sábado, 12 de março de 2011

A DÍVIDA PUBLICA


A DÍVIDA PÚBLICA

Por Rogério Barroso (Dr)

Monte Francisco – sábado, 12 de Março de 2011

Um novo «PEC». Aí está: o governo do Sócrates anunciou um novo «PEC». As três letras da palavra «PEC» querem dizer «pacote de medidas do governo do Estado de Portugal para salvar o Estado de Portugal da catastrófica situação em que os banqueiros dos bancos sediados em Portugal e nos outros países capitalistas do mundo puseram o Estado de Portugal com a colaboração do governo do Estado de Portugal».

Parece complicado, mas não é!


Essas medidas são medidas restritivas da despesa do Estado de Portugal e têm, como objectivo, originar que a despesa do Estado de Portugal não seja muito maior em 2011 que a despesa do Estado de Portugal em 2010, ou seja: que aquela despesa seja maior apenas 4,5% do que esta.


Com tais medidas, o Estado de Portugal só pode gastar, em 2011, mais 4,5% do valor que gastou em 2010, na suposição de que recebe a mesma receita, sujeitando-se o valor total de 2011 à desvalorização anual da moeda corrente (se desvalorização houver, embora ninguém do governo do Estado de Portugal tenha dito «desvalorização em relação a quê»: se em relação ao dólar, ao litro do petróleo bruto ou à tonelada da cevada – mas, como a gente não sabe, a gente é que «semos todos uns burros»).


E o Estado de Portugal está gastando!…


A pergunta que surge a seguir é a seguinte: se o Estado de Portugal está a gastar mais 4,5% de muitos milhares de milhões de euros este ano que no ano passado, como é que vai recuperar as suas finanças?


Doutra maneira:


o Estado de Portugal tem imensas despesas, ou seja: despesas imensamente grandiosas;
o Estado de Portugal tem, por lei, a possibilidade de extorquir dinheiro aos seus cidadãos, seja sobre valores que eles consomem ou ganham (taxas, impostos, contribuições e outras formas de gamanço), ou em valores fixos, que serão retirados ao bolso dos cidadãos, mesmo que eles passem a vida a dormir e se não mexam um segundo;
ao conjunto destes valores surripiados aos cidadãos (mais a estrangeiros que neste país vivam ou desempenham as suas actividades ou os seus negócios) chama a doutrina jurìdico-económica



«receita de Estado» (ou receita fiscal);


esta extorsão (como toda a extorsão) é tipificada na lei penal como crime; ou seja: a extorsão praticada pelo Estado de Portugal está criminalizada como toda a extorsão; mas, sendo praticada pelo Estado de Portugal, está despenalizada (não está descriminalizada!);


assim sendo, os órgãos dirigentes do Estado de Portugal (Presidente da República, Assembléia da República, governo do Estado de Portugal, tribunais e Procuradoria da República, autarquias locais e governos das Regiões Autónomas da Madeira e dos Açores) estão, na prática das coisas, autorizados pela lei penal a praticarem o crime de extorsão sobre os ditos cidadãos (não percam nunca de vista que estamos, há muitos séculos, no âmago da guerra entre Figurões e Parolos);
quem faz, referenda e promulga estas leis são esses mencionados dirigentes do Estado de Portugal;


actualmente, segundo os preceitos disto que os Figurões chamam (e os Parolos aceitam)



«democracia», quem lá põe (directa ou indirectamente, mediata ou imediatamente) esta gente ruim a mandar no Estado de Portugal são os Parolos, na ilusão de que têm direito de voto, muito embora (e no final de contas) sejam obrigados a votar em partidos, partidos esses que, eles sim!, indicam as tais pessoas ruins que hão-de desempenhar tal mando, que são, depois nomeadas, segundo forma legal, pelas mesmas pessoas ruins que desempenham o mencionado mando (dito de outra maneira: Os Figurões «elegem-se» uns aos outros e, no fim, ficam-se a rir dos Parolos);
teòricamente, o Estado de Portugal tem, como funções obrigatórias, construir as condições de bem-estar dos cidadãos (saúde, ensino, alimentação, habitação, segurança, assistência social, estradas e transportes, etc.);


além disso, o Estado de Portugal tem que suportar as despesas com todas estas actividades, mais as de as executar, razão pela qual, entre outros edifícios funcionais, tem para seu serviço a Função Pública (na sua actividade batoteira e desonesta, o Estado de Portugal, por iniciativa dessa gente ruim que desenvolve e pratica o mando, tem vindo a criar novas figuras de mando e respectivas legislações, como é o caso dos institutos «públicos», empresas «públicas», parcerias «público»-privadas, privatizações da propriedade dos Parolos, dita do Estado, mas sempre empobrecendo o património que é de todos e sempre engrandecendo a dívida do Estado português);


10. o Estado de Portugal suporta todas as suas obrigações de pagar com essa tal receita pública;


11. mas, com esta gente ruim no mando, o Estado de Portugal não suporta só essas despesas (veja-se, entre milhares de outros exemplos de desonestidade, o caso do dinheiro entregue recentemente aos banqueiros ladrões estabelecidos em Portugal, cuja quantia não faz sentido mencionar aqui, por ser, de todo, incompreensível para o comum dos cidadãos, mas sobre a qual se pode dizer que seria suficiente para pagar subsídios de desemprego durante os próximos vinte anos aos Parolos desempregados pelos Figurões, a uma valor de 1.500 euros mensais, com o desemprego a uma taxa de 20%);


12. as despesas do Estado de Portugal, em 2010, foram para as suas obrigações (teóricas) mencionadas numa proporção de 28% do total, e 72% oferecido ou surripiado para os «amigos» e patrões dessa gente ruim que está no mando; no Orçamento de Estado para 2011, estes valores evoluem para 21% e 79%, respectivamente (não querem lá ver que o mentiroso sou eu!!!).


Não é, portanto, de admirar que os banqueiros estejam com Sócrates (e com o Cavaco, claro!) e não dêem grande importância ao PPD e ao CDS, assim como não é de admirar que o partido herdeiro do Partido Nacional-socialista dos Trabalhadores Alemães (agora chefiado pela Ângela Merkel) apoie Sócrates, como também o apoia o presidente da Comissão Europeia (Durão Barroso, ex-militante do MRPP), enquanto o Obama (mais a sua seita) pagam para que se inventem as mais mirabolantes estórias (disfarçadas de notícias espalhadas pela comunicação social do regime) sobre a Líbia e sobre Angola (Bahrein, Iémen, Arábia Saudita, Egipto, Marrocos, Tunísia e Argélia já estão esquecidos – continuamos no meio de uma guerra entre Figurões e Parolos). Nesta mesma actualidade, começam a aparecer os resultados da política de enriquecimento das grandes corporações capitalistas internacionais, à custa da insegurança, doença e morte dos povos (dos Parolos) e do planeta, e desaparece um quarto de milhão de pessoas no Japão, além de se dar a terceira explosão atómica nas ilhas nipónicas, tremores de terra e «tsunamis».


Eu tenho uma amiga que é holandesa e veio viver para a fronteira de Portugal com a Espanha, no Algarve, porque sempre sonhou com este clima e esta gente.


Nessa conformidade, e de acordo com o seu «bom coração» (como se diz), autorizou um velhote daqui a lavrar e semear uma terra dela, que fica na mesma propriedade que ela comprou em tempos, para aí fazer (como fez) a sua casa. O velhote morreu há anos, e o neto do mesmo, que é regente agrícola (agora chamam-nos «engenheiros técnicos agrários»), veio falar com ela, trouxe-lhe um contrato para ela assinar, e ela assinou um «contrato de arrendamento rural». O dito engenheiro (que de qualquer forma o é mais que o engenheiro da Covilhã – Sócrates) necessitava desse «contrato» assinado para conseguir um chorudo subsídio à produção, que lhe foi dado pelo governo do Sócrates.


Já está! Aí vai mais dinheiro para amigos e outras gentes, à custa da corrupção, claro está!, tão só porque não se conseguem estes subsídios sem pagar comissões, na maior parte das vezes, muito elevadas. Mas o neto nada perdeu, certamente, uma vez que, sem ser aquilo que o velho lá fez, não aparece nada mais feito, estando as plantações já mortas umas, e em fase de morte outras.
Agora que se sente enganada e atraiçoada por muitos outros casos atinentes a estas gentes, diz-me, entre soluços, com as lágrimas a correrem-lhe pelas faces bonitas, habitualmente muito sorridentes: «Rogério! Vejo-me agora com sessenta anos, no meio destas complicações todas. Vocês metem-me medo! Até parece que vem sempre aí a Guarda Republicana!». E as lágrimas vão-lhe caindo, enquanto chegam as primeiras chuvas do fim da tarde, neste começo da Primavera.


Nasceste num universo vivo, azul visto do céu, bondoso visto da mata, claro visto da madrugada, sossegado, visto da noite.


Nasceste num universo palpitante, branco visto do mar, difuso, visto do nevoeiro, perfumado visto da serra, e fresco…


Nasceste num universo vulcânico, ventral visto da mãe, redondo visto do pai, imenso visto de Deus, infinito visto daqui, de mim!


Nasceste num universo florestal, líquido visto da fonte, suave visto do pólen dos pinheiros, dourado visto do fundo da mina, brilhante visto da entrada da cidade, comprido visto da penitenciária, quadrado visto do banco da escola, simétrico visto da família, tranquilo visto daqui, de mim!


[in UMA CORJA DE BANDIDOS - Crónicas a partir do 2.º mandato de Cavaco Silva - ROGÉRIO BARROSO]

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