CONTA SÓ CONTIGO
Por João Brito Sousa
Passear pelos jardins floridos proporciona-mos um agradável contacto com a natureza, que em certas circunstâncias nos prendem. Ás vezes somos capazes de estar horas e horas a contemplar o garrido das flores, o trabalho das abelhas e até a forma como o cão que chegou se posiciona.
Somos muitos mas no fundo somos poucos. Em frente às flores o nosso espírito liberta-se e expande-se, a alma inebria-se e o coração alegra-se. Até parecemos felizes nessa condição de estarmos perante a natureza.
Aparentemente sós.
Mas não estamos verdadeiramente sós porque o que a vista alcança nesse momento transporta-nos para outros mundos que não conhecemos mas gostaríamos de conhecer. Como será o mundo das flores? E o das abelhas? E o do cão que chega e zás…
Aqui não dependemos de ninguém, apenas estamos na dependência da nossa imaginação, se ela nos agradar. Se não houver essa componente do agradar não estamos bem, porque há algo que nos incomoda.
A vida é feita de coisas boas e coisas menos boas. Temos que ser nós a tornar as menos boas em boas se soubermos, claro. Todo o percurso de vida de cada um é um caso particular que temos entre mãos para resolver..
É evidente que fazemos parte de um colectivo, que nem sempre nos traz a felicidade porquanto dependemos dele e assim perdemos a liberdade. E a vida é para se viver livremente.
Ao encontrarmo-nos diante de mulheres ou de homens respectivamente, se a situação gerar dependência, avilta, quer essa dependência tenha a forma de submissão quer de autoridade. Porquê estes homens entre mim e a natureza? Viver no meio dos homens como no vagão de Saint-Etienne a Puy, é difícil.
Sobretudo nunca permitir-se desejar a amizade. Tudo se paga. Conta só contigo, diz Simone Weill.
Será?
jbritosousa@sapo.pt
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