.

Quando José Mourinho começou a carreira, vi nele grande futuro porque lidava bem com a polémica, que penso ser o seu ponto forte.

José Mourinho tem uma resposta provocadora que no futebol funciona. Ganha-se com as palavras.

Nunca foi nome sonante do futebol , como jogador, apesar de ter jogado federado, mas penso que não passou dos juniores.
Acho que o prémio é merecido, porque conhece bem os meandros do futebol. Veja-se como ele se comportou no palco na hora de receber o prémio.Falou pouco, em português, cara de poucos amigos, falou dos seus jogadores e da família.
De tácticas saberá igual aos outros, leitura de jogo idem, relacionamento com os jogadores sabe mais e é excepcional, relacionamento com dirgentes e outros agentes ligados ao clube o suficiente.
Pontos altos da sua carreira. Quando foi para o Chelsea Boby Robson convidou-o para almoçar e Mourinho disse não. Rejeitou. Disse que a esposa iria tomar chá com a senhora Robson. Este não foi uma grande vitória pessoal.
Fazer do Inter campeão com aquela equipa de "velhos" não está ao alcance de mais ninguém. Só de José Mourinho que por isso é o melhor.

O casamento parece-me sólido. A referência à família em todos ou quase todos os momentos é fundamental.

Os grandes trunfos de Mourinho estão na liderança.

Penso eu.

JBS

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

CAVACO E AS ACÇÕES


O LUCRO DE 140 %

Aníbal Cavaco Silva tem passado as passas do Algarve na campanha para a residência da REPÚBLICA. Manuel Alegre e Defensor de Moura têm-lhe chegado bem. Chegaram ao ponto de vir dizer que o homem tinha vendido as acções adquiridas na SLN uma empresa do BPN com um lucro de 140 %.

Até foi, mas esse indicador induz numa outra coisa, a raiar lucros fabulosos, quando na verdade os 140 % de lucro resultou de CS comprar as acções a um euro cada e vendê-las a 2. 40.

Sem contrato.

O contrato de venda das acções que o actual Presidente da República detinha na SLN, sociedade proprietária do BPN, afinal não existe. O diário "i" noticia hoje que os acordos de recompra eram feitos directamente com Oliveira e Costa, pelo que não há documentação a comprovar os negócios de Cavaco Silva.

Mas penso que há aqui uma instituição que MA poderá embirrar, que seria o Banco de Portugal, que tem como função principal fiscalizar as entidades bancárias.

E não o fez.

Alberto Queiroga Figueiredo, presidente da SLN Valor, membro da Comissão de Honra de Cavaco: "Não existe contrato. Os únicos contratos que existiam eram contratos de recompra, o que não é o caso".

Estranho o Banco de Portugal, não topar esta situação.
O preço de venda – 2,4 euros, o que representou uma mais-valia de 140% – até foi mais barato do que se pensava. O semanário "Sol" noticia hoje que, na altura em que Cavaco vendeu, houve acordos que previam um preço de 2,75 euros por acção. "As acções de Cavaco - adquiridas em 2001, por um euro cada - foram compradas pela SLN, dois anos depois, pelo preço unitário de 2,4 euros, quando o preço que esta já praticava era de 2,75. Cavaco perdeu, assim, cerca de 36.682 euros", escreve o semanário.
De qualquer forma, a operação esteve isenta de tributação. Isto porque, à altura da operação (2003), o Código do IRS previa a isenção do pagamento de mais-valias provenientes da alienação de acções detidas há mais de 12 meses.

A ser verdade o que deixo escrito, parte retirado da imprensa, agora sou eu que acho que MA deveria reequacionar o que disse, pois a sua pergunta “a quem vendeu Cavaco as acções” não é legítima.

Abater CS por abater não.
JBS

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

VAMOS CONTINUAR

O ASSUNTO É:

Como vai ser a partir de agora.

Os anos aumentam e a biologia dá-nos sinais. O problema que estamos a querer discutir não tem discussão possível porque não tem bases palpáveis. Não conhecemos nada. Depois da máquina parar o que é que se segue?

Sabes zero. E como tal nada mais haverá.

Para onde vamos depois da nossa passagem por cá, eis a questão. Não chegamos a ir.

É só.

Nem Lavoisier.

Aprecio o APC, que é mestre. Estou a falar a sério. A sua argumentação está correcta quando me pergunta como pretendo eu ser digno numa sociedade que eu próprio classifiquei de indigna, por ser constituída por homens maus.

Que ando de contradição em contradição e não saio dela. É uma opinião respeitável.

Mas pouco construtiva.

A sociedade humana que existe é criticável. Se fossemos mais humanistas a nossa passagem por aqui seria mais agradável.

Obviamente que não desejo nem preconizo uma sociedade de bonzinhos, Seria uma merda, sim.

Mas pretendo uma sociedade onde os homens tenham mais consciência de que não valem nada.

E procuro dar o meu contributo para uma sociedade melhor.

Ab.
João Brito Sousa

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

ALÔ DIOGO

A FINITUDE


Será uma boa desculpa para se encerrar um assunto. Efectivamente, também não temos a certeza se isto tudo acaba, por isso não poderemos utilizar esta palavra.

Até aqui o assunto é pacífico

O problema coloca-se antes da nossa própria finitude, ou seja, qual deverá ser o nosso comportamento quando andamos por cá, eu no Porto, o Adolfo nos Gorjões e o Diogo nos Sates.

Foi aqui que tudo começou. O ser humano está vocacionado para o lado contrário da honra e da dignidade humana. O Adolfo perguntou logo. Dignidade
De quê? “Digno de ser homem? Digno da sociedade? Digno da tua humanidade? Digno da tua consciência? De qualquer modo, pela humildade de apenas pedires ser digno, mereces ser ouvido…”

Bom, a verdade é que eu não posso exigir mais de mim do que ser digno. Opto por ser digno da sociedade. Porque conseguir isso seria muito bom, porque, penso ser um comportamento que ninguém consegue . Há sempre umas coisinhas.

A ideia da oração que aceitei fazer refere-se ao período em que andamos por cá. Quem é que me diz o que é que eu ando cá a fazer.

Tudo se transforma disse Lavoisier. Mas em quê, como e quando ?

Tem a palavra a Monarquia.

Ab.

João Brito Sousa

POEMA

NA TUA FACE.


É um livro de versos
Que vou fazendo dia a pós dia
Às vezes há semanas que não lhes
Pego. Mas depois volto atrás e
Vou lê-los. E ao saboreá-los
Até me parecem Poesia
Porque são palavras com ideias
Que dizem coisas interessantes
Que é bom ouvir e tentar discernir
Para saber e conhecer a vida toda
Que é o que é a vida. A Vida
Não é parte…E é ela
Que eu encontro toda a manhã
Toda a tarde de todo o dia
E dela retiro o encantamento
Que trago para dentro da minha
Poesia.


joão Brito Sousa

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

AO ADOLFO PINTO CONTREIRAS

A TRABALHEIRA METAFÍSICA

Penso que essa trabalheira acontece a todos nós e que muito poucos escapam. Digam lá o que disserem. Por acaso, conheci um operário, que me pareceu não ter medo dessa coisa da morte. Bebia o seu copo porque sabia que ia morrer daí a três ou quatro dias. O filósofo Kant disse nessa hora: está tudo em ordem. O problema não é das malandrices que se fizeram mas sim do nosso destino.

Escrevi esse texto por ter lido que Sua Sanidade começava o dia orando uma prece especial e achei piada a isso e dei-lhe crédito. E até escrevi um texto para esse efeito, mas que ainda não funcionou.

Mas ao escrever o texto não quero dizer que me submeta a qualquer vontade suprema nem que me coloque no lado mais cómodo da vida, que é estar ao lado de Deus como vulgarmente é chamada a esta entidade que outros chamam Universo.

O problema metafísico resolve-se se nos convencermos que a vida precisa da morte, até porque viver eternamente não deveria ser uma coisa boa. O sol um dia apaga-se. A finitude é o destino de tudo A pergunta é: para onde vamos ?

Dignidade sim.

JBS

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

A MINHA ORAÇÃO

A MINHA ORAÇÃO
por João BRITO SOUSA

Normalmente aos domingos vou almoçar fora, num Centro Comercial da cidade, indo depois tomar café no espaço a tal destinado, pertença de uma livraria que lá se encontra. De seguida dou uma volta pelos livros e trago um e depois outro e às vezes outro. Desta última vez que lá estive, peguei num livro escrito por Sua Santidade o Papa Bento XVI e às tantas, li, não me lembro em que página, que Sua Santidade,, começava o dia orando uma prece pessoal, diferente das que normalmente estamos habituados. Gostei da ideia, pela originalidade e pensei que também eu, deveria começar a preparar a minha oração, por sentir que tinha coisas a dizer aos outros e principalmente a mim próprio.
Curiosamente, eu já andava com essa ideia na cabeça desde há uns tempos, tendo inclusivamente respondido a um anúncio brasileiro, sobre o assunto Jesus Cristo e aconselharam-me a frequentar a Igreja e ler a Bíblia.
Por preguiça nem fui à Igreja nem li a Bíblia. Por um lado porque na Igreja ouvem-se os assuntos que se lêem na Bíblia e quero ser eu a estabelecer as regras de comportamento porque me devo guiar. Porque ler a Bíblia é ler a minha consciência.
Nesta altura do Natal, a TV passa filmes, versando temáticas da Igreja e da Religião, cujos actores principais se afiguram com as imagens que temos de Jesus Cristo, tendo à sua volta uma multidão de pessoas, que seguem o suposto Messias, olham os céus com ansiedade e angústia notórias, o que em meu entender não faz sentido. Do mesmo modo não é necessário o apoio da Fé para se acreditar no Além. Porque a Fé é uma questão difícil de abordar. Eu prefiro acreditar. Por uma razão simples: é que entre nós e o Universo não há qualquer possibilidade de nós nos agarrarmos a seja o que for, porque a diferença de poderio é tal que não temos outra hipótese que não seja aceitar que há algo que nos é superior.
Indiscutivelmente.
Portanto, parto da verdade única e certa, que tudo o que nasce morre e é aqui, no significado desta palavra, que se joga tudo, porque desconhecemos quando se morre e para onde é que vamos. O que fazer, face a isso?
Muito difícil a reposta, porque não há indicadores de espécie alguma, acerca de quem nos poderá auxiliar e sobretudo guiar. Só nos resta uma coisa; iludirmo-nos. Como? Imaginando que há alguém que nos pode ouvir, ajudar e que nos possa tolerar. Porque estamos sós, entregues a nós próprios, só nós e nós e com alguma ilusão, acreditando que haja alguém que nos oiça, podemos dar alguma razão à nossa existência. E é a esse Alguém, que todas as manãs o dirigir estas palavras, em jeito de oração.
Senhor do Universo, tu que criaste o local onde habito, ajuda-me a vencer as dificuldades do dia a dia, nomeadamente, orientar o meu pensamento para a prática dos princípios éticos, porque a tendência que vejo neste ser que aqui habita, é contrária aos valores desejáveis. Quero ser digno.
Com as palavras contidas nessas 3 / 4 linhas, seguidas por todos, creio que o mundo seria melhor e é essa a minha luta. Porque não é o mundo que é mau. Nós, os homens que o constituímos é que não prestamos para nada.
É o que eu penso.
jbritosousa@sapo